Capítulo 26

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                                                                                 - Bárbara 

Olho para trás rapidamente no susto e vejo uma pessoa que eu já não vejo faz um bom tempo. Dona Sônia, a senhorinha que me ensinou dançar na chuva, digamos que me ensinou a lavar a alma como ela mesma gosta de dizer.

- Dona Sônia, quanto tempo. - Digo me levantando para abraçar ela.

- Eu que o diga. - Diz ela me abraçando mais forte. - E como você está Babi? - Pergunta ela assim que se senta ao meu lado.

- Digamos que eu estou indo. - Digo olhando para um lugar qualquer.

- Vai indo bem? 

- Bem não, somente indo mesmo. - Digo sorrindo sem mostrar os dentes.

- Ah, vejo que tem algo mais. - pausa. - Quer falar sobre? 

Balanço a cabeça negativamente.

- Tá bom. Mas então me diz, como está o meu casal favorito. - Pergunta ela abrindo um largo sorriso.

- Casal favorito? - Pergunto confusa.

- Sim. Você e o menino que dançaram na chuva comigo. 

- Ah, o Thiago. - pausa. - Não somos um casal. Eu namoro outro garoto, não podemos dizer 'namoro', mas não é com Thiago.

- Você está brincando comigo? - Pergunta me olhando com cara de assustada.

- Não, não estou.

- Então é só por enquanto mesmo. Vou te dizer uma coisa, você está 'namorando'. - Diz ela fazendo sinais de aspas com as mãos. - Com este garoto, mas é simplesmente para você aprender uma coisinha. O casalzão vai se juntar ainda. - Diz ela me cutucando. - E quando esse casal estiver junto, ah meu Deus, vai ser de deixar qualquer outro com inveja. - Completa ela me deixando mais confusa ainda. - Pois quando vocês dois estavam dançando juntos, vocês estavam tão lindos, uma energia tão positivo, uma alegria tão boa pairava no ar. 

- Me desculpe, mas acho que a senhora não está falando coisa com coisa. 

- Pode não parecer, mas é simplesmente por você não querer acreditar. - Ela para de falar assim que seu celular apita. - Vai se tornar real, você vai ver. - Diz ela já se levantando. - Tchau minha menina, preciso ir. 

E lá se foi ela, me deixando mais confusa ainda. Como é que eu vou acreditar numa coisa dessas? O que é que vai acontecer? Ou melhor o que é que eu vou aprender né. Tenho até medo das lições da vida. Ou ela me deixa sem ninguém, ou eu perco alguém, ou então algo muito ruim acontece.

Fico mais um tempo observando as crianças e ao cair da noite decido ir visitar a Brena, não gosto muito de hospitais, por causa do tanto de pessoas de branco, e de uma certa forma elas me assustam. Pelo simples fato de que pessoas no mesmo ambiente e no mesmo uniforme salvam mas também tiram vidas. 

Pulsar do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora