#6 "Somos família"

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Tonya prosseguiu:

- Sei que parece estranho, mas para teres visto o R do meu irmão... isto é algo muito importante para os Oberianos. O nosso Amor Mickritiano é diferente do terrestre. Mas são semelhantes em uma coisa: é para sempre e instantâneo. Foi o que aconteceu com os nossos pais. Uma história linda, na verdade! Sempre sonhei encontrar esse tipo de amor... Mas já tenho 20 anos e não senti choque nenhum! Quando o meu irmão olhou para ti e tocou na tua mão, vi a concentração do olhar dele em ti. Ele pode muito bem estar a ser sincero quando diz que está interessado em ti. O que me preocupa um pouco... Ele não pode escolher a noiva dele! E não é frequente haver hipótese de fazer atos heroicos. Isso pode significar que ele será infeliz para o resto da vida. Temos de ir ao palácio.

- Não. - Araceli lembrou-se do que tinha dito a sua mãe.

- Porque não? Lá encontraremos mais respostas para isto. Não é normal um Guerreiro de Oberon ficar embeiçado por uma humana da Terra. Só pode haver alguma outra explicação.

- Eu entendo que podes estar preocupada com o teu irmão, mas... eu tenho direito a fazer as minhas decisões e uma delas é que não quero ir ao palácio.

- Como queiras!

- Desculpa 16.

- Chama-me Tonya! No coração do 17 somos família.

- Não digas isso. - Araceli aproximou-se e sussurrou – Alguém pode ouvir o teu nome ou pior! Posso esquecer-me e dizê-lo em voz alta... ainda sou presa ou algo pior.

Tonya riu-se com vontade e explicou:

- Os Oberianos são muito sérios com relação à sua privacidade. Podes ficar descansada! Mesmo que digas o meu nome em voz alta, ninguém o ouvirá a não ser que o saiba. Achas mesmo que chamo 17 ao meu irmão?

- Isso significa que já o chamaste milhões de vezes pelo nome próprio e eu continuo a ouvir o número 17 só porque ele não mo disse?

- Sim. Isso mesmo. - Sorriu a jovem mostrando a tatuagem do seu punho.

Agora, Araceli via perfeitamente os números "17.16" e noutra linha fina e bem desenhada o nome "Tonya" que brilhava levemente com os reflexos da luz.

- Tenho mesmo a sensação que não devia ter vindo nesta viagem. - Murmurou Araceli arrependida de ter desobedecido aos seus pais.

- Não penses assim! Vamos às compras e transformar-te numa Oberiana!

E entraram em muitas lojas.

...

Araceli olhou-se ao espelho e não havia diferença entre si mesma e Tonya. Ambas pareciam vindas do mesmo planeta. A jovem da Terra não queria acreditar na maquilhagem linda que tinha sobre si. Acentuava o seu olhar claro e ela parecia uma princesa. Os seus cabelos dourados estavam apanhados com fitas coloridas que se entrelaçavam e adornavam o penteado.

- Estás linda, Araceli. - Tonya colocou as mãos na face e deu uns pulinhos de alegria.

- Ela é linda! - Suspirou 17 ao lado da irmã.

Tonya franziu o sobrolho e Araceli quase ia morrendo ao ver que o rapaz estava ali.

- Que fazes aqui, meu terrorista? - 16 quase gritou para ele.

- Por muito que tente é quase impossível manter-me afastado. E estou a ficar sem desculpas para livrar-me do Zero.

- Voltei e trouxe o sumo de cenoura e abacaxi que pediste. - Sorriu Zero satisfeito consigo mesmo, ao ver Araceli arregalou os olhos e assobiou – Linda rapariga!

17 deu uma palmada na nuca do amigo que pareceu não entender aquela agressão:

- Que fiz eu?

O rapaz dos olhos impressionantes, pegou no sumo de Zero e deu-o a Araceli:

- Aqui tens. Bebe!

- Isso é uma ordem? - Araceli não conseguia evitar demonstrar que o rapaz a irritava.

- Não. É um presente que te dei... Como visitante ao nosso estimado planeta verde, tens de aceitar e agradecer... com um beijo.

- Um beijo? - Araceli sorriu.

- Sim. Um beijo na bochecha. Pode ser na boca se quiseres! - 17 piscou o olho.

Tonya revirou os olhos e sorriu para Araceli. Esta, bebeu um pouco do sumo e dirigiu-se a Zero:

- Estava muito bom, fresco e agradável. Obrigada.

Beijou-o na bochecha e o rapaz ficou vermelho como um tomate. 17 franziu o sobrolho:

- Fui eu que te dei o sumo.

- Foi o Zero que o foi buscar. Logo, ele teve o trabalho todo! Já agradeci ao Oberiano que me deu o presente.

- Eu dei-te o presente! Não ele. - 17 estava cada vez mais arreliado.

- Eu fui buscar o sumo para o 17... Logo, o meu presente foi para ele. Depois, ele deu-o a ti... - Zero defendeu o amigo.

- Queres assim tanto um beijo? - Perguntou Araceli para 17.

- Obviamente. - Sorriu sem tirar os olhos da boca dela.

- Dou-te um beijo com uma condição. - Anunciou ela – Não me podes enervar durante o tempo que estiver no planeta Oberon. No fim da semana, antes de ir-me embora, se cumprires com o acordo, beijo-te.

- Onde eu quiser? - Sorriu ele ao morder o lábio inferior.

- Não. Eu escolho o local a ser beijado. É pegar ou largar!

17 pensou um pouco e suspirou:

- Certo. Eu quero mesmo um beijo... Não me interessa onde. Prometo comportar-me.

Ele passou a mão pelos cabelos dourados e elogiou:

- Permite-me dizer que estás divinamente bonita. A maquilhagem ficou perfeita... Mas... gosto de ti mais ao natural. Não precisas dessas coisas ridículas de miúda!

Araceli agradeceu o elogio e deu o braço a Tonya para saírem dali. Contra a vontade da rapariga, 17 seguiu-as o tempo todo, mas raramente falava.

*****

Será que 17.17 vai portar-se bem e cumprir o acordo???

17.17 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora