Cicatriz

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Sabe aquele exato momento em que a gente percebe que já não dói tanto, que talvez a gente realmente consiga não apenas sobreviver a aquele momento doloroso, mas voltar a viver? Então eu estava vivendo aquele momento, pelo menos era o que eu achava. Eu estava bem, voltando a ser feliz. Quando me perguntavam algo eu dizia simplesmente: - Já superei, agora não doí mais. Ganhei mais uma cicatriz, mas estou feliz! - Repetia essa frase na em minha cabeça milhares de vezes, para que quando eu tivesse que a dizer ela saísse naturalmente e eu acreditasse que fosse verdade.

Ai quando eu estou praticamente 99 % recuperada. De repente você surge na minha vida novamente, como alguém que não quer nada, me manda uma mensagem dizendo: " só queria saber se você está bem.". Minha vontade era dizer: " Cara, eu estava até receber a sua maldita mensagem." E cá estou eu de volta à estaca zero. Eu queria ignorar aquilo e seguir em frente, mas minha mente ficava sempre voltando naquela mensagem e eu me pegava pensando: " Ele ainda tem meu número. Nossa depois de tanto tempo ele ainda se importa? Ele ainda pensa em mim? Será que ele se arrependeu? Será que tem volta? Ai meu Deus será que eu aguento passar por tudo de novo? E se eu..."

Apanho o celular para responder à mensagem e tento algo como: "Meu bem como você está? Senti sua falta." Não muito melosa e carente. Talvez algo como: " Estou ótima e você como está? " Assim parece que eu estou interessante em saber da vida dele, na verdade eu estou, mas ele não precisa saber disso. Então eu resolvo mandar: Por que você se importa? Não demora muito a resposta chega ele apenas diz: "Porque preciso saber que você tá bem para poder seguir em frente." Idiota, idiota, mil vezes idiota não ele, mas eu, tá ele também. Como pude pensar que ele realmente se importava, como assim ele ainda não seguiu em frente? Pelo amor, só pode ser sacanagem do universo. Respira Melina, digo para mim mesma. Definitivamente eu não posso dar esse poder a ele de me desestruturar toda vez que cruzar o meu caminho. Agora eu sei que algumas feridas deixam marcas, mas nunca cicatrizam. Mas elas não podem nos impedir de viver, temos que pegar a nossa fraqueza e fazer dela a nossa força.

Troquei de número, segui a vida. Hoje quando me perguntam se ainda doí eu digo: Têm dias que doí mais em outros menos. Mas a verdade que essa dor é minha e eu preciso senti-la para me lembrar de como é estar vida! 

Para aonde foram as borboletas?Onde histórias criam vida. Descubra agora