Capítulo VII

36 10 16
                                    

I'll be satisfied if I play along... But the voice inside sings a different song
[Vou ficar satisfeita se eu cooperar*... Mas uma voz de dentro canta uma canção diferente]

(How Far I'll Go — Auli'i Cravalho)

*“Play along” na língua inglesa pode significar tanto cooperar quanto tocar junto, construindo então o trocadilho.

Tanto eu quanto Thiago não conseguíamos falar nada. Afinal, o homem que não havia hesitado em nos ajudar nem por um instante fora levado por um monstro marinho e nós não éramos capazes de fazer nada.

Vimos uma figura alada se aproximar e pousar no convés. Era um fada e uma mulher na casa dos vinte.

— Olá, gente. — Falou a mulher. — Prazer em conhecê-los. Sou Lina Corwel. — Ela olhou para mim. — Isso que eu chamo de asas.

Nenhum de nós respondeu, o que abriu espaço para que o fada perguntasse:

— Onde está Seu Matheus?

Novamente não houve resposta. As asas do fada se inclinaram para baixo até desaparecerem. Ele olhou para a mulher que com um aceno de cabeça se dirigiu para a popa e começou a guiar o barco adequadamente.

Após alguns minutos em silêncio, quando a ilha já estava explícita para nós, o fada falou em tom de tristeza:

— Sou Lucas... Também fui trazido por Seu Matheus há alguns anos atrás. Sinto a dor de vocês.

Queria dizer que não sentia, pois não fora ele que deixara Seu Matheus ser levado por um monstro e nem fora quem assistira isso sem fazer nada. Porém, apenas acenei com a cabeça e não disse nada.

Chegamos ao porto da ilha sem mais nenhuma conversa. Quando paramos, a mulher sugeriu que a gente pegasse nossas coisas e desembarcasse.

Seguimos o que ela falou e descemos para pegar nossos poucos pertences. Juntei rapidamente tudo na mochila que eu havia trazido e retornei ao convés para esperar por Thiago. Quando ele também ficou pronto, descemos na plataforma e seguimos Lina e Lucas.

No fim do píer havia uma pequena construção que obrigava quem estivesse embarcando ou desembarcando passar por dentro dela.

Entramos. A esquerda havia um balcão e atrás dele uma porção de prateleiras quadradas com coisas aleatórias. A direita tinha apenas uma parede, o que fazia com que o único caminho possível fosse passar por um retângulo detector de metais.

Lina tocou uma campainha que havia no balcão e logo apareceu um homem velho de trás das prateleiras.

— Bom, gente. — Falou a mulher. — Aqui fica o gerenciamento de entrada e saída. Para a segurança de todos, é solicitado que seja entregue o que você traz consigo para que seja avaliado e caracterizado como permitido ou não. Então, por favor, deixem suas coisas sobre o balcão que logo vocês a terão de volta.

Franzi o cenho.

— Mas... São minha roupas... E?

— Sim, sim. — Respondeu ela. — São só os procedimentos padrão. Não se preocupe, logo lhe levaremos de volta se não houver nada de ruim.

Com muita relutância tirei a mochila do ombro e a coloquei no balcão. Atrás de mim, Thiago fez o mesmo e não disse nada.

Passei pelo detector de metais que apitou.

Ah sim, o celular.

Voltei e retirei o aparelho do meu bolso.

Passei novamente, mas dessa vez sem empecilhos.

A Ilha - As Crônicas dos Nianders Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora