Julie
Mas a nossa noite animada não vai acontecer. A tempestade está ficando cada vez pior e há muito que fazer. Vestindo jeans e camiseta, ajudo Richard e Matt a proteger o pátio e os estábulos. Richard já rebocou o carro da beira da estrada para a garagem, insistindo que vai consertá-lo, já que é responsável por sua manutenção.
Matt alimentou os cavalos e abrigou-os nas cocheiras, reforçando as portas. Tinhamos sorte, já que a casa e as demais construções fica no alto da colina, e a enchente não pode alcançá-las.
Mas quando Matt me disse para arrumar nossa, para eu e Camille partirmos na próxima balsa, fingir não ouvir. Não vou sem ele, de jeito nenhum.
E ele não vai.
Por mais que eu queira fugir. Pois sinto que meu ex marido em algum momento vai saber onde estou. Se já não sabe.
Não posso deixá-los, ainda não. Talvez depois da tempestade.
Deixo meus temores de lado, por mais que por dentro eu esteja me correndo. E ajudo a a nos preparar para enfrentar a tempestade.
Já tinha colocado lanternas e velas por toda a casa. Embora Matt tenha gerador, no caso de a luz acabar, acho melhor estar prevenida.
O furacão ainda não está perto, mas já podia sentir seus efeitos. Camille tem sua própria lanterna, e eu preciso insistir para que a desligasse, ou vai acabar sem pilhas. Por fim, ela colocou sobre a geladeira.
Camille senta no sofá. Assiste a um vídeo no celular, com a gatinha no colo, e nem presta atenção em nós.
Vou até a cozinha preparar um café.
-- Quero que pegue a próxima balsa e saia da ilha. Fique num hotel -- Matt diz entrando.
-- Não há mais quartos de hotel disponíveis. Todos estão saindo da ilha -- digo me virando para ele -- Você iria conosco?
-- E claro que não -- fala como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
--- então, esqueça.
-- Julie, vocês precisas sair daqui.
- Não vou deixá-lo sozinho, Matt -- digo lhe dando um olhar mortal.
-- Sou bem crescido -- o meu olhar o percorre dos pés à cabeça.
-- Eu sei. Mas não vou assim mesmo.
Sua atitude me fez lembrar que as vezes eu o odiava, apesar de gostar muito dele.
-- Vai, sim! Eu já disse.
Cruzo os braços enfrentando ele. Matt não vai ganhar essa discussão.
-- Então me obrigue.
-- Que droga, Julie. Será que não vê o perigo? -- disse exaltado.
-- Não grite comigo, Matt. Se eu e Camille formos, você e Richard terão que vim conosco.
-- De jeito nenhum -- Ele pega o telefone e disca -- Nem que eu tenha de amarrá-las e colocá-las no barco, irão para um lugar seguro.
-- Estamos seguras aqui. Muito mais do que dirigindo nessa chuva para encontrar um hotel. E com certeza mais seguras do que o resto da ilha -- Matt não me ouve, ele fala com os policiais responsáveis pela balsa e pergunta quando partirá a próxima, e quase grita com o homem, pedido desculpas em seguida.
-- Conseguiu o que queria. Não há mais balsas.
-- Não me admira. Olhe a água -- aponto para fora da janela. As ondas enormes bate no cais, e o vento sopra cada vez mais forte.
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Venha Para Luz
SpiritualeUma fera.... foi o que Matt Cambridge se tornou, depois de um trágico acidente que o desfigurou. Agora abandonado e solitário, se esgueirando pela sombra de seu próprio castelo, ele tenta viver sua vida sem arrependimento algum. Assim como a fera...