Ela desmanchou a ruga que ele formara na testa com a ponta do dedo.
_ Não fique assim.
Ele beijou a mão dela e desviou os olhos.
_Desculpe.
_Por favor, Sam, se você fraquejar agora, eu não vou aguentar.
Ele conteve o fôlego, concordou e soltou o ar.
Você precisa dizer a ela. dizer que está apaixonado, que a ama.
O rosto dele se contraiu, e Sam olhou fixamente para o chão. Não. Ela lhe dissera que eles eram apenas amigos e nada mais. Se ele dissesse a ela, não tinha dúvida de que a amizade entre os dois iria acabar. Ela se entregará a ele sem reservas nas noites passadas mas isso, não anulava o que ela já havia lhe dito, Discutir aquele assunto e mostrar a ela que deveriam ficar juntos, num momento em que ela tinha tantos problemas a enfrentar, seria se arriscar a perder tudo. Ele não gostava de esperar, mas queria tê-la em sua vida. Por mais frustrante que fosse, precisaria esperar. Mas não por muito tempo.
Uma porta se abriu e todos os olhares se voltaram para o Dr: Graham, que se dirigiu a eles dois com um sorriso.
_Boa tarde, Caitriona. Que bom que você veio - falou ele baixinho, mas foi ouvido pelas pessoas mais próximas, que logo a reconheceram.
Cait corou e se levantou, apertou a mão de Sam e seguiu o médico até o consultório.
_ Vocês viram como está a cidade? - disse o doutor com uma expressão preocupada.
_Sim. É inacreditável.
_Não foi tão ruim como o outro, mas foi feio.
Cait concordou, com uma expressão serena, mas, pela maneira que ela contraía os lábios, Sam percebeu que ela estava inquieta.
_Então... - disse Sam_ Vocês refizeram os testes?
_Refizemos. - O Dr: Graham tossiu, tirou os óculos e jogou-os sobre a pasta.
_E...?
O médico consultou o conteúdo da pasta por um tempo que parecia ser interminável. Por fim, puxou uma folha e também demorou muito tempo para lê-la.
Cait se inclinou sobre a mesa e franziu as sobrancelhas.
_O que foi?
O Médico corou.
_Primeiro, quero dizer que sinto muito pelo que você tem passado. Nós costumamos seguir regras restritas que, infelizmente, eu quebrei por causa da minha amizade com a sua mãe. Ele tossiu. _Mas agora posso afirmar que... Ele olhou para o papel e voltou a olhar para ela._Houve uma confusão no laboratório. Algumas amostras foram etiquetadas erradamente. O resultado do seu teste deu negativo para doenças neurodegenerativas.
A sensação foi de ter levado uma bolada no peito, acertada pelo melhor goleador do mundo. O soluço de Sam se misturou ao soluço mais alto e delicado de Cait. Ela arregalou os olhos e ficou congelada. Quando falou, sua voz ofegava, como se ela tivesse corrido escada acima.
_Desculpe... O quê?
_Os resultados dos seus exames de sangue deram negativo para doenças do neurônio motor. Você está imune é saudável, e...
As batidas do coração de Sam abafaram o resto. Ela era saudável. O resultado fora negativo. O alívio que ele sentiu não se comparava ao que já sentira em outras ocasiões. Aquilo era pura alegria, uma felicidade que lhe tirava a respiração e que o fazia sentir uma gargalhada subindo por dentro do peito, antes que ele a suprimisse.
Ela vai ter o bebê. Nosso filho.
Ele soltou uma exclamação exaltada, virou-se para ela e abraçou-a com muita força e, talvez, com demasiada emoção, mas a felicidade que ele sentia era difícil de conter. Ela viveria e veria o filho crescer, dar os primeiros passos, ir à escola, namorar, casar.
Ela iria viver.
Ele se afastou o suficiente para pegar no rosto dela, sabendo que o seu sorriso se estendia de uma orelha à outra porque ela fazia o mesmo.
_ Livre - sussurrou ela, com o rosto alegre coberto de lágrimas.
_Livre - repetiu ele. _Nós vamos ter um filho.
Ela arregalou os olhos e concordou.
O teste dera negativo. Ela iria ter um bebê. Ainda não conseguira avaliar a extensão das duas coisas que mudariam totalmente a sua vida.
O Dr: Graham pigarreou, e ela e Sam se voltaram para ele, a emoção fora tanto que até haviam esquecido que estavam de frente para o homem
_ Obrigada, doutor. - O sorriso dela era tão amplo que chegava a doer. _Essa era a melhor notícia que eu poderia receber.
_De nada. O médico recostou na cadeira e passou a mão na cabeça. _Mas ainda existe um problema.
_ Qual? - quis saber Cait.
O doutor tossiu.
_O sangue da sua mãe era tipo O, correto?
_Era o que estava registrado nos formulários do hospital - disse Cait.
_O seu tipo sanguíneo é AB.
_Sim.
_Aí é que está o problema.
Cait sacudiu a cabeça.
_ Desculpe, eu não estou entendendo.
_Em outros casos, eu recomendaria outros exames de sangue, faria um discurso sobre checar resultados e iria aconselhá-la a conversar com o seu médico... Mas eu conhecia a sua mãe há muito tempo e lhe devo isso. - O doutor suspirou. _O que estou querendo lhe dizer é que é impossível que alguém que tenha sangue O tenha um filho com sangue AB.
Caitriona ficou surpresa e sacudiu a cabeça. _Deve ter ocorrido um erro. Precisamos refazer o exame do tipo de sangue.
O Dr: a encarou com simpatia e preocupação.
_Sinto muito. Nós fizemos o exame três vezes. Não há engano.
_O quê?
Cait ficou imóvel, tentando decifrar o significado daquela revelação. Muito bem: sua mãe era sangue O; ela era AB. Não havia relação entre O e AB, Isso queria dizer que...
De repente, ela apertou a mão de Sam com força.
_Espere aí... Está me dizendo que é impossível que minha mãe seja minha mãe?
O Dr. concordou.
_Não! - exclamou ela com firmeza._Os exames estão errados. Como... como o primeiro resultado do meu exame! Foi um erro. Um erro humano.
_Não, o exame está certo. Desta vez, fomos muito cuidadosos. Tudo foi feito corretamente. - Reparando como ela estava pálida, o dr. fez uma pausa. _Olhe, Cait, posso colocá-la em contato com alguém que...
Ela levantou tão depressa que ficou tonta.
_Não... Eu não... - Ela não completou a frase. Abriu a porta e saiu do consultório.
Impossível. Ridículo. Tinha que ser um erro.
Cait passou pela sala de espera e atravessou o corredor, sem ouvir Sam chamá-la. Parou diante da porta do elevador, apertou o botão e tentou organizar os eventos dos últimos dias, separando-os em compartimentos, tentando encontrar um pouco de tranquilidade e de ordem. Não conseguiu. Estava longe de se sentir tranquila. Acreditara ter uma doença mortal, e conviver com os sentimentos, com a preocupação, com o abalo emocional causados por essa crença haviam-na esgotado. Sim, ela conseguira lidar com aquele fato, ainda que, no fundo, se recusasse a aceitá-lo. E, agora, quando o seu maior desejo se realizara, que soubera estar livre da doença...
Ela não sabia quem era.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Best Lovers ♡
FanfictieSam sempre esteve por perto para ajudar Caitriona. Agora, depois de uma noite fora do roteiro, ele está prestes a se tornar o pai do filho dela! Cait não consegue entender como foi cair em tentação e dormir com seu melhor amigo. Mas quando ele a lev...