25

10.4K 515 12
                                    

Muita boa leitura.

-

C a p í t u l o vinte e cinco

Subo as escadas para o piso onde se encontra o meu dormitório enquanto seguro a toalha firmemente à volta do meu corpo, pequenas poças de água são deixadas pelo chão devido aos meus pés molhados protegidos por chinelos de dedo. Raparigas a segurar as suas toalhas passam por mim e estou satisfeita por perceber uma certa irritação na expressão facial delas. É bom saber que elas também não gostam de chuveiros públicos.

Abro a porta do meu quarto e vejo que a Ronnie ainda está a dormir, o lençol a tapar metade da sua cara e os seus olhos vermelhos mostrando a quantidade de lágrimas que ela largou ontem. Suspiro e fecho a porta tentando fazer o mínimo barulho possível. Ela precisa de se recompor. No momento em que eu vi a Ronnie pela primeira vez, nunca pensei que o seu sorriso e o seu cabelo despenteado enquanto ela tropeçava nos seus pés estariam a esconder a rapariga de coração partido que ela realmente é.

Abro a porta do armário assim que tenho a minha roupa interior vestida e procuro por peças simples para vestir hoje, num dia normal na universidade. Retiro umas calças azul-marinho justas e uma t-shirt branca larga quase transparente. Nunca me achei bonita e sensual, ou a típica rapariga que é o ideal dos rapazes; mas a verdade é que considero-me minimamente bonita às vezes e sei que com mais um pouco de confiança em mim mesma, eu irei ser capaz de olhar para o espelho e gostar daquilo que vejo.

Puxo as calças pelas minhas pernas e calço imediatamente as minhas sapatilhas brancas. Através da minha camisola podem-se ver reflexos do tecido azul-marinho do meu soutien mas decido ignorar a minha vontade de retirar a peça do meu corpo e substituí-la por algo mais escuro.

Coloco o meu telemóvel na minha bolsa e vejo que tenho vinte minutos para chegar à universidade e passar pelo bar para o meu café matinal. Levo dez minutos no meu caminho para a universidade e subo as escadas da entrada praticamente a correr para ter a certeza que tenho tempo para relaxar um bocado no café antes de iniciar mais um dia de aulas. Começo a pensar no Harry e em como é que ele estará mas abano negativamente a cabeça decidindo que hoje é o meu dia.

Hoje é o dia em que nada de mal me pode acontecer, nada me irá deitar abaixo e que nada me pode deixar ainda mais miserável do que já estou. Hoje é o dia em que o Harry vai pedir-me desculpa pelas suas atitudes e que vai tocar com a sua mão na minha e sorrir-me timidamente. Hoje vai ser o dia em que o Harry vai deixar de lado o seu orgulho e vai dizer que precisa de mim, tal como eu tenho vindo a perceber que preciso dele. Hoje é o dia em que o Harry vai provocar-me divertidamente na aula de literatura e que vai deixar-me com o maior sorriso idiota do mundo na cara. Hoje vai ser um dia positivo, tem de ser, quero que seja.

Por outro lado, não o quero ver hoje nem nos próximos dias. Preciso de continuar a minha distância para perceber o que sinto e até onde quero levar os meus sentimentos – com o Harry por perto nada faz sentido e tudo faz sentido ao mesmo tempo. Ele deixa-me confusa, não só por causa das suas atitudes enigmáticas mas também confusa comigo mesma.

"Hum, acho que pode ser.." Olho através do vidro do bar enquanto mordo o lábio, indecisa. A mulher atrás do balcão do bar olha entre os donuts e as mistas, "Café e um donut, por favor." Decido.

São oito horas em ponto, daqui a vinte minutos começa a nossa primeira aula. Enquanto acabo o meu donut vejo uma figura alta de cabelos encaracolados castanhos-escuros a entrar rapidamente no bar, um casaco de ganga é segurado pela sua grande mão e as suas calças pretas e justas a realçarem as suas pernas. O meu coração para e eu engasgo-me no café causando a sua atenção.

Uncontrollable [A ser editada]Onde histórias criam vida. Descubra agora