Capítulo 33

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Enquanto esperávamos para sermos atendidos Ji Sook apenas me dirigia alguns olhares de quem queria me perguntar algo, já estava desagradável as mulheres fofocando e me olhando atravessado. As mulheres não esquecem as coisas tão rápido quanto os homens, talvez por que eles estão mais ocupados ou apenas por que as mulheres se importam mais com esse tipo de coisa do que os homens. Assim que fui chamada as mulheres fizeram caretas e começaram a cochichar ainda mais, ate por que agora elas sabiam que eu estava gravida e isso significava ter mais problemas do que antes e muitos outros comentários, mas logo tudo seria abafado por conta do escândalo de Rachel e seu pai violento e estuprador. Entrei na sala e a medica começou a me atender, logo ela já estava passando um gel sobre meu ventre e em seguida um aparelho que nos permitia ouvir e ver o nosso bebe.

- ainda não da para saber o sexo, mas o bebe esta saudável. O batimento esta correto e você só precisa continuar se cuidando Angelike. – disse a medica sorrindo.

- eu vou continuar me cuidando sim, obrigada doutora. – disse sorrindo, ela fez mais alguns exames para ter certeza de que estaria tudo bem e depois de me receitar mais algumas vitaminas e eu pude retornar para casa acompanhada de Ji Sook. - ate quando você pretende ficar em silencio Ji Sook? Ainda esta pensando na Rachel? Ainda gosta tanto assim dela para estar agindo assim? – perguntei chateada.

- eu não gosto da Rachel dessa forma, apenas sinto pena. Jamais imaginei que o pai dela fosse capaz de fazer tal coisa, você não pensa em como ela deve estar se sentindo agora? Provavelmente nem quer sair de casa para não ser questionada ou ainda mais humilhada. Quem expos a vida dela assim não tem coração. – resmungou, suspirei. Ele esta jogando verde para colher maduro. Ele não me engana eu não vou cair nessa.

- talvez a pessoa que fez isso apenas quis mostrar a verdade. Ate por que Rachel nunca foi uma pessoa boa. – respondi.

- Angelike você não tem nada a ver com isso não é? Você não é a responsável pelo vídeo e tudo o que estão falando de Rachel? – e a pergunta que eu já imaginava ele fez.

- por que esta suspeitando de mim? Rachel é uma víbora, acha mesmo que eu sou a única que ela tentou prejudicar? Com toda a certeza mais gente deve estar a odiando. Mas se não acredita mim o problema é seu Ji Sook. – respondi, o carro parou e eu sai o deixando para trás. Ji Sook estava mais interessado com o bem estar de Rachel do que o meu e de seu filho. Entrei em casa e fui direto para o quarto, Ji Sook demoraria para subir e isso me daria alguns minutos de paz, era isso o que achava ate ter o meu celular vibrando e aparecer o numero de Rachel a atendi.

- você esta feliz? Conseguiu arruinar de vez a minha vida. – a voz dela era chorosa me fazendo suspirar.

- Rachel graças a mim você se livrou de um pai que continuaria a lhe bater e a te estuprar. Era isso que queria para a sua vida? Continuar no inferno enquanto seu pai estava feliz por se aproveitar da filha e ser bem sucedido nos negócios? – perguntei calma.

- não, mas as pessoas não precisavam saber. Todas estão me julgando com os olhos, as palavras machucam Angelike mais do que eu imaginava. Não sou capaz de aguentar isso, não por mais tempo. – sua voz soou desesperada me despertando um instinto de proteção.

- Rachel você não vai fazer nenhuma besteira não é? Lidar com as pessoas se torna fácil depois de um tempo. Vamos nos encontrar e assim ajudamos uma à outra. – por que diabos eu estava querendo ajudar alguém que tentou me prejudicar? Por que ligo para o que vai acontecer para ela? Me sinto culpada e responsável por ela. Que droga.

- minha vida nunca teve um sentido Angelike. Sempre tentei fazer com que as pessoas a meu redor sofressem para que eu conseguisse suportar a do que eu sentia. – Agora as ultimas noticias. – eu podia ouvir com perfeição a voz ao fundo e já podia imaginar onde elas estava, peguei meu casaco e desci as escadas passando por Ji Sook sem o encarar e o ouvindo me chamar.

- isso é suportável. Não faça nada impensado, eu já estou chegando. – disse abrindo a porta, Rachel desligou e eu me desesperei mais ainda.

Se essa maluca se suicidar eu nunca vou conseguir me perdoar. Entrei no carro em que o motorista iria guardar atraindo sua atenção, o mandei seguir para o centro da cidade exatamente onde tinha um telão onde as noticias ocorriam o mais rápido possível, ao chegar eu desci sem dizer nada e olhei para os prédios, girei e acabei vendo uma silhueta fora de foco sobre o prédio a poucos metros do telão, corri para dentro ignorando os protestos do porteiro e segui pelas escadas. Ainda me pergunto por que fazem prédios tão grande, desse jeito quando eu chegar lá ela já vai ter pulado. Meu ventre já doía devido ao esforço que estava fazendo mais não poderia parar, não ate chegar a Rachel. Vinte e três andares já havia conseguido subir mais ainda faltava um pouco, mais alguns andares e eu finalmente estava abrindo a porta que dava acesso ao telhado e avistando Rachel sobre o parapeito pronta para pular.

- RACHEL. – gritei atraindo seu olhar. – você não deve e não vai pular. Você quer que todo o seu sofrimento ate agora seja em vão? Você é a única que pode provar que seu pai é um estuprador e de que ele fez muitas coisas ruins com você. Não vai ser somente os vídeos que farão seu pai pagar pelo que lhe fez, pense bem, ele pode fazer o que fez com você a outras garotas que não podem e não sabem se defender. Desça dai e vamos conversa. – disse me aproximando e colocando a mão sobre meu ventre, senti algumas fisgadas e tinha de ser cautelosa.

- você não passou pelo que eu passei. Você apenas aceitou dinheiro para se dar bem na vida e eu? Eu fui o brinquedo do meu pai por anos, minha mãe nunca me ajudou, ela fingia não ver nada. Sabe o quanto estou machucada? O quanto me dói que ninguém ligue para mim? Para o que eu passei? Você Angelike mesmo aceitando dinheiro conseguiu o amor de Ji Sook, você é feliz e pode desfrutar do amor de vocês e dessa criança que espera mais e eu? Não tenho nada a me apegar, não tenho ninguém. – disse chorando me aproximei mais e a puxei a fazendo cair comigo no chão.

- você tem amigos. Você é a vitima e não a culpada pelo que lhe aconteceu, não seja idiota. Depois que seu pai for condenado ou punido de forma adequada você pode recomeçar, você ainda é uma mulher rica e importante entre a sociedade, às pessoas logo esquecerão sobre você. Assim como estão esquecendo sobre mim. – disse me sentando e a vendo me imitar, senti outra fisgada e apertei meu ventre tentando dissipar um pouco a dor.

- você acha? Acha mesmo que eles vão parar de me olhar com desprezo, como se eu tivesse cometido um erro enorme? – perguntou mais próxima.

- é claro. Pode levar algum tempo mais para alguém que suportou ser estuprada e agredida, suportar esses olhares e alguns comentários idiotas será fichinha. Afinal sua maior qualidade é não ligar para a opinião alheia. – disse sorrindo.

- obrigada. – disse chorando, sorri mais este sumiu assim que a dor aumentou, fechei os olhos e gemi de dor acabando por deitar novamente. – Angelike você esta bem? O que você tem? – perguntou me sacudindo eu já não conseguia aguentar a dor e nem mesmo responde-la. – meu deus você esta sangrando. – depois desta frase eu não vi ou ouvi mais nada apenas sentia a dor me consumir.

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