O Perfeito Amor Verdadeiro

Amor?

Cheguei exausto em casa. Mas não exausto o bastante para fugir da bronca que levei da minha mãe assim que entrei em casa. Ela me fez lembrar da promessa que fiz e que quebrei quando não liguei para ela. Isso me custou a liberdade, quero dizer, estou oficialmente de castigo por tempo indeterminado de acordo com a minha mãe. Eu nada podia fazer se não aceitar, afinal, eu tinha descumprido uma promessa.

Subo as escadas arrastado.  O peso do dia começava a incomodar, mas uma coisa me fez despertar repentinamente. Saco do bolso a foto de hoje mais cedo, para a minha tristeza ela tinha sido um pouco amassada por conta da viagem. Tento arrumar o máximo possível mas mesmo assim fica um revelo na ponta da fotografia. Algo naquela imagem me prende, realmente a garota era uma boa fotógrafa, mas de novo, quem chama atenção é outra pessoa. Ao lado de Ana, eu tinha uma expressão curiosa e me lembrava perfeitamente da sensação daquela foto. Era uma foto boa demais para ficar guardada. Vou ate a mesa do computador e anexo a foto junto ao retrato meu e de minha mãe. Ela ficaria salva e visível ali.

Assim que a deixo no retrato, o sono começa a me vencer. Sem resistir, troco de roupa e caio no sono logo em seguida.

Abro os olhos com o despertador tocando. Não, não é possível. Eu tinha acabado de fechar os olhos! Como assim já eram oito horas? Céus... o tempo é cruel. Levanto sonolento e decido que para acordar vou ter que ter um banho mais demorado. Vou até o banheiro e deixo a água do chuveiro fazer o seu trabalho. A água gelada foi um bom despertador e quando saio, me sinto mais animado, porém nem tanto.

Enquanto me arrumo pego o celular e vejo quinze chamadas perdidas de Emily. Quinze chamadas? Deveria ter acontecido algo de muito urgente para ela me ligar assim tantas vezes. Não adiantaria eu ligar tão cedo, então mando uma mensagem de texto. '' Oi Emy, Tudo bem? Vi suas chamadas, quando acordar me liga''. Clico em enviar e guardo o telefone.

Desço as escadas e vou até a cozinha. Esse caminho estava se repetindo desde de que comecei a trabalhar na loja, era como se agora fizesse parte da nossa rotina e, sinceramente, eu não sabia como ia ficar depois que eu terminasse meu ''trabalho''. Mas eu tento não pensar nisso agora, então foco em tomar meu café e divagar em como ajudar Ana nos próximos passos. Ainda teríamos que comprar várias coisas, criar contato com os fornecedores...

--- Eduardo? Menino, tá em qual planeta? Vai se atrasar!--- Minha mãe sacode o pano de prato no meu rosto me fazendo pular da cadeira. --- E lembre-se... saiu do trabalho, direto para casa. Sem surpresas.--- Ela aponta a colher de pau para mim. Para uma mulher de 1,57 de altura ela era bem ameaçadora.

--- Sem surpresas.--- Comprimento como um soldado e ela revira o olho,  mas esconde o sorriso. Ela sabe que não fiz por mal, mas não poderia deixar passar uma mancada dessas.

Saio de casa e quando começo a chegar perto da loja uma ansiedade repentina me faz apertar o passo. Me convenci de que, qualquer que fosse o reboliço que estivesse acontecendo dentro de mim, era unicamente para saber os planos de Ana. Somente por isso.

Abro a porta da loja e o famoso macaco assobia com a minha entrada. Quando me viro para o balcão, onde geralmente Ana sempre está, quem eu encontro é o Sr. Carlos, que analisa o computador com dificuldade. Me aproximo e ele me recebe com um sorriso, já mais carismático do que ontem. Talvez porque hoje não tenhamos que sair para outra cidade.

--- Bom dia garoto, hoje você vai começar os novos planos para a loja, não é?--- Ele fala sem tirar os olhos do pc.--- Ana falou bastante sobre isso ontem.

--- Sim senhor, ela não tinha comentado nada comigo, mas eu ja tinha uma ideia de que isso ia acontecer hoje...--- Olho em volta e estranho o fato dela ainda não ter aparecido para tirar sarro da minha cara ou simplesmente me dar bom dia.--- Ela está no porão? Vou até lá para dar inicio...--- Não queria parecer tão apressado mas eu não consigo nem terminar a frase que Carlos me interrompe.