O celular toca, mas não atendo. Não preciso ver o visor para saber que é você. Eu poderia atender e ouvir o que você tem a me dizer, mas de que adiantaria? Fecho as cortinas do meu quarto e me deito. 10 chamadas perdidas não são nada comparadas a uma vida.
Ouço passos na calçada e não demora para que eu escute a minha campainha tocar. Prendo a respiração e sinto um frio na espinha, não me mexo. Sei que você não pode me ver, mas o fato de saber que você está assim tão próximo de mim, separados apenas por uma parede me assusta. Você bate algumas vezes na porta, grita meu nome. Eu me encolho e tudo que eu desejo e que tudo passe, que você vá embora ou melhor desejo profundamente que você nunca tenha chegado, que nossos caminhos não tivessem se entrelaçados em uma florida tarde de setembro.
O portão se fecha e sei que você já foi, hoje você não demorou tanto e isso creio eu que seja um bom sinal. Me pergunto aonde foram para as borboletas que habitavam meu estômago, o que aconteceu com aquela sensação boa que me fazia flutuar. Quando foi que o amor passou a ser medo e eu me tornei refém das tuas escolhas. Tudo foi a tanto tempo, mas ainda sinto como se fosse ontem. Abro as cortinas, vejo a lua e penso comigo que esta é apenas mais uma fase que vai passar, tem que passar, se ela não se for eu tenho que ir, não posso mais viver rodeadas de fantasmas que insistem em me visitar. Olho o mapa e faço as malas, não me importo mais com o destino deste que eu não te tenha ao meu lado para me acompanhar. Este é o meu momento e não vou deixar passar...
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Para aonde foram as borboletas?
Short StoryRelacionamentos assim como as montanhas-russas são cheios de altos e baixos. Alguns duram a vida inteira, outros apenas alguns minutos. Existem os que abrem feridas e os que as ajudam a cicatrizar. Aqui você encontrará reunidos textos que vão des...