capítulo 18

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Julie

Mas a nossa noite animada não vai acontecer. A tempestade está ficando cada vez pior e há muito que fazer. Vestindo jeans e camiseta, ajudo Richard e Matt a proteger o pátio e os estábulos. Richard já rebocou o carro da beira da estrada para a garagem, insistindo que vai consertá-lo, já que é responsável por sua manutenção.

Matt alimentou os cavalos e abrigou-os nas cocheiras, reforçando as portas. Tinhamos sorte, já que a casa e as demais construções fica no alto da colina, e a enchente não pode alcançá-las.

Mas quando Matt me disse para arrumar nossa, para eu e Camille partirmos na próxima balsa,  fingir não ouvir. Não vou sem ele, de jeito nenhum.

E ele não vai.

Por mais que eu queira fugir. Pois sinto que meu ex marido em algum momento vai saber onde estou. Se já não sabe.

Não posso deixá-los, ainda não. Talvez depois da tempestade.

Deixo meus temores de lado, por mais que por dentro eu esteja me correndo. E ajudo a a nos preparar para enfrentar a tempestade.

Já tinha colocado lanternas e velas por toda a casa. Embora Matt tenha gerador, no caso de a luz acabar, acho melhor estar prevenida.

O furacão ainda não está perto, mas já podia sentir seus efeitos. Camille tem sua própria lanterna, e eu preciso insistir para que a desligasse, ou vai acabar sem pilhas. Por fim, ela colocou sobre a geladeira.

Camille senta no sofá. Assiste a um vídeo no celular, com a gatinha no colo, e nem presta atenção em nós.

Vou até a cozinha preparar um  café.

-- Quero que pegue a próxima balsa e saia da ilha. Fique num hotel -- Matt diz entrando.

-- Não há mais quartos de hotel disponíveis. Todos estão saindo da ilha -- digo me virando para ele  -- Você iria conosco?

-- E claro que não -- fala como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

--- então, esqueça.

-- Julie, vocês precisas sair daqui.

- Não vou deixá-lo sozinho, Matt -- digo lhe dando um olhar mortal.

--  Sou bem crescido -- o meu olhar o percorre dos pés à cabeça.

-- Eu sei. Mas não vou assim mesmo.

Sua atitude me fez lembrar que as vezes eu o odiava, apesar de gostar muito dele.

-- Vai, sim! Eu já disse.

Cruzo os braços enfrentando ele. Matt não vai ganhar essa discussão.

-- Então me obrigue.

-- Que droga, Julie. Será que não vê o perigo? -- disse exaltado.

--  Não grite comigo, Matt. Se eu e Camille formos, você e Richard terão que vim conosco.

--  De jeito nenhum -- Ele pega o telefone e disca -- Nem que eu tenha de amarrá-las e colocá-las no barco, irão para um lugar seguro.

-- Estamos seguras aqui. Muito mais do que dirigindo nessa chuva para encontrar um hotel. E com certeza mais seguras do que o resto da ilha -- Matt não me ouve, ele fala com os policiais responsáveis pela balsa e pergunta quando partirá a próxima, e quase grita com o homem, pedido desculpas em seguida.

-- Conseguiu o que queria. Não há mais balsas.

--  Não me admira. Olhe a água -- aponto para fora da janela. As ondas enormes bate no cais, e o vento sopra cada vez mais forte.

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