Capítulo 8

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Matt

Evitei Julie o dia todo. Ela me fez ficar vulnerável na noite anterior. Não posso tolerar isso!
O barulho dos passos e das risadas de Camille não estavam ajudando nem um pouco. O som competia com a tempestade que caía. O barulho e as as risadas chegavam até mim, provocando uma enorme vontade de ver o que acontecia.

Continuei dizendo para mim que tinha muito trabalho a fazer. Olhei para o computador, através dos quais gerenciava as minhas empresas e comunicava-se com os empregados. Peguei o controle do video game e comecei a jogar free fire. Colocando o volume bem alto, tentei abafar o som das vozes femininas que brincavam no castelo.

Não podia deixar de admirar ao ver como Julie se envolveu com a menina, em poucos dias. Não eram apenas as brincadeiras, as risadas, mas os pequenos cuidados que percebia, como as fitas nos cabelos, combinando com as roupas, o modo como arrumava a mesa. E também como deixava de lado qualquer coisa quando a menina precisava. Eu desejava estar lá para abraçá-la, para amarrar os sapatos, enxugar as lágrimas.

Parei de jogar e liguei o interfone, no volume no máximo, para poder ouvir o som da casa toda. Era estranho, depois de tanto tempo vivendo no silêncio.

— veja, Julie!

Ouvir passos e um gemido... de Julie .

— Oh, Camille, é um gatinho!

— Posso pegá-lo? -- minha filha perguntou.

— Claro que pode. Vou buscá-lo para você. Se ele vier, podemos trazê-lo para dentro. Se não vier é porque não está pronto para ficar conosco.

— ok. Espero que ele venha.

Franzir a testa, levantei e fui até a janela que dava para o pátio de trás. Julie correu para fora, vestindo uma capa amarela. Ali, na grama, estava um gatinho minúsculo, branco e todo molhado. Ela ajoelhou-se e estendeu a mão, esperando.

O gatinho aproximou-se dela. Camille soltou um grito alegre, quando Julie correu para dentro com o gatinho nos seus braços.

Apertei o botão do interfone.

— Um gato,Julie ?

— É um gatinho, acho bom pra ela ter uma companhia... talvez diminua a dor....e eu imaginei que estivesse trabalhando.

Ignorei o comentário.

— Não acho uma boa idéia.

— o gatinho é inofensivo. Mas inofensivo que você.

Ela está me chamando de gato?

— esse animal mia fora de hora. E isso não vai diminuir a dor.

— É, não vai. Ela precisa que o pai deixe a escuridão e venha ficar com ela.

A culpa me dominou , sem querer, olhei para a mão coberta de cicatrizes.

— Droga, Julie! sabe que não posso fazer isso.

— Não, Matt, eu não sei. — A exasperação era evidente na voz dela -- a única coisa que sei é que está negando a si próprio.

Passei a mão pela nuca dolorida.

— ele vai ficar!

— Julie..

A voz dela soou mais baixa.

— Segure-o com cuidado, ele é um filhotinho.

Depois sua voz soou no interfone.

— Se pudesse ver o rosto dela, não questionaria nada.

Como poderia recusar, sem parecer cruel?

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