Capítulo VI

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Home is behind, the world ahead
And there are many paths to tread
[O lar está para trás, o mundo está a frente
E há muitos caminhos a trilhar]

(Howard Shore — The Edge Of Night)


Encontrei o contato . Havia três mensagens não lidas:

Ontem

Como estão as coisas querida?

13:47

Sei que não tem sinal

13:47

Mas se conseguir manda um oi e algumas fotos :)

13:48

Com um aperto no peito, mandei uma foto da última vez que havíamos viajado com o pai de Helena.

Um arrepio percorreu minha espinha quando observei melhor a imagem. Eu estava do lado direito da imagem segurando o celular e sorrindo; Helena se apoiava com as mãos sobre meus ombros e aparecia de trás das minhas costas rindo, já que havia acabado de tropeçar quando tirei a foto; mais ao fundo estava Léo, o único molhado na imagem pois havia sido levado pela vara de pesca até a água, e ele tentava se aproximar de Miguel com os braços abertos buscando um abraço não correspondido pelo garoto que havia acabado de sair do banho; por fim, no final do barco, o pai de Helena acenava sorrindo.

Eu não pude deixar de sorrir vendo o quadro geral da imagem... Nada de asas, ilha, monstros ou preocupações nessa foto...

Suspirei não podendo fazer nada contra os meus pensamentos e mandei alguns emojis fofos para minha vó antes de sair da conversa.

Em seguida, encontrei a conversa que não tinha certeza se queria ver ou se seria demasiada acusação para a culpa que eu já sentia. Em Léo haviam quarenta e uma mensagens e eu cliquei para ver que trinta e nove delas tinham sido deletadas e não pude ver o que estava escrito. As únicas duas que estavam visíveis eram de dois dias atrás e diziam:

Só por favor se cuida

02:27

E avise quando puder

02:27

Suspirei novamente. O que eu deveria ter feito? Está certo que se ele tivesse vindo, pelo que ocorreu até o momento, teria sido como qualquer outra viagem de barco que já fizemos, porque afinal não ocorreu nada demais. Mas e o que viria em seguida? Se chegasse a essa tal ilha, aprendesse o necessário para seguir a vida e fosse somente isso, nada mais ocorresse. Se assim fosse jamais me perdoaria por estar arriscando a sanidade de meu amigo...

Mas e se não? E se de repente tudo desse errado? Então eu jamais me perdoaria por tê-lo trazido...

Você tomou a decisão certa... Você tomou a decisão...

— Vanessa? Está tudo bem?

Thiago havia se aproximado e eu nem tinha percebido. Olhei rapidamente para o celular que já havia bloqueado a tela por conta do tempo sem uso e o coloquei em meu bolso.

— Nada, nada... está tudo bem.

Ele olhou para o bolso em que eu colocara o celular e perguntou:

— Você conseguiu sinal? — Só concordei com a cabeça. — Tinha mensagens do Léo? — Repeti o movimento. — Está tudo bem... Uma hora ele vai entender.

A Ilha - As Crônicas dos Nianders Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora