Capítulo 72

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"Haz, estamos quase?" Jess pergunta pela centésima vez na última meia hora. Um sorriso divertido aparece nos meus lábios quando inclino a cabeça para o lado e apanho o Harry a revirar os olhos. Dou um pequeno aperto na sua mão, que está entrelaçada com a minha em cima do meu colo. O rapaz olha para mim por breves segundos antes do seu olhar desviar-se para as horas que o relógio digital do carro marca.

"Faltam apenas uma hora, princesa." Responde-lhe num timbre de voz calmo, sereno e repleto de adoração. A Jess dormiu durante quase toda a viajem dando bastante privacidade a mim e ao Harry para discutirmos o nosso futuro. Ambos estamos a estudar e mesmo faltando ao Harry apenas um ano, ainda assim continuam a ser numerosos os dias que não poderíamos estar a cem por cento com a pequena e adorável menina.

"Posso falar com o Louis." O Harry sugerira anteriormente, quando a sua irmã ainda dormia e quando ainda faltavam várias horas para chegarmos ao nosso destino. Essa é uma das escassas opções que temos - falar com o Louis, com a Sra. Tomlinson e ainda, com a Maria, que é a funcionária com quem eu tenho mais proximidade da mansão. Eles só tinham que ficar com ela por uma horas enquanto eu e o Harry não chegávamos da universidade, depois nós iriamos busca-la e levá-la-íamos connosco, para casa.

A Jess tem quase oito anos, e a primeira coisa que faremos quando chegarmos a Nova Iorque será procurar uma escola para ela. Uma escola que ela goste, que a ajude a adaptar-se, que compreenda a nossa situação e que, se for possível, seja o mais perto possível da mansão dos Tomlinson. Seria perfeito encontrar uma escola primária com todas essas condições.

Seria perfeito que tudo corresse perfeitamente a partir do momento em que puséssemos os nossos pés nos arredores de Nova Iorque.

"E então?" O Harry questiona acordando-me dos meus pensamentos, a sua mão direita larga a minha por alguns segundos de modo a conseguir baixar o volume do rádio. Suspiro e volto a minha atenção para o meu telemóvel, que é segurado agora por ambas as minhas mãos.

"T2, fica a dez quilómetros da NYU e a quinze da casa dos pais do Louis." Informo-o lendo a informação do apartamento cuja renda é a mais barata. "Ainda assim são mil e trezentos dólares por mês." Suspiro.

O Harry mostra-se pensativo durante os próximos minutos, "E as condições?" Questiona.

"Excelentes." Respondo, "Duas casas de banho - uma no quarto principal e outra no corredor geral, uma cozinha espaçosa, sala de estar e dispensa." Conto-lhe, aproveitando para reler a informação sobre o apartamento mais uma vez. As imagens do interior mostram uma casa acolhedora e fantástica, no entanto não sei como é que eu e o Harry conseguiremos suportar o apartamento porque ambos precisamos de pagar as propinas da universidade, e o resto do dinheiro que nos sobra é pouco.

A Jess continua a cantarolar, sem prestar atenção às duas pessoas preocupadas com quem ela está a partilhar o carro. O Harry entrelaça a sua mão com a minha mais uma vez, os seus suspiros pesados preenchem o carro e o seu olhar perdido encara a autoestrada à nossa frente. Em meia hora estaremos em Nova Iorque e ainda não temos a certeza se conseguiremos dar as melhores condições à pequena Jess.

"Eu vou falar com o meu pai." O meu homem decide.

Encaro-o seriamente, testando as suas palavras sinceras na minha mente. O Harry já me falou várias vezes no seu progenitor e em como foi ele o culpado do Harry ter procurado ajuda no Tom e em todo o seu grupo para conseguir ajudar a mãe e a sua irmã. Pela lógica, o pai do Harry é o culpado da maneira complicada do Harry ser, ele é culpado dos pesadelos que o Harry tem algumas vezes por semana, ele é culpado do rapto da sua ex-mulher e da sua filha. Mas ele não é culpado ao mesmo tempo.

Talvez o pai do meu menino apenas quisesse seguir em frente - como o meu pai quis. Talvez a intenção dele não era deixar a sua família sem nada, talvez ele sente-se culpado por tudo o que aconteceu. Talvez, mas só talvez, ele gostava de voltar atrás no tempo. O pai do Harry não fez uma má escolha, mas não cuidou da sua família como devia ter cuidado.

Uncontrollable [A ser editada]Onde histórias criam vida. Descubra agora