A Ilha - As Crônicas dos Nianders Vol. I

Capítulo I

Festa estranha com gente esquisita
Eu não tô legal

(Eduardo e Mônica — Legião Urbana)

— Quanto tempo falta? — Perguntou Helena com a voz esperançosa depois de finalmente se levantar do meu ombro.

Olhei no relógio e dei um sorriso.

— Dois minutos.

— Sério?! — Leonardo se virou e olhou para mim como se estivesse lhe dando a melhor notícia da sua vida.

— Não. — Desfiz meu semblante feliz. — Ainda são seis e cinco. Então ainda temos quinze minutos nos separando das férias.

Helena escorregou na cadeira apoiando a cabeça no braço dessa enquanto soltava um som de tristeza.

— Pelo menos não é aula mesmo. — Falou Léo batendo a cabeça na parede ao seu lado.

— Estamos a três horas ouvindo o diretor falando coisas sobre o que já sabemos... Eu preferia ter aula.

Helena riu antes de dizer:

— Pelo menos pegamos lugar na última fileira. — Ela sorriu de lado. — Eu dormi a maior parte do tempo e ninguém percebeu.

— Acredite. — Leonardo falou em um tom sério. — A Nessa percebeu. Ela quase se afogou com a sua baba.

A garota deu uma risada irônica e se sentou novamente. Pegou a blusa em seu colo e a abriu para mostrar para nós.

— Viu. Primeiro que eu coloquei minha blusa como apoio, então mesmo que tivesse babado não teria problema. E segundo: não tem nenhuma baba.

Eu estreitei um pouco os olhos e apontei para um pequeno círculo minimamente mais escuro na blusa preta.

— Ah eh... Então o que é isso?

Ela olhou e logo enrolou a blusa novamente.

— Helena, — eu disse calma — você baba.

Ela revirou os olhos e suspirou forte pouco antes do professor de história aparecer magicamente na fileira da frente nos mandando parar de falar.

Os próximos minutos foram tão emocionantes quanto todos os outros trezentos e cinquenta. Até que finalmente, em meio a minha canção mental de Inverno de Vivaldi e para a felicidade geral, o mais belo som soou em nossos ouvidos declarando o início das férias de fim de ano.

Por estarmos na última fileira, fomos os últimos a sair do teatro para o pátio onde encontramos o resto do grupo que nos olhava com o rosto sério.

— O que foi? — Perguntou Leonardo.

— Nada. — Lorena nos encarou. — Afinal vocês apenas pegaram lugar no fundo só para vocês... Nada demais.

Helena riu antes de dizer:

— Bom, ninguém mandou vocês ficarem enrolando.

— Onde sentaram? — Perguntei.

Miguel jogou a cabeça para trás e suspirou para falar: