- Nicole... A-m... É asma. - Ele disse apavorado, ao colocá-la sentada no sofá.
Eu me desesperei também. Quando vi. ela se debatendo para respirar, entrei em Pânico. Mas ai respirei fundo e me ajoelhei diante do sofá segurando sua mão. Ela estava agora deitada no colo dele.
- Cade ela filha? Cade?
Ela sugava o ar, seu peito subia e descia muito rápido. Aquilo era atordoante. Os seus olhos arregalados foram de encontro a mala, que estava ao lado do sofá, perto de Luan. Rapidamente ele levou as mãos até lá, e abriu o bolso pequeno. Parecia saber o que estava fazendo.
- Que Droga! Cade? - Procurava desesperado, por todos os bolsos daquela mala.
- O que tá procurando? - Lhe olhava em alerta. Segurando a mão dela, e acariciando seu peito.
Não respondeu, puxou a mão com algo segurando. Era a bomba... Bombinha para quem tem Asma. Ele logo colocou sob os lábios dela e apertou. Fez Aquilo 3 vezes seguidas, com intervalo de 10 segundos mais ou menos, para cada aplicação. Vi a melhora da Nicole aos poucos, voltando ao normal.
- Só mais uma vez. - Dei atencioso, e fez o mesmo procedimento.
Suspirei aliviada e fechei os olhos. Quando abri, vi ela com os olhos assustados me olhando.
- Ela tem asma?
- Tem. E você deveria saber. - Ele disse Áspero, afagando o cabelo dela.
- Mas, ela não me disse nada. - Falei, acariciando sua mão. - Por que você não me disse Nicole?
- Isso não importa S/n! Eu sei lhe dar com a minha filha.
Eu não falei mais nada. Pelo menos ele deixou ela voltar para a minha cama, até pegar no sono novamente. Ela estava muito nervosa e isso ele conseguiu levar em consideração. Voltamos para sala um encarando o outro. Como um duelo, uma briga. Lhe deixei lá e fui no quarto dos bebes. Pude ver que estava tudo bem com os dois, eles dormias calmos. Logo tornei a sala.
- Luan, eu não quero o mal da Nicole, você não enxerga isso? - Tava me sentindo tão mal com tudo aquilo e ele parecia não ver.
- Você pode até não querer o mal dela. Mas mãe? mãe.. Mãe... você não é não. E ah... Não se incomode, se você quiser que eu leve os bebes eu levo com todo o prazer. Você não muda
S/n, e nunca vai mudar. Foi um erro tentar fazer você crescer mesmo sabendo que você não muda.... É a copia fiel da sua mãe!
Eu? Copia fiel da minha mãe? Ele estava louco. O Luan sempre jogava na minha cara coisas a respeito da minha mãe. Sempre faz questão de me igualar a ela. O que ele sabia dela? Nada.
- Não fala da minha mãe.
- Por que não S/n? Vai defender a mulher que matou seu pai de desgosto, te batia mais que tudo, te desprezava e te fazia chorar pelos cantos? Você acha que eu não lembro, quando a Sua mãe iria visitar a Minha mãe. Você entrava muda e saia calada. - Suspirou fundo, e eu lhe olhava sem pestanejar. - E quando brincávamos no jardim, você falava da surra que tinha levado na noite anterior, por nada. Pois bem.... Defenda até a morte.
- Você está maluco... - Desviei o olhar dele, ficando sem jeito.
- Maluco? Ah, agora eu sou maluco. - Juntou as mãos. - Hoje eu sei que foi melhor mesmo você ter desprezado a Nicole. Quem sabe se fosse diferente, eu já teria morrido e hoje ela estivesse levando surras e mais surras.
- Você não sabe o que está falando. - Lhe olhei incrédula. - Nunca faria isso com a Nicole.
- Entendo ´porque você é assim. Deslocada da realidade, acha que tudo gira em torno de você. Sempre teve os homens que queria, aos teus pés... Inclusive eu. É uma fuga não é? - O tom dele era calmo, porém seco e frio. - Sempre teve tudo que quis... Depois dos 18 claro, antes disso sua vida era um inferno.
- Para. - Senti meus lábios trémulos e meus olhos cintilarem por causa das lágrimas.
- Lembra quando o Sr. (Sobrenome do seu pai) morreu? No dia seguinte a Sra. (Sobrenome da sua mãe) estava no salão de beleza junto com a filhinha amada, se arrumando e muito feliz, porque a boneca dominada dela iria jogar. Só era o que ela esperava de você... O tênis.
Ele estava jogando tudo na minha. A morte do meu pai, os maus tratos da minha mãe. A minha vida antes de casar com ele. Tudo que eu lutei noite e dia para esquecer, ele estava colocando tudo em pratos limpos. Quando percebi, já estava chorando.Narrador.
S/n estava se magoando com cada palavra de Luan. Ele estava lhe fazendo lembrar de tudo em que ela lutou muito para esquecer. Ela fugiu a juventude toda. das lembranças obscuras da sua infância e adolescência. Seu pai faleceu de infarte quando ela tinha 10 anos. A partir de então, quem manobrou a casa foi (nome da sua mãe), sua mãe. Com 16 anos de idade S/n casou-se com Luan a essa idade também ela ingressou no Tênis, começando a se tornar conhecida. Alguns meses depois do casamento ela ficou grávida.
- Minha magoa é ver um lado seu, que é negro igual o da sua mãe.
- Não me iguala a ela. - S/n estava muito abatida.
- Como não S/n? Você mesma se iguala a ela. - O tom dele era culpado, porém firme. - Você continua a mesma, pensei que voltaria e te encontraria diferente. Sei lá... Só pensei.
- Eu mudei. - O olhar dela era desolado, agora ela tinha sentado no sofá. - Eu mudei por causa dela Luan.
- Não S/n, você ficou irritada com a chegada dela, me ligou, me mandou vim buscar. Falou que não era mãe, não sabia ser, não queria responsabilidade. S/N! Ela saiu de coce. Você sentiu as dores do parto, você gritou, você sofreu... Mas não teve a minima vontade de ver o rostinho dela.
Ele ajoelhou-se diante do sofá, de frente para ela. Lembrando-se de tudo. Dava para ver a decepção em seu tom de voz e seu olhar.
- Uma menina adorável, linda... Nasceu com uma luz em volta dela, parecia e parece um anjo. Só precisava do amor materno, do seu afago, do seu carinho. Mas... - Pausou e sorriu atordoado. - Como você iria dar uma coisa que nunca recebeu? Você não sabe o que é esse amor de mãe, esse afeto, carinho, cuidado... Você não sabe S/n.
- Luan chega. - Ela ergueu-se ainda sentada no sofá, lhe olhando. - Eu errei e não tenho direito nenhum de questionar isso, eu já entendi.
- Foi um erro deixar ela te conhecer, foi um erro armar tudo isso. Hoje eu admito que errei também, por ter feito você engravidar novamente... Me desculpa por isso, por entrar na sua vida de novo.
S/n abaixou a cabeça, e ali pôs-se a chorar. Luan se pôs de pé.
- Se você quiser, eu digo e repito... Levo os gêmeos daqui, são dois meninos? Duas meninas? Não tem problema, eu cuido.
- NÃO! - falou num tom alto, erguendo-se de pé. - Você não vai levar não. - Voltou ao tom normal, agora encarando-o. - Não precisa se interessar também. já entendi, ok. Você ganhou Luan, a Nicole é sua e eu não vou mais me meter nisso.
- Bem melhor assim. - Suspirou, ainda tenso. - Finge que nada disso aconteceu, finge que nunca conheceu a minha filha.
- Isso será impossível. - Lhe olhava com desdém, controlando o choro. - Aprendi muito com a Nicole, aprendi a ama-lá como eu nunca sabia que poderia amar... incondicionalmente.
- Então ela já deixou de ser um peso na sua vida? Por que, quando ela veio louca para te conhecer... Passou por cima da magoa dela, de tudo. E você falou simplesmente que não queria essa responsabilidade. - Manuseava as mãos para falar.
- Foi no começo Luan, eu não sabia de nada, não sabia como agir, como pensar.
- S/n... Não questione. - Disse firme. - Esse assunto está mais do que encerrado.
- Sem contato?
- Sem Contato. - Afirmou. - Vai ser melhor para ela, e para você também. Se dedique aos seus bebes, e qualquer coisa... Qualquer coisa mesmo que você precisar, eu estou aqui, isso é em relação a eles.
- Não precisarei de nada seu.
- Bem, você quem sabe.
Não teve mais o que fazer. E foi com o coração sangrando que s/n se despediu de Nicole naquela tarde. A despedida delas foi emocionante, mas Luan se manteve firme em relação a isso. Nicole sabia que não veria S/n, para ela... Não a veria nunca mais. Para uma criança o pra sempre existia e ela era uma criança, além de esperta, era apenas uma criança sensível.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Treinando a mamãe
ChickLitOlá meus amores como vcs sabem eu sou a autora de "foi onde tudo começou" bom eu gosto muito de escrever aquela história e vou posta essa que achei pronta em algum lugar..