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Boa leitura para vocês e obrigada por lerem. Não sabem o quanto isso significa para mim.

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C a p í t u l o quarenta e quatro

Molho as minhas mãos na água fria antes de levar ambas à minha face de modo a refrescá-la. Passo uma toalha pela pele molhada antes de encarar a rapariga no espelho. Olhos pesados e cansados encaram-me de volta. Os meus lábios estão secos, as minhas bochechas rosadas e o meu cabelo engelhado.

Abro a porta da casa de banho e como esperava, o Harry está sentado no corredor. As suas mãos estão cruzadas no topo dos seus joelhos e o seu indicador traça o seu lábio inferior sistematicamente. A sua face, tal como a minha, encontra-se rosada e observo a forma como a sua maçã-de-adão sobe e desce na sua garganta, antes de dar a minha presença como conhecida.

Ele olha para mim de imediato.

"Emily, eu posso explicar..." Avisa-me e amarra no meu pulso.

Assinto devagar e deixo-o guiar-me até ao seu quarto. Consigo ouvir vozes lá em baixo e sei que quem quer que seja, está a comentar o na parede. O ar destrutivo que o simples buraco dá à sala relembra-me o Harry e a maneira como tudo nele está a destruir tudo o que até agora eu tinha idealizado para mim – não só a minha forma de pensar como maior parte dos meus planos. Incluindo eu mesma.

"Foste tu que esmurraçaste a parede?" Questiono num tom de voz cauteloso e fecho a porta atrás de mim, assim que entramos no quarto. Espero que a resposta seja negativa mas assim que o seu suspiro ecoa pelo quarto, sei que não.

O Harry passa a sua mão pela sua nuca, embaraçado.

"O meu temperamento não é dos melhores." Responde-me vagamente e encolhe os ombros. Os seus grandes olhos verdes encontram os meus e ele suspira mais uma vez, "Anda cá."

O Harry abre os braços e espera que eu caminhe para ele, mas eu não o faço mais uma vez. De cada vez que ele os abre, o seu conforto soa ainda mais apelativo. É absurda a forma como o Harry é o único que me pode reconfortar, mesmo quando é ele mesmo a magoar-me. Evito o seu olhar e começo a arrancar as minhas cutículas – que, desde há muito tempo, é um habituo nervoso.

Oiço-o suspirar e resmungar por baixo da sua respiração.

"Disseste que ias explicar." Relembro-o. Está a fazer-se tarde e estou tão cansada, ainda por cima amanhã a minha aula é logo cedo pela manhã.

"Que explicação é que posso dar em relação a isto?" Ele abre os braços e bufa, "Só não quero que vás embora, Em." Admite, as suas mãos passam pelos seus cabelos e ele encara-me, um olhar de culpa preenche os seus olhos intensos. Abano a cabeça negativamente e ele continua, "A merda já está feita, nenhuma desculpa servirá para apaziguar o teu ponto de vista em relação a isto. Desculpa, Emily. Se pudesse voltar atrás e contar-te, eu faria isso. Mas é como tu dizes, eu não controlo o tempo."

"Pois não." Concordo.

"Queria ser eu a contar-te desta vez, para variar." Diz, o seu tom de voz é tão baixo comparado ao seu tom de voz normal forte e ponderado. Ele sabe que está a pisar uma linha muito fina e que é preciso calma para esta não rebentar. Assinto devagar e ele senta-se na ponta da cama, "Foda-se, Em. Eu mesmo estou cansado. Não vês isso?"

Encaro-o por baixo das minhas pestanas. A sua mão está levantada no ar em questão e o seu olhar queima o meu. O seu olhar implora por algum tipo de resposta mas eu não tenho nenhuma para lhe dar. A verdade é que se ele tivesse realmente cansado, ele teria evitado toda esta situação desnecessária. Mas mais uma vez, aqui estou eu e o Harry a discutir por algo tão simples.

Uncontrollable [A ser editada]Onde histórias criam vida. Descubra agora