CAPÍTULO 3

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No cômodo, Andy ficou parada à porta, observando o que parecia ser uma sala de visitas.

— Sente-se — Miranda instruiu a meio caminho do bar opulento e bem servido ao fundo do quarto. Porém, percebendo que Andrea ainda continuava no mesmo lugar, ela parou, e como que se recordando de algo, a mulher deu um suspiro impaciente. — Andrea, "por favor", sente-se — pronunciou lentamente.

Não foi sua intenção lembrar à editora de usar boas maneiras. Andy apenas estava imersa na avaliação do local, já que ela nunca esteve lá antes. A decoração era refinada e luxuosa, uma vitrine impecável preparada para impressionar. Comparado com o restante da mansão que ela conhecia, o lugar era tão impessoal, que Andy sentiu um real calafrio percorrer seu corpo. No entanto, o seu ego agradeceu àquele momento raro, quando Miranda Priestly, lembrou-se da palavra mágica 'por favor'.

Andy sorriu ligeiramente e fez como pedido, sentando-se em um dos sofás requintados. Pelo menos era confortável.

Miranda bufou e chegou ao bar. Escolheu uma garrafa de Clos Vougeot Grand Cru 2005, abriu-a com um saca-rolha exclusivo, pegou duas taças e voltou. Sem qualquer comentário, ela deu uma das taças para Andrea, e depois a serviu. Depois, Miranda sentou-se no sofá em frente à mulher mais jovem, com calma encheu sua própria taça e colocou a garrafa no chão, sobre o pequeno tapete persa entre os móveis.

Andy olhou para a peça de cristal em sua mão, admirou o líquido carmesim por alguns instantes antes de tomar um longo gole. Delicioso. Vinho francês dos bons. Reparou que Miranda também bebericava o seu. Levaram o seu tempo com a bebida. Ambas precisavam relaxar um pouco antes da conversa.

Passado mais alguns minutos de silêncio tático, Miranda olhou para Andrea com curiosos olhos azul-esverdeados, como se dissesse: e então?

Andy respirou profundamente.

— Er... Bem... — começou nervosa, e em seguida parou, tentando recuperar o controle.

Era estranho ter Miranda Priestly esperando tão ansiosamente por algo que ela tinha a dizer, ou ser tão paciente.

— Anh... Bem... Já que estou aqui, você deve imaginar que pretendo aceitar sua proposta... Caso contrário, poderia apenas ter ligado e dito que não, e-

— Então, você aceita? — Miranda mais velha quis reafirmar o óbvio.

— Si-sim... Mas precisamos discutir tudo... Olha, é uma situação incomum, e-

— Claro. Entendo perfeitamente. Aponte os seus termos — Miranda comandou.

Andy engoliu em seco. Estabelecer limites para Caroline e Cassidy era uma coisa, agora, dizer o que ela queria e iria aceitar de Miranda Priestly, era outra questão muito mais perigosa e cheia de ramificações. Ela gelou. Sua boca estava ridiculamente semiaberta.

Miranda revirou os olhos.

— Andrea, como aparentemente o vinho anestesiou seus neurônios, que por sinal, já pareciam estar de folga hoje, deixe-me lidar com isso... Se tivermos algum desacordo, discutiremos o tópico, certo?

Andy assentiu com a cabeça, o rosto corado, seus olhos expectantes.

— Primeiro: tudo isso estará em um contrato — Miranda começou.

Andy deu um aceno positivo.

— É terminantemente proibido falar sobre a nossa situação para a imprensa, antes de ser autorizado por mim. Você deve manter o nosso verdadeiro acordo em segredo. Entretanto, se precisar compartilhar com alguém, com seus pais ou um amigo íntimo, por exemplo, certifique-se que eles irão ficar de boca fechada. Porque se vazar, você quem vai pagar por isso...

Pedido InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora