#15 Impossível Enganar 17

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Araceli fez a mala cuidadosamente e ao sentir alguém bater à porta, escondeu-a debaixo da cama.

- Quem é?

- Sou eu, o 17.

- Não estou vestida. Vai-te embora. Vou dormir.

Araceli deixou de o ouvir do outro lado da porta e suspirou tristemente. Olhou para o espelho e achou que estava ridícula com aquele pijama com ursinhos bebés. A janela abriu-se e 17 entrou.

- Porque entraste no quarto quando eu disse que não estava vestida? - Ralhou ela.

- Para mim não há problema haver algum nudismo. - Sorriu ele.

Ela atirou-lhe a almofada e virou-lhe as costas:

- Não quero ver-te 17. Vai embora.

Ele sentou-se na cama dela e solucionou com alguma diversão:

- Nesse caso, fico aqui na tua cama e dormes encostada à parede. Tenho a certeza que ficarás confortável.

Rylan deitou-se na cama da jovem e continuou a observar Araceli com algum desafio no olhar. Ela virou-se para ele:

- A missão correu bem?

Ele apoiou-se no cotovelo:

- Poderia ter corrido melhor. Mas... voltámos inteiros.

- Fico feliz. Teria saudades do Zero se alguma coisa lhe acontecesse.

- E de mim? Terias saudades?

- Nem por isso. - Sorriu ela.

- Finalmente sorriste! Céus. Estava a ficar preocupado. - Confessou ele saindo da cama e aproximando-se da rapariga – Estás preocupada com o teu pai?

Araceli mirou o chão e não respondeu. Ele segurou-a levemente na face e perguntou:

- Que te disse o rei?

- Nada. - Respondeu sem conseguir desviar o olhar do dele.

- Então porque estás a fazer as malas?

Araceli odiava o facto de Rylan ser tão observador e perspicaz, o treino de Capitão tinha-o tornado praticamente invencível no que tocava a passar pelas suas mentiras.

- Estou a fazer as malas porque tenho de ir para casa depois de amanhã. Já tínhamos percebido que isso ia acontecer.

- Eu vou buscar-te à Terra. Juro-te.

- Quando isso acontecer, provavelmente já terei casado.

- Eu desapareço com o teu marido. - Sorriu ele de forma assustadora.

- Isso é crime.

- Em Oberon chamamos a isso, um acidente de percurso. - Mentiu ele.

- Ainda estás a tentar fazer-me rir?

- Sim. Quando sorris... fico totalmente...

Araceli interrompeu-o:

- 17 não podemos estar juntos. Temos de ter bem em mente que tens um voto para com os dois planetas e é importante não ficares desconcentrado. Comigo... sempre estarás desconcentrado. Se estiver junto a ti, vais sempre pensar em mim e não nas missões nem nos teus homens. Tens de afastar-te.

- Estás a acabar comigo sem nunca termos namorado?

- Sim. - Araceli sentia uma dor violenta no peito e quase queria chorar.

Rylan segurou-a novamente junto a si:

- Estás a mentir-me. Eu sei ler a tua expressão quando dizes a verdade. Os teus olhos falam comigo e sei se mentes ou não. Queres voltar a explicar-me o que te disse o rei?

- Ele disse que és um rapaz ótimo. O melhor da família. O filho favorito. E que se casasse contigo seria a mulher mais influente de todo o planeta, porque és príncipe.

- Ele disse isso?

- Sim.

17 percebeu que ela não estava a mentir e pareceu zangado:

- Não acredito que ele disse-te isso. Ele sabe que odeio que se interessem por mim devido à minha família ou posição social. Que disse mais ele? Ouvi dizer que ele quis fazer um acordo!

Araceli estava entre a espada e a parede. Teria Tonya falado com Rylan sobre o assunto? Que diria ela agora?

- Ele prometeu deixar o meu pai em liberdade se...

- Se?

- Se eu voltar à Terra.

- Só isso? - Ele parecia desconfiado.

- Foi o que ele disse. - Araceli afastou-se de Rylan e abriu a janela – Vai embora. Tens de dormir e eu também.

- Okay. - Ele foi até à janela e antes de sair voltou-se para a jovem – Mas antes de ir... quero um beijo.

- Não vais tê-lo. - Araceli franziu o sobrolho.

- Vou sim. Caso contrário, não vamos dormir... Vamos ter sonhos estranhos em conjunto.

- Muito bem. Só um toque de lábios e vais dormir.

- E vou dormir. - Sorriu ele.

Araceli corou um pouco ao tocar levemente nos lábios dele e afastou-se:

- Boa noite.

Rylan agarrou-a no pulso e segurou-a junto a si:

- Quero outro.

- Disseste que ias dormir depois do toque de lábios. - Zangou-se ela ao tentar soltar-se.

- Eu disse que ia dormir. Não especifiquei quando iria fazê-lo. - Sorriu ele sedutoramente.

- Na minha terra, sou menor de idade. Posso mandar prender-te.

- Pffff. Em Oberon és adulta. Além disso, segundo os registos de nascimento, vais fazer 18 anos em dois meses. Temos exatamente a mesma idade. Não é crime.

Roçou o nariz amorosamente no dela e Araceli pareceu tremer:

- Odeio-te.

- Odeia-me o que quiseres, pois vou amar-te para sempre.

Olharam-se nos olhos, apaixonados e Rylan beijou levemente os lábios dela de forma vagarosa. Ao largá-la, ela ainda estava de olhos fechados e ele riu-se:

- Foi bom, hein?

- Cala-te. Vai embora e não me voltes a zangar.

- Ainda está sobre a mesa o beijo de despedida? - Sorriu ele de novo.

- Não. - Fechou a porta da janela, trancou-a e fechou as cortinas.

Deitou-se na sua cama que ainda tinha o perfume dele e tocou nos seus lábios. Sentia calor e sonhou um pouco acordada com o seu Guerreiro Oberiano. Acabou por adormecer profundamente.

17.17 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora