Queria poder dizer que cheguei com o diafragma intacto em casa, mas eu estaria mentindo. Em alguns momentos Ana apertou tanto os braços que me faltou até um pouco de ar. Quando finalmente eu desligo a moto, retiro meu capacete e Ana desce tão rápido que parece que a moto está pegando fogo. Começo a rir.
Ana ajeita os fios bagunçados do cabelo me fitando com olhos que pareciam mais agulhas
- Do que está rindo?- Ela me entrega o capacete e guardo os dois na traseira da moto.
Me viro, cruzando os braços e segurando o sorriso.
- Você é bem medrosa.- Dou uma alfinetada. Ana fica de boca aberta.- Sabia que quase esmagou o meu fígado?- Tento argumentar porque eu tive certeza de que, se ela ainda estivesse com o capacete, ele iria para na minha cara.
- Da próxima vez, eu venho a pé.- Ela ajeita os cabelos bagunçados mais uma vez mas a minha mente só reprisa a frase "Da próxima vez". Acho que a barreira ficou mesmo no passado.
- Vamos?- Digo, me virando para o portão de casa
- Espera! - Ana se coloca na minha frente. Arregalo os olhos, nitidamente surpreso. Ela fica um pouco sem graça, da maneira como ela falou parecia algo muito importante.- Eh... Eu queria te dar uma coisa.
Nesse momento, meus neurônios disparam a mil hora na minha cabeça. Uma chuva de possibilidade passam em segundos pela minha mente. No meu rosto deve ter surgido um ponto de interrogação do tamanho do universo e nas minhas palavras não foi diferente.
- O qu...que?- A voz trava no incio da frase. Ana parece tão calma, completamente diferente de mim.
- Feche os olhos.- Ela ordena.
Se eu já estava nervoso, agora eu estava nas profundezas da aflição. Demoro três milênios para obedecer Ana, minha curiosidade me fez ficar tenso. Consigo ouvir o barulho da bolsa sendo aberta, mas o que me pega de surpresa de novo é o toque repentino das mãos geladas de Ana no meu braço.
Nesse momento, meu coração estava mais agitado do que o Sambódromo em pleno Carnaval ( E olha que estamos nele). Eu não sei porque estava reagindo assim, era algo tão novo que eu não sabia o que fazer.
- Pronto, pode abrir.- Ela fala.
Abro os olhos e vejo uma pulseira de couro colocada no meu braço. Analiso bem e vejo na parte de cima uma onda do mar feita de ferro, bem no centro do couro marrom escuro. Olho para Ana que está apreensiva com a minha reação. Ela balança a cabeça
- Eu sei que é simples, mas como você tinha me falado que amava o mar...
Abro um sorriso. Eu não acredito que ela acha o presente não é valioso. Não sei porque, mas isso me fez gostar ainda mais dela.
- É perfeito. - Digo, antes mesmo dela terminará frase. Ana para falar é solta um suspiro, aliviada por ter acertado.- Obrigado, Ana.
Por mim, meu aniversário poderia ter parado ali. Mas tinha algumas pessoas lá dentro esperando pelo final da festa. Nesse momento, eu lembro do clima que deixei na casa antes de sair. Caramba, minha mãe deve estar furiosa. Ana percebe minha súbita mudança de humor e se põe ao meu lado, tomando meu braço. A encaro e Ana me fita com olhos encorajadores, como se dissesse " Calma, estamos juntos nessa."
Eu adoro essa garota.
Abro o portão e seguimos juntos até a varanda da casa. O barulho do portão deve ter alertado minha mãe, porque ela é a primeira a aparece. De primeira ela fica aliviada ao me ver, mas como filho sei que no segundo seguinte, o olhar dela dizia " Depois vamos conversar".
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O Perfeito Amor Verdadeiro
RomanceConnor só tem uma certeza absoluta: Ele tinha encontrado a garota perfeita. Depois de cincos anos de amizade e de um amor secreto por Emily, Connor decide que é hora de falar tudo o que há em seu coração. Porém, o destino o leva para um outro caminh...