A noite começou a esfriar e Lena acabou caindo no sono. Ambas passaram o restante daquele tempo sentadas sobre a beirada do farol, observando as estrelas e ouvindo o mar quebrar na areia. Era bom poder simplesmente ter aquele momento a sós, longe de qualquer problema, situação complicada no trabalho ou pessoas para interferir. Quando isso acontecia, o tempo parecia correr e as duas tinham certeza de que era uma conspiração do universo. Tudo o que queriam era talvez mais algumas horas para poderem ficar ali, em silêncio, contemplando o céu.
Kara percebeu que a morena dormia e sorriu por saber que finalmente Lena teria uma noite de sono sem pesadelos. Ela a carregou de volta para o apartamento, enrolada em sua capa vermelha e agradeceu à Rao pela chance de ter alguém tão extraordinária como sua amiga. A loira queria poder dizer mais a outra, externar seus sentimentos de forma clara e concisa, mas sabia perfeitamente que caso tentasse o fazer, acabaria em dois desastres. Um: ela iria se enrolar e não dizer nada coerente. Dois: poderia perder sua melhor amiga.
Tanto um como o outro eram assustadores, mas não decidir nada também era terrivelmente angustiante.
O prédio estava todo escuro, indicando que já estava muito tarde. A Supergirl entrou com cuidado pela sacada e caminhou direto para o quarto, onde pretendia deixar Lena sobre a cama sem tropeçar nos sapatos no caminho — uma missão quase impossível para alguém com péssima coordenação motora. Aproximou-se do colchão e lentamente desenroscou os braços da morena que seguravam firme no seu pescoço. Ela sabia que sua amiga tinha medo de voar, porém gostava da forma como Lena a abraçava forte nessas ocasiões raras.
— Não... — a CEO resmungou ao sentir o frio da cama e apertou novamente os braços no corpo da outra.
— Shhhh — tentou se equilibrar — está tudo bem, estamos em casa.
Novamente, Kara tentou se esquivar da morena, mas parecia uma tarefa bem complicada no momento.
— Fica — Lena continuava de olhos fechados, completamente sonolenta. O coração da kryptoniana bateu como um tambor.
— Eu prometo que vou voltar, preciso... trocar de roupa — sussurrou de volta.
— Gosto quando veste essa saia — dessa vez a loira corou vergonhosamente e deu graças a Rao por uma delas estar bêbada de sono.
— Ela não é muito confortável para dormir — murmurou baixinho — me dê dois segundos.
Lena pareceu aceitar e rolou para o centro do colchão. Ela estava quase adormecida, apesar do seu subconsciente sentir falta do corpo quente da amiga. Sentiu Kara retirar seus sapatos e colocar o grosso cobertor sobre si; sorriu sem nem mesmo saber o porquê. Em alguns segundos, a morena sentiu tudo mexer e logo aquele calor especial havia voltado.
— Kara... — sussurrou e demorou um pouco para processar o que queria — mais perto, por favor.
— Assim? — a loira puxou o corpo da outra para perto e sentiu suas mãos suarem de nervoso.
— Assim — Lena abraçou a cintura de sua amiga e depositou o rosto no seu pescoço, respirando fundo e deixando aquele perfume marcar cada parte dos seus sentidos.
Kara sentiu o corpo tremer e tentou inutilmente manter a calma. Ela podia fazer isso, não podia? Certo, ela podia.
— Lena...
— Hum?
— Eu queria... er, queria saber se... se você aceita ir no jantar na casa da Alex, sabe? É para... para Eliza, minha... minha mãe — fechou os olhos enquanto esperava a resposta negativa.
— Claro — a outra respondeu baixinho. Kara franziu cenho e sequer acreditou naquilo.
— Sério?
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Sing me to sleep
Fanfiction|Concluída| Lena tem pesadelos e Kara conhece tão bem as batidas do seu coração que sabe quando sua amiga acorda assustada no meio da noite. A solução encontrada pela heroína foi cantar para Lena dormir.