A Ilha - As Crônicas dos Nianders Vol. I

Capítulo XX

Histórias nossas histórias, dias de luta, dias de glória

(Dias de Luta, Dias de Glória — Charlie Brown Jr.)

O dia chegou e estava mais calma do que eu esperava.

Tudo corria bem. As pessoas que iriam embarcar já estavam embarcando. As pessoas responsáveis pelos helicópteros já estavam prontas. Os sereianos que iriam nadando para garantir o caminho limpo já tinham deixado o bunker junto com seu amigo ikken que eu descobrira ser um ser maravilhoso. As fadas que iriam voando para posicionar as bombas estavam se aprontando com o equipamento e era nesse local que eu estava.

Os explosivos ficavam dentro de uma bolsa de lado, não eram pesados e eram simples de se instalar: apenas prendê-los a um ponto e ativar. Tudo muito fácil.

Não vão ser necessários... Não vão ser necessários...

Em pouco tempo, o submarino deixou o local declarando a partida de todos.

O sol estava começando a se por. Tudo estava extremamente cronometrado para chegarmos lá no momento certo em que o “nosso espião” iria impedir que fôssemos vistos por radares ou qualquer outra coisa.

Paramos longe da ilha e nós, sete fadas nos dividimos para colocar as bombas.

Não vai ser necessário... Não vai ser necessário...

Me dirigi a zona pela qual eu era responsável e comecei a instalar meu primeiro dispositivo.

Não estava tão longe do prédio dos dormitórios, portanto consegui ouvir a minha própria voz falando em Niand:

— Essa é uma mensagem a todos os Nianders: vocês estão sendo enganados. Meu nome é Vanessa Dante, se lembram de mim, peço que me ouçam, se não, peço que me entendam. Vocês estão sendo mantidos nessa ilha por meios horríveis, estão bagunçando a mente de vocês para que se esqueçam de tudo que se demonstre um problema. Para provar isso irei fazer algumas perguntas para que reflitam sobre: primeiro: vocês se lembram de como era antes de virem para a ilha? Vocês se lembram de quem vocês eram e o que faziam? Lembram-se das pessoas que conheciam? Das pessoas que deixaram para trás? Da vida de vocês que deixaram para trás?... Se não, esse é o primeiro ponto pelo qual devem me ouvir. Se sim, lhes pergunto: por qual motivo vocês ficaram aqui abandonando tudo o que eram para estar aqui?... Acho que nesse momento não haverá mais respostas, já que não foi escolha de vocês estar aqui. Talvez tenha sido vir até esse lugar, mas lhes pergunto se imaginavam ficar depois disso... O que lhes peço é que se lembrem, se esforcem e se lembrem. Se questionem sobre a sua infância, se tiveram escola ou não, se brincavam ou se sofriam... Pensem se possuem memórias felizes ou tristes... Pensem se possuem memórias... Se questionem... Nesse exato momento, nós barramos o som que provoca tudo essas coisas, para que possam finalmente jugar se querem de verdade isso... Se não quiserem, há um submarino na costa ao lado dos dormitórios. Todos serão bem vindos. Há lugar para todos... Daqui iremos para um lugar onde será proporcionado tudo que tinham aqui, mas com um diferencial, vocês poderão escolher se querem estar lá ou não e se lembrarão de tudo... Juntos somos fortes, não precisamos ter que escolher entre o esconderijo e a manipulação mental, há mais uma opção e, se vocês quiserem essa opção, venham comigo e, unidos, nós iremos transforma-la em nossa realidade.

Ao fim do áudio eu tinha posto minha última bomba e minhas mãos tremiam um pouco.

Não vai ser necessário... Não vão ser necessário...

Voei e vi fadas carregando outras pessoas na direção do submarino e pessoas indo por terra da melhor maneira que conseguiam.

Me dirigi ao helicóptero de comando onde encontrei James e Samirah.

— Como foi?

Olhando para a tela com círculos Samirah respondeu:

— Ótimo, você conseguiu, estão todos saindo.

Suspirei aliviada, porém ainda mantendo uma parte de mim tensa.

Ouvi a voz no rádio do helicóptero e me preocupei ao perceber que era Päivi dizendo:

— Vanessa? Vanessa?! Eu sei que você está nesse helicóptero ouvindo, então ouça o que eu tenho a dizer: ou vocês se rendem ou iremos explodir o submarino.