Araceli fez a mala cuidadosamente e ao sentir alguém bater à porta, escondeu-a debaixo da cama.
- Quem é?
- Sou eu, o 17.
- Não estou vestida. Vai-te embora. Vou dormir.
Araceli deixou de o ouvir do outro lado da porta e suspirou tristemente. Olhou para o espelho e achou que estava ridícula com aquele pijama com ursinhos bebés. A janela abriu-se e 17 entrou.
- Porque entraste no quarto quando eu disse que não estava vestida? - Ralhou ela.
- Para mim não há problema haver algum nudismo. - Sorriu ele.
Ela atirou-lhe a almofada e virou-lhe as costas:
- Não quero ver-te 17. Vai embora.
Ele sentou-se na cama dela e solucionou com alguma diversão:
- Nesse caso, fico aqui na tua cama e dormes encostada à parede. Tenho a certeza que ficarás confortável.
Rylan deitou-se na cama da jovem e continuou a observar Araceli com algum desafio no olhar. Ela virou-se para ele:
- A missão correu bem?
Ele apoiou-se no cotovelo:
- Poderia ter corrido melhor. Mas... voltámos inteiros.
- Fico feliz. Teria saudades do Zero se alguma coisa lhe acontecesse.
- E de mim? Terias saudades?
- Nem por isso. - Sorriu ela.
- Finalmente sorriste! Céus. Estava a ficar preocupado. - Confessou ele saindo da cama e aproximando-se da rapariga – Estás preocupada com o teu pai?
Araceli mirou o chão e não respondeu. Ele segurou-a levemente na face e perguntou:
- Que te disse o rei?
- Nada. - Respondeu sem conseguir desviar o olhar do dele.
- Então porque estás a fazer as malas?
Araceli odiava o facto de Rylan ser tão observador e perspicaz, o treino de Capitão tinha-o tornado praticamente invencível no que tocava a passar pelas suas mentiras.
- Estou a fazer as malas porque tenho de ir para casa depois de amanhã. Já tínhamos percebido que isso ia acontecer.
- Eu vou buscar-te à Terra. Juro-te.
- Quando isso acontecer, provavelmente já terei casado.
- Eu desapareço com o teu marido. - Sorriu ele de forma assustadora.
- Isso é crime.
- Em Oberon chamamos a isso, um acidente de percurso. - Mentiu ele.
- Ainda estás a tentar fazer-me rir?
- Sim. Quando sorris... fico totalmente...
Araceli interrompeu-o:
- 17 não podemos estar juntos. Temos de ter bem em mente que tens um voto para com os dois planetas e é importante não ficares desconcentrado. Comigo... sempre estarás desconcentrado. Se estiver junto a ti, vais sempre pensar em mim e não nas missões nem nos teus homens. Tens de afastar-te.
- Estás a acabar comigo sem nunca termos namorado?
- Sim. - Araceli sentia uma dor violenta no peito e quase queria chorar.
Rylan segurou-a novamente junto a si:
- Estás a mentir-me. Eu sei ler a tua expressão quando dizes a verdade. Os teus olhos falam comigo e sei se mentes ou não. Queres voltar a explicar-me o que te disse o rei?
- Ele disse que és um rapaz ótimo. O melhor da família. O filho favorito. E que se casasse contigo seria a mulher mais influente de todo o planeta, porque és príncipe.
- Ele disse isso?
- Sim.
17 percebeu que ela não estava a mentir e pareceu zangado:
- Não acredito que ele disse-te isso. Ele sabe que odeio que se interessem por mim devido à minha família ou posição social. Que disse mais ele? Ouvi dizer que ele quis fazer um acordo!
Araceli estava entre a espada e a parede. Teria Tonya falado com Rylan sobre o assunto? Que diria ela agora?
- Ele prometeu deixar o meu pai em liberdade se...
- Se?
- Se eu voltar à Terra.
- Só isso? - Ele parecia desconfiado.
- Foi o que ele disse. - Araceli afastou-se de Rylan e abriu a janela – Vai embora. Tens de dormir e eu também.
- Okay. - Ele foi até à janela e antes de sair voltou-se para a jovem – Mas antes de ir... quero um beijo.
- Não vais tê-lo. - Araceli franziu o sobrolho.
- Vou sim. Caso contrário, não vamos dormir... Vamos ter sonhos estranhos em conjunto.
- Muito bem. Só um toque de lábios e vais dormir.
- E vou dormir. - Sorriu ele.
Araceli corou um pouco ao tocar levemente nos lábios dele e afastou-se:
- Boa noite.
Rylan agarrou-a no pulso e segurou-a junto a si:
- Quero outro.
- Disseste que ias dormir depois do toque de lábios. - Zangou-se ela ao tentar soltar-se.
- Eu disse que ia dormir. Não especifiquei quando iria fazê-lo. - Sorriu ele sedutoramente.
- Na minha terra, sou menor de idade. Posso mandar prender-te.
- Pffff. Em Oberon és adulta. Além disso, segundo os registos de nascimento, vais fazer 18 anos em dois meses. Temos exatamente a mesma idade. Não é crime.
Roçou o nariz amorosamente no dela e Araceli pareceu tremer:
- Odeio-te.
- Odeia-me o que quiseres, pois vou amar-te para sempre.
Olharam-se nos olhos, apaixonados e Rylan beijou levemente os lábios dela de forma vagarosa. Ao largá-la, ela ainda estava de olhos fechados e ele riu-se:
- Foi bom, hein?
- Cala-te. Vai embora e não me voltes a zangar.
- Ainda está sobre a mesa o beijo de despedida? - Sorriu ele de novo.
- Não. - Fechou a porta da janela, trancou-a e fechou as cortinas.
Deitou-se na sua cama que ainda tinha o perfume dele e tocou nos seus lábios. Sentia calor e sonhou um pouco acordada com o seu Guerreiro Oberiano. Acabou por adormecer profundamente.
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17.17 (Concluído)
RomanceAraceli Bartholy adora as histórias que o pai conta sobre um planeta diferente do seu. Tem um amor incomum pela história da princesa de Mickri e um Guerreiro de Oberon. Ao crescer, surge a oportunidade de fazer uma viagem ao planeta dos seus sonhos...