⍟ twenty nine

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Jungkook estava afundado no sofá, uma pasta estava aberta em seu colo e ele segurava duas folhas entre as mãos. Seus olhos mergulhavam novamente nos documentos de Derek e na sua desprezível biografia. Por mais que tenha relido umas cem vezes sobre o perfil dele, sabia que devia recolher mais informações.

Derek passou por uma infância violenta, seus pais se separaram quando ele tinha apenas seis anos e seu padrasto espancava sua mãe toda vez que chegava bêbado. Ele passou a se esconder embaixo da cama sempre que o companheiro de sua mãe voltava do trabalho. Sangue e coisas quebradas era tudo o que ele via na manhã seguinte, todos os dias, por anos.

Isso continuou se repetindo até que ele decidiu abandonar sua casa e fugir. Morou na rua por meses, onde procurou inúmeras formas de ganhar dinheiro, uma delas foi a prostituição. Ele não amaldiçoava o sexo por dinheiro, mas o aborrecia receber ordens de como fazer. Acabava se metendo em brigas de gangues nos bairros onde dormia e até testemunhou uma morte. Inicialmente, ver a vítima se engasgar com o próprio sangue foi chocante, porém, ao assistir outras mortes de perto e até realizar algumas, acabou se tornando igualmente prazeroso.

Ele conheceu proprietários de empresas de modelos, dormia com alguns e matava-os quando os achava irrelevantes, simplesmente, para ter seu terno e roubar seu dinheiro. A partir disso, deixou de lado o meretrício e passou a consultar a zona de marketing. Todos da área tiveram interesse em seu fascinante discurso, conseguindo causar, facilmente, muitas disputas pela sua admissão.

Ele folheou a página, buscando provas que confirmassem que Derek já tinha sido preso, mas nada mostrava que ele pagou pelas mortes e sim que havia melhorado moralmente e dado a volta por cima. Consequência das drogas e de um passado sofrido era a resposta para as suas ações descritas nos relatórios.

Jungkook largou uma mão para esfregar os olhos e colocou os papéis de volta na pasta. Ele olhou as horas em seu relógio de pulso e os ponteiros apontavam para nove horas e vinte minutos da noite. O prédio estava em total silêncio, exceto por Rose escavando as gavetas do armário da cozinha e cortando alguma coisa na tábua de corte.

Ele acabou fazendo um som profundo e deslizando o corpo pelo estofado, deixando a cabeça, meramente, apoiada no encosto do sofá.

– Gosta de tacos, bonitão? – ela perguntou da entrada, ganhando seu olhar e um sorrisinho fraco.

– Se forem feitas por suas mãos, eu aceito.

Por um momento ela quase se engasgou. A mão que segurava uma faca com a lâmina maior se afrouxou e o objeto pontiagudo caiu no chão. Isso pareceu diverti-lo. Ele acabou sorrindo, um brilho animado brincando em sua expressão.

– O que disse? – perguntou ela, parcialmente atordoada.

Jungkook umedeceu os lábios e apoiou os cotovelos sobre os joelhos, conectando seu olhar no dela.

– Eu disse alguma coisa? – provocou.

– V-Você disse. Eu quero ouvir de novo.

Ele franziu as sobrancelhas e se inclinou, preguiçosamente, contra o estofado. – Falei que aceito.

– Você afirmou outra coisa antes disso.

Jungkook deixou o sofá de repente e passou cavalgando para dentro da cozinha, mas antes parou ao lado dela e lançou-lhe um olhar furtivo.

– Assustada? – Ela engoliu em seco, enterrando uma onda de fascínio.

– Eu diria enfeitiçada. – retrucou, vendo um sorriso sacana se formar na boca dele.

– Por mim?

– Você sabe a resposta.

Seus olhos seguiram os dela de perto, refletindo um brilho caprichoso. Ele fixou-a com um sorriso negro e convidativo, depois se afastou, seguindo até a despensa.

dangerous || 1ª TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora