40° capitalo

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Pov S/n
Cheguei em casa acabada. Exausta mesmo! Precisava de um banho de banheira bem quente e relaxante. Uma cama deliciosa e em seguida comer... Comer muito. Estava com muita fome. Estacionei o carro na gararem do prédio e subi para o meu apartamento.
- Tchuco e Tchuca, a mamãe chegou... Entrei falando alto para que onde eles estivessem, me ouvissem. Tranquei a porta e quando virei, já vinha Théo, saindo do seu quarto. Um toquinho de gente que ainda andava tropeço.
- Meu amor, que saudades de você... - Larguei a bolsa no sofá e lhe peguei no colo. - Sentiu falta da mamãe?
Assentiu com a cabeça, pegando no meu cabelo. Théo era mais esperto que a Thammy em relação a falar mais rápido, andar. Ele era bem mais independente sabe? Ela era mais preguiçosa.
- Cade a sua irmã? No quarto? vamos lá ver ela... - Lhe beijei na bochecha e coloquei no chão. Segurei pela sua mãozinha e seguimos para o quarto deles.
Thammy estava deitadinha na cama, e Stela estava sentada na beirada lhe acariciando o rosto dela. Larguei a mão do Théo, que sentou-se no chão e ao seu redor tinha todos os brinquedos espalhados.
- Algum problema, stela? - Caminhei, desviando daqueles brinquedos no chão.
- Ela está resfriada, dona S/n.
- Assim, do nada?
- Passou a tarde quietinha, não quis almoçar e teve um pouco de febre. Mas já dei remédio, agora ela já está bem melhor. - Disse me olhando.
- Mamãe... - Théo me chamou, virei para olha-ló, e soltei um beijo para ele. Em seguida agachei diante da cama. Afagando o cabelo da Thatá.
- Dona S/n... Eu estava esperando a Senhora chegar, para pedir permissão para ir para casa. Minha filha está sentindo as contrações. - Disse levantando-se da cama.
- Ah... Sim, sim. - me pus de pé também. - Vai Stela, pode ir. Eu dou conta. - Sorri tocando seu ombro. - Boa sorte para a Amandinha... Que o Iago venha com muita saúde.
- Muito obrigada.
Ela se despediu dos meninos e foi embora. Estava eu e meus dois amores. Agora eu teria que dar conta... Juro que ainda me assustava em ficar sozinha com eles, tinha medo de não dar conta. Ainda mais quando um deles ficava doente. Eles já estavam de banho tomado, o Théo já teria comido e a Thammy pegou no sono, deixando-me com o coração apertado. Odiava ver um deles doente. Levei Théo comigo para o quarto e ele ficou no banheiro comigo mexendo em tudo que ele poderia tocar. Tomei um banho rápido... Meu banho de banheira iria ficar para outra ocasião infelizmente.
- Toma... É arroz. - Enquanto eu jantava, sentada no sofá, ele tentava pegar a colher da minha mão. - Não quer? então me deixa comer.
- Arroz... - repetiu o que eu falei.
- Quer? - Insisti, mas ele só estava me enganando, não queria comer nada.
Então deu para ouvir o choro manhoso da Thammy. Levantei as pressas, colocando o prato no centro da sala. Deixei o Théo no sofá com o controle remoto na mão enquanto corri até o quarto.
- Já vou meu amor... Já to indo. - Falei alto, chegando no quarto.
Era muito complicado ser mãe de gêmeos quando você não tem ninguém para lhe ajudar. Ela estava erguida na cama, com o rosto molhado de lágrimas. acendi a luz e sentei na cama.
- Onw... Não chora, olha eu aqui já. - Lhe peguei no colo. - O que foi? a cabeça da doendo? Fala pra mamãe onde tá doendo.
- Doendo.... - Ela disse, chorando sem me falar onde.
- Aqui? - Toquei sua testa.
- Aqui. - Repetiu.
Era engraçado por uma parte, ver que tanto ela quanto o Théo, repetia tudo que eu falava, ou que alguma outra pessoa falasse.
Peguei um remédio de dor, infantil. Li a bula e dei para a Thammy. Ninei ela por alguns minutos na sala, enquanto Théo trocava de canal, por pura diversão. Então a campainha tocou. Thammy não tornou a dormir, mas estava mais calma, talvez a dor teria passado. Com ela em meus braços, Segui para a porta. Abri.
- Nossa, sua cara está péssima. - Mel entrou. Fechei a porta, e então ela pegou Thammy dos meus braços, que choramingou um pouco. - O que ela tem?
- Tá resfriada, gripada... Não sei, dei remédio para dor de cabeça. E agora ela está mais calma. - Disse, me esticando. Meu corpo estava todo dolorido. Seguimos em direção ao sofá, eu sentei perto do Théo e ela permaneceu de pé.
- Hospital que é bom nada não é? - Usou de repressão. - Sai agora do clube acredita? Mais tarde do que você porque sou preta e você é branca, só pode. Mas enfim. - Olhou para Thatá em seu braço.- Cê tá dodói, coisa linda da Dinda?
Eu suspirei fundo e tirei o controle da mão dele,que resmungou então antes que começasse a chorar, lhe entreguei de volta.
- Ele domina você.
Ele sabia que estávamos falando dele, e sorriu faceiro.
- Mel, to exausta. - Disse encostando a cabeça no sofá.
- Tó vendo. Cade a Stela? - permanecia ninando Thammy, que estava cochilando em seus braços.
- Amandinha sentindo contrações... E outra, a Stela só fica aqui das 9 ás 19. Me sinto exausta do mesmo jeito.
- S/n, você já sabe o que eu acho sobre isso.
Mel costumava achar demais. Nas vistas dela, eu tinha que ligar para o Luan, pedir ajuda, suplicar? cara, nem morta. Aprendi a dar conta sozinha. Ele jogou na minha cara que eu nunca iria mudar, nunca iria crescer, que eu era igual a minha mãe. Pois bem, não iria ser agora que eu ia precisar dele, e nem os meus filhos precisariam também.
- Você acha demais.
- Ele é o pai caramba, tem que ajudar. Não é simplesmente você contratar uma babá que durma aqui, que cuide dos seus filhos pra você, e que eles aprendam a chama-lá de mãe. NÃO. - Me encarou. - Simplesmente, ele é pai e tem que ajudar, responsabilidades divididas.
- Jura Mel? - Franzi a testa. - Eu devo mesmo cobrar dele, uma coisa que ele não cobrou de mim? Cara, enxerga isso. - Peguei o Théo nos braços e levantei do sofá. - Eu consigo enxergar a burrada que eu fiz, e hoje eu já perdi 13 anos da vida da Nicole, 13 anos. Isso pesa muito Mel. - Antes de entrar no meu quarto, virei para fitá-la.
Entrei no quarto e ela veio atrás de mim, com Thammy nos braços. Coloquei Théo na minha cama e virei olhando-a, coloquei as mãos na cintura e respirei fundo.
- Ele simplesmente impôs que você ficasse longe dela, e você não questionou.
- O que eu iria questionar? Abandonei eles Mel, deixei, não me importei, fui uma burra, uma... Mel você não entende? - Desviei o olhar, tentando não chorar. Théo nos olhava, aliás ele adora escutar conversas alheias. Thammy já dormia nos braços da Mel.
- Mas você se arrependeu e tem direitos sobre a menina, S/n! Você sofre dia e noite desde que conheceu... Ah, porra! - Ela suspirou raivosa. - Você é mãe.
- Não sei o que fazer..
- Ouviu falar em contato? Então... Talvez ela esteja precisando e você mais do que nunca, e por puro orgulho você se distanciou mais ainda dela S/n.
Eu não falei mais nada. Talvez a Mel estava certa. E fiz o que Luan impôs. Larguei mais uma vez a minha Nicole, e pior é que eu me apeguei a ela, e sim sofro muito com a ausência dela na minha vida. Agora eu tenho os gêmeos, é complicado cuidar deles sozinha. Minha vida virou de cabeça para baixo em tão pouco tempo que eu não sabia mesmo o que fazer.

Treinando a mamãeOnde histórias criam vida. Descubra agora