Estou sentado no banco da praça me arrependendo profundamente de ter inventado aquela história de emprego. Claro que não passou pela minha cabeça estupida a enorme probabilidade da loja não estar contratando. E agora cá estou eu tentando criar coragem nessa minha cara e ir pedir um emprego se não Emily vai me achar um verdadeiro mentiroso.
Fico observando a fachada que é feita toda em madeira com uns discos antigos de vinil estampados na vitrine. Foi isso que me chamou a atenção da primeira vez que passei em frente, queria ter entrado para ver se tinha alguma banda que eu gostasse mas Emily estava com pressa de chegar em casa, então simplesmente não entrei.
Que pena, vai que o dono me aceitasse mais rápido se eu fosse um cliente fiel.
Já estava considerando a hipótese de sair correndo e admitir para Emily que eu tinha me precipitado nas minhas palavras. Infelizmente o meu emprego tinha ido para o espaço ( na verdade, nunca existido.) e que eu teria que continuar desempregado e lutando pelo amor dela sem um tostão no bolso. Mas antes que eu possa desistir, por uma interferência divina, um grande caminhão para em frente a loja. Dois caras descem, um para abrir a parte traseira do caminhão e outro fala aos ventos no celular. Eu que estava do outro lado da rua, conseguia escutar o que ele falava.
-- Como assim a garota não vem!? - Eu realmente tenho pena das pregas vocais desse cara. Sério, falar nesse tom não faz em a ninguém.- Eu preciso de alguém aqui! Os caras vão me matar se ninguém assessorar essa espelunca!
O homem continuou falando horrores na frente da loja. Até onde eu entendi, a loja contratou uma garota para dar um up nos negócios, mas a menina não apareceu, e de acordo com o cara, ninguém vai substitui-la.
Como uma lampadazinha, uma ideia se formulou na minha cabeça. Nessas horas, eu nem dou espaço para pensar muito. Atravessei a rua e fui direto no homem do telefone, tentando aparentar a maior naturalidade. Quando parei na sua frente o homem me encara e depois de alguns segundos afasta o celular do ouvido.
-- Posso ajudar companheiro?- Ele pergunta, com os olhos cerrados.
-- Eu vim para substituir a garota que faltou.- Tento soar convincente, mas por dentro começo a rezar para ele não perguntar nada. Obviamente porque eu não sei nem de que empresa ''eu venho''.
-- A Empreendedores mandou você?- O cara pergunta, parecendo mais aliviado do que preocupado.
-- Isso, essa mesma senhor.- Sorrio e encaro a loja atrás. Céus eu não acredito mesmo que estou fazendo isso.-- Prazer, Connor.- Estendo a mão e o cara aperta de bom grado, berrando com o celular e desligando logo em seguida.
-- Poderia ter chegado mais cedo Connor, não tenho muito tempo- .Ele olha para trás e depois me encara de novo.-- E pelo visto, esse lugar também não. Vamos, vou apresentar você aos donos. Mas depois vou querer sua identidade, só para tomar notação.
Afirmo com a maior naturalidade mas no meu interior começo a entrar em desespero. Eu com certeza vou para a cadeia. Eles vão pegar meu RG e perceber que eu não sou de empresa coisa nenhuma.
Dá tempo de fugir?
Quando vejo, ja estamos dentro da loja. Ela até que é maneira, a decoração com discos de Vinil dá um ar retrô, alem do fato de ter dezenas de Cd's tanto de bandas internacionais quanto Brasileiras. Passo os olhos rapidamente e reconheço algumas bandas, como Paralamas e Roupa Nova. Bom, pelo menos o dono tem bom gosto.
-- Sr. Carlos?- Meu falso chefe chama pelo que julgo ser o dono da loja e não demora nem dois minutos para aparecer dos fundos. O tal do Carlos aparentava ter mais de 50, já que os fios de cabelos brancos denunciavam a sua idade. Ele chega ao balcão com os olhos inquisidores por cima dos óculos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Perfeito Amor Verdadeiro
RomanceConnor só tem uma certeza absoluta: Ele tinha encontrado a garota perfeita. Depois de cincos anos de amizade e de um amor secreto por Emily, Connor decide que é hora de falar tudo o que há em seu coração. Porém, o destino o leva para um outro caminh...