Heaven

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Existem diversos fatores que levam as pessoas a dividirem uma cama ou um lugar específico para dormir. O primeiro deles é: essas duas pessoas são casadas ou vivem um relacionamento amoroso onde dormir juntas é algo que ambas querem e concordam. É um motivo bem óbvio na verdade, afinal quanto mais duas pessoas se gostam, mais tempo elas querem para ficarem juntas. O segundo fator é: aleatoriedade e isso acontece quando nenhuma das duas planejou dormir no mesmo lugar. Ocorre geralmente sem querer, quando vocês acabam caindo no sono no sofá ou até mesmo num colchão no chão. É o mais óbvio entre amigos. O terceiro é: necessidade. Nesse fator entra aqueles casos em que nenhuma das duas tem escolha, ou dormem juntas ou uma vai ter que ficar sem dormir. Esse também é mais comum entre amigos e também entre familiares — afinal, quem nunca teve que dividir colchão com primos porque os quartos estão cheios?.

Mas o caso de Lena e Kara não se encaixa em nenhum desses três comuns fatores. Elas não são casadas e nem sequer tem um relacionamento amoroso. Nenhuma das duas simplesmente acabou pegando no sono na mesma cama que a outra, não há nada de aleatório nesse acontecimento. Lena chamou a loira para se deitar, ela quis aquilo e a partir do momento em que você escolhe então você dita as próximas ações e lida com as consequências. Aleatoriedade e escolha não cabem na mesma frase e a CEO, enquanto cientista, sabia bem disso. Existem enormes diferenças entre experimentos com testes aleatórios e experimentos onde o responsável influencia no resultado. E por último: dormir juntas não foi um mero caso de necessidade — dependendo do ponto de vista, claro — afinal havia outros quartos no apartamento da Luthor, mas ela preferiu que sua amiga ficasse no seu.

No entanto, ali estavam elas dormindo juntas e sequer repararam em suas posições. Ambas se encontravam ao centro da enorme cama, porém o espaço ocupado pelas duas era quase o mesmo.

Quando Lena acordou, pode sentir um peso em suas costas e braços firmes envolverem a sua cintura de forma aconchegante e possessiva. A morena conseguia sentir a respiração quente da loira nos seus ombros, conseguia sentir o cheiro daquela cascata loira que caía sobre o seu travesseiro e logo seu corpo tencionou ao perceber que suas pernas estavam entrelaçadas com a de sua amiga. Aquilo era íntimo demais, próximo demais e ninguém nunca havia invadido o espaço pessoal dela dessa forma. Claro, Lena já esteve com outras pessoas intimamente, todavia com nenhuma ela havia dormido após o sexo. Nunca tinha experimentando ficar, terminar a noite ao lado de sua companheira ou sequer esperava o dia seguinte chegar para ir embora. Afeto, carinho e proximidade eram coisas que a morena desconhecia e sabia que não encontraria.

Nenhum Luthor deveria receber tais coisas, foi o que Lena aprendeu.

Kara moveu-se sobre o colchão e apertou mais seus braços ao redor da cintura da outra. O mais difícil para Lena estava sendo se concentrar o suficiente para não fazer seu corpo reagir ao sentir a perna da loira, que estava entre as suas, roçar no seu sexo. Aquilo estava sendo realmente complicado ou talvez até impossível. Ela pode sentir o arrepio percorrer sua espinha e mordeu firmemente os lábios para não gemer. Seus pensamentos encontravam-se em curto e tudo o que a morena queria era não sentir aquele desejo pela mulher ao seu lado.

Novamente, Kara se mexeu e abriu os olhos. A pequena Danvers conseguia escutar a urgência nos batimentos cardíacos da amiga e isso a preocupou, como sempre. Foi então que percebeu a posição nada amigável que havia entre elas: seus braços ao redor da cintura de Lena e suas pernas entrelaçadas a dela. A primeira coisa que Kara quis fazer foi fingir que ainda estava dormindo, porém o vermelho tomate em suas bochechas claramente iriam denunciá-la. Mentalmente, ela desejou não ter aceitado o convite de passar a noite ali ou que pelo menos tivesse pensando em pedir o quarto de hóspedes. Mas Kara estava com tanto sono na noite anterior que a última coisa que fez foi raciocinar.

Sing me to sleepOnde histórias criam vida. Descubra agora