Matt
Evitei Julie o dia todo. Ela me fez ficar vulnerável na noite anterior. Não posso tolerar isso!
O barulho dos passos e das risadas de Camille não estavam ajudando nem um pouco. O som competia com a tempestade que caía. O barulho e as as risadas chegavam até mim, provocando uma enorme vontade de ver o que acontecia.Continuei dizendo para mim que tinha muito trabalho a fazer. Olhei para o computador, através dos quais gerenciava as minhas empresas e comunicava-se com os empregados. Peguei o controle do video game e comecei a jogar free fire. Colocando o volume bem alto, tentei abafar o som das vozes femininas que brincavam no castelo.
Não podia deixar de admirar ao ver como Julie se envolveu com a menina, em poucos dias. Não eram apenas as brincadeiras, as risadas, mas os pequenos cuidados que percebia, como as fitas nos cabelos, combinando com as roupas, o modo como arrumava a mesa. E também como deixava de lado qualquer coisa quando a menina precisava. Eu desejava estar lá para abraçá-la, para amarrar os sapatos, enxugar as lágrimas.
Parei de jogar e liguei o interfone, no volume no máximo, para poder ouvir o som da casa toda. Era estranho, depois de tanto tempo vivendo no silêncio.
— veja, Julie!
Ouvir passos e um gemido... de Julie .
— Oh, Camille, é um gatinho!
— Posso pegá-lo? -- minha filha perguntou.
— Claro que pode. Vou buscá-lo para você. Se ele vier, podemos trazê-lo para dentro. Se não vier é porque não está pronto para ficar conosco.
— ok. Espero que ele venha.
Franzir a testa, levantei e fui até a janela que dava para o pátio de trás. Julie correu para fora, vestindo uma capa amarela. Ali, na grama, estava um gatinho minúsculo, branco e todo molhado. Ela ajoelhou-se e estendeu a mão, esperando.
O gatinho aproximou-se dela. Camille soltou um grito alegre, quando Julie correu para dentro com o gatinho nos seus braços.
Apertei o botão do interfone.
— Um gato,Julie ?
— É um gatinho, acho bom pra ela ter uma companhia... talvez diminua a dor....e eu imaginei que estivesse trabalhando.
Ignorei o comentário.
— Não acho uma boa idéia.
— o gatinho é inofensivo. Mas inofensivo que você.
Ela está me chamando de gato?
— esse animal mia fora de hora. E isso não vai diminuir a dor.
— É, não vai. Ela precisa que o pai deixe a escuridão e venha ficar com ela.
A culpa me dominou , sem querer, olhei para a mão coberta de cicatrizes.
— Droga, Julie! sabe que não posso fazer isso.
— Não, Matt, eu não sei. — A exasperação era evidente na voz dela -- a única coisa que sei é que está negando a si próprio.
Passei a mão pela nuca dolorida.
— ele vai ficar!
— Julie..
A voz dela soou mais baixa.
— Segure-o com cuidado, ele é um filhotinho.
Depois sua voz soou no interfone.
— Se pudesse ver o rosto dela, não questionaria nada.
Como poderia recusar, sem parecer cruel?
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Venha Para Luz
SpiritualUma fera.... foi o que Matt Cambridge se tornou, depois de um trágico acidente que o desfigurou. Agora abandonado e solitário, se esgueirando pela sombra de seu próprio castelo, ele tenta viver sua vida sem arrependimento algum. Assim como a fera...