Ao mesmo tempo que a maçaneta da porta rodava, enfiámo-nos por debaixo da cama.
- É uma surpresa, embora muito agradável, ter-te aqui. – mentiu Noulsha
- Bom eu precisava de falar. Espero que esteja tudo bem, não quero incomodar.
- E não incomodas, de todo, minha querida. Conta-me, o que se passa? –pediu
- Pudemos não falar aqui? Eu preciso de um chá e…
- Isso não é problema, meu amor – interrompeu Noulsha - Eu tenho sempre chá aqui.
- Sim, mas eu preciso do chá especial da Naha. Preciso de ganhar alguma coragem, para lhe contar o que tenho para contar.
Por omentos houve silêncio. Pensei até, em sair do meu esconderijo, mas, finalmente, Noulsha falou:
- Claro.
Assim que ouvimos o bater da porta, voltámos à mesa de cabeceira, retirámos as chaves e trancamos a maldita gaveta.
- Anda, temos de ir salvar a pobre Anysha. – disse Alysha
- Espera. Não tens curiosidade? –inquiri
- Sobre o quê? – como não lhe respondi, seguiu o meu olhar até ao livro das quedas. – Nem pensar. Não quero voltar a olhar para aquela coisa outra vez, quanto mais lê-la.
Pegou-me pelo braço e arrastou-me para fora do quarto. Corremos pelos corredores do templo, quebrando assim uma das regras. Chegámos a Naha, e vimos que Anysha e Noulsha ainda estavam a pedir.
- Princesa Anysha. – intervim -bom, vê-la Shayikeli Noulsha . Princesa, estive à sua procura.
-À minha, porquê? – fingiu
- Lembra-se que me prometeu um chá. Eu disse-lhe que tinha coisas a falar.
- Oh desculpe, mas agora não posso. Talvez possamos remarcar…
- O que tenho para lhe contar não dá para remarcar.
Anysha fingiu-se hesitante por momentos. E, por fim, declarou:
- Ok. Tia, falamos depois?
Noulsha, suspeitava de algo. Pude ver no seu olhar avaliador, no entanto, presenteou-nos com o seu sorriso falso e deixou-nos ir.
Praticamente corremos para fora de lá, o que talvez levantasse ainda mais suspeitas, mas não podíamos correr o risco de ser vistas.
Depois de encontrarmos um sítio fora do alcance dos curiosos olhares, dei as chaves a Anysha e combinamos as horas e o ponto de encontro, assim como havia sido planeado. E a seguir, seguimos caminhos separados.
Alysha e eu, fomos almoçar, e finalmente voltámos aos nossos aposentos, para repousar, já que a noite seria agitada.
- Não sabia que lutavas. – comentou Alysha. Estávamos as duas deitadas na minha cama, a contemplar o monótono teto, há algum tempo.
- Há muito sobre mim que não sabes.
- Algum dia saberei? - inquiriu
- Um dia, quem sabe.
Passámos mais um tempo sem falarmos, o que me deu tempo para pensar no quanto a minha vida havia mudado.Na verdade, parecia que a minha vida atraía problemas, mistérios, falsidade e mentiras. Ao mínimo sinal de estabilidade, vinha algo ou alguém destruir.
Desde que o meu pai partira, que já não tinha em quem ou em quê, encontrar estabilidade. Na verdade, acho que já não sabia o que era ter, de facto, estabilidade.Passei da rapariga que o pai morreu a salvar a fortaleza, para a rapariga que se tornou Shayikeli, na adolescência. A primeira Shayikeli adolescente desde sempre, o que muitos acharam precipitado e estúpido.
Estava tão absorta nestes pensamentos, que nem ouvi Alysha chamar por mim, só quando me deu com a almofada na cara, é que realmente a ouvi falar: Trisha!
- Ei! – resmunguei, sentando-me de pernas à chinês na cama, como ela.
- Tens noção do que acabou de acontecer? Estavas de olhos abertos, no entanto não me ouviste gritar por ti. Estavas a dormir, ou assim?
- Não, claro que não! Estava a pensar. – O seu olhar continuava confuso, pelo que tive de me explicar – O meu pai ensinou-me isto. Os soldados têm esta técnica de se abstrair do mundo onde estão. Assim quando estão a ser torturados, abstraem-se do mundo em que estão, e não sucumbem às dores. Não sofrem, e não são tentados a dar informações.
- Então significa que não ouviste nada do que te disse? – inquiriu
- Nada. Mas peço imensas desculpas! Importas-te de repetir?
- Estava a dizer que amanhã à noite, há um jantar em casa da Keyla. Todas as Shayikelis e pessoas importantes irão lá estar.Com tudo isto esqueci de te contar, mas já encomendei o teu vestido.
- Qual o motivo do jantar?
- É mais um jantar para as pessoas socializarem, no entanto, a rainha disse que tem alguém para te apresentar.
- Como assim alguém para me apresentar?- inquiri ,desconfiada
- Um homem. - Um, prossível, futuro marido.
N/A: Olá, a todos! Esta é minha primeira nota de autor, e tou assim, um bocado, entusiasmada. xD Bom, queria, desde já, agradecer pelas leituras, e por aqueles que votam. A sério, muito obrigada. Cada leitura e cada voto significam bastante para mim. Só tinha um pedido a fazer: Gostava imenso de saber a vossa opinião sobre cada capítulo. Este, em questão, irá desencadear imensas outras ações importantes, apesar de ter sido pequeno e parado. Agora é que a ação a sério, irá começar. Bom era só isso, mesmo. Agradecer pelos votos e leituras, e, pedir que comentem, ainda que algo negativo.
Obrigada por tudo, meus queridos pandas! Vocês fazem me sorrir, a cada leitura.
Beijinhos, da panda mais feliz do mundo!
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As guardiãs dos 7 sharkas
Teen FictionShakas são um povo diferente. Embora vivam no séc. XXI, isolam-se da sociedade, vivendo assim, em fortalezas nas florestas . No entanto, não é só por isso que são diferentes. As mulheres Shakas desenvolvem capacidades sobrenaturais. Todas desenvolve...