CAPÍTULO 46 [FINAL]

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Apesar da euforia com as festas de final de ano, Miranda Priestly ainda trabalhava incansavelmente. Não que Runway estivesse em um momento difícil. A revista seguia um sucesso e com picos publicitários mais que satisfatórios. Durante o drama da família Priestly, Nigel e a equipe foram muitíssimo competentes.

Agora, a missão de Mirada era pessoal. Desejava deixar o planejamento dos próximos dias de Runway encaminhados, seu pessoal, afinado com suas instruções. Afinal, não queria interrupções em sua escapada para Hamptons com Andrea, depois do Natal.

Andrew já estava com quase nove meses e não seria problema deixá-lo com os avós, madrinhas e a penca de tios e tias que o menino herdara, além da assistência de uma babá profissional. Andrea vinha estocando leite materno para que fosse dado ao filho, enquanto estivessem fora. Tudo havia sido meticulosamente planejado.

As mães sabiam que não seria fácil separarem-se, mesmo ainda que por poucos dias, do menino robusto e esperto, que trouxera a todos tanta alegria em momentos ainda tão nebulosos. No entanto, o casal precisava de um tempo sozinho para descansar, e, sobretudo, recobrar a totalidade de sua intimidade.

* * * *

Um dos preparativos de Miranda para os dias com Andrea foi o que chamou de "diário de navegação", que nada mais era, do que um manual explicativo do que deveria ser feito em sua ausência.

A editora digitava nele trechos de instruções específicas a respeito de algumas amostras, e franziu ainda mais os lábios, quando o barulho tornou-se impossível de ignorar.

Miranda suspirou em derrota. Em seguida, balançou a cabeça e sorriu. Depois de salvar o arquivo, levantou-se. Foi até a janela do home office, e não segurou um bufo divertido.

Andrea, Douglas, Eliza, Lillian, Sophie e Nicolas, irmão de Eliza e atual namorado de Douglas, corriam pelo quintal traseiro da mansão como crianças despreocupadas, ao passo que riam e jogavam bolas de neve, uns nos outros.

Mesmo Miranda não podendo vê-las, sabia que as gêmeas estavam seguramente assistindo-os do alpendre traseiro, pois suas risadas e torcida eram nitidamente audíveis.

Um Natal branco.

Como do ano passado.

Diferente dele, porém, aquele já se encontrava repleto de alegria.

Mesmo com a família Priestly ainda longe de absoluta tranquilidade, exaltavam à esperança. Uma bela celebração da vida.

Embora o procedimento tenha sido um sucesso, a recuperação das gêmeas era vagarosa e ainda cheia de vigilância. As semanas de isolamento foram difíceis, mais para Cassidy, que logo depois do transplante desenvolveu pneumonia não infecciosa. Por conta da imunidade baixa, apesar do tratamento rápido, algumas complicações resultaram em asma moderada, que ainda não se sabia se seria permanente.

Não era raro aos pacientes de transplante de medula óssea apresentar sequelas. Apesar do restabelecimento mais rápido, Caroline, assim como a irmã, teve uma ligeira alteração na visão, e ambas passaram a usar óculos.

Os dois anos seguintes seriam de atenção redobrada, uma vez que a maioria dos casos de recorrência da leucemia dava-se neste período. Até lá, as gêmeas continuariam com o acompanhamento da equipe médica domiciliar, agora reduzida, mas altamente qualificada. Embora os percalços, a recuperação das meninas seguia satisfatória.

Tirando o aspecto fisiológico, psicologicamente, as gêmeas estavam bem. Viviam cercadas pelos entes queridos e encantadas com o irmão, por quem disputavam atenção.

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