Ligações

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Passo a mão no espelho para tirar a mancha de vapor. Me encaro, repetindo o discurso que tinha feito em noite anterior, depois da minha consciência pesar para caramba antes de dormir. " Calma cara, você não está fazendo nada demais. Você é capaz de ser um conselheiro empresarial, não deve ser tão dificil" Mas esse discurso não estava adiantando de nada. Então prometi a mim mesmo que passaria só uma semana naquele lugar. Depois poderia inventar uma desculpa que de não era aquilo que eu imaginava etc... Acho que todos iam entender.

Vou para o meu quarto e visto uma roupa decente, afinal de contas ainda é meu trabalho, mesmo que seja temporário. Acabo por vestir uma calça jeans e uma blusa xadrez aparentemente limpa. Passo a escova no cabelo uma mil vezes, mas no final bagunço ele com minha mão mesmo. Nem tudo poderia ser perfeito, não é mesmo?

Quando desço, minha mãe já estava na cozinha com o café da manhã na mesa. Para um senhora de 47 anos ela estava mais animada e disposta do que a maioria dos jovens da minha idade. Pelo menos, hoje ela estava feliz. Tem dias que a única coisa que faço é colocar ela para assistir uma série ( que não seja de romance, Claro.) O que ela pode fazer? As crises e as dores de vez em quando acontecem, e se for para analisar ela está segurando bem a onda.

-- Bom dia filho...-- Ela fala tomando um pouco de café com a revista de fofoca nas mãos. De acordo com ela, Literatura era literatura. Não importa do que falasse.-- Você acredita que a Cameron Diaz não queria fazer As Panteras?

-- Sério?-- Digo sentando e servindo um pouco de café. -- Que maluquice.

‐- Não é? Imagina... Negar fazer As Panteras? Se fosse comigo, eu teria aceitado na hora!-- Ela ri por baixo da xícara mas depois faz uma careta estranha.-- O que você faz acordado uma hora dessa? Vai sair?

Certo, uma hora eu teria que contar a ela, então deixo a xícara de lado e falo.

-- Arranjei um emprego.

Ela para com a caneca no ar e fica minutos sem dizer nada. Acho entrou em estado de choque ou algo do tipo porque depois de certo tempo eu começo a ficar preocupado por ela não ter reagido. Quando cogito falar alguma coisa ela se manifesta.

-- Oh meu Deus....- Ela deixa a revista de lado e para meu lado.-- Meu bebê tá crescendo!

Minha mãe me abraça e começa a dizer o quanto está orgulhosa de mim e mais outras mil palavras de encorajamento. É nesse momento que eu me arrependo prufundamento de ter dito a ela, agora ela ficará decepcionada .

-- Calma mãe, e um trampo temporário...- Digo espremido em seu abraço.

-- Mas mesmo assim! Vai que eles te contaram como efetivo. Nos tempos de hoje meu filho, nem vender Coca na rua a gente consegue!-- Ela argumenta e eu chego até achar engraçado como ela reage, até que ela pergunta onde é que eu vou trabalhar.

Ela para um segundo para absorver a resposta, mas deu para perceber a derrapagem na expressão dela.

-- Na Loja de discos?-- Ela da um sorriso amarelo.-- Ah que ótimo filho! Tento certeza que você vai se dar super bem, vocês jovens tem um bom ouvido para música.-- Ela tenta ser descontraída, mas não funciona muito.-- Quando começa?

-- Hoje mesmo.- falo

-- Ótimo! Toma seu café reforçado e nada de chegar atrasado! Um empregado tem que dar motivos para continuar empregado!

Depois de me fazer comer dois pães e pedaço de bolo ( Para me manter forte, de acordo com ela) eu saio para meu emprego.

A minha casa não era muito longe da Loja de discos, tive que andar uns vinte minutos até ver de novo a fachada de madeira. Parei em frente da porta e estaguinei com a mão na fechadura. Tive a sensação de que quando entrasse ali estava me sentenciando a alguma coisa, não sabia ao certo se era algo ruim ou bom.

O Perfeito Amor VerdadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora