CAPÍTULO 27

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Miranda sentiu algo subitamente perturbar seu sono. Ainda com os olhos fechados, automaticamente passou a mão sobre o outro lado da cama, confirmando que o lugar estava vazio. Em seguida, a mulher ouviu um barulho preocupante.

Suspirou pesadamente.

— Lá vamos nós outra vez... — resmungou baixinho, enquanto abria os olhos, devagar. Uma vez que eles se acostumaram com a luz (já era manhã?), ela sentou-se à cama, passou as mãos pelos cabelos bagunçados tentando dar-lhes um ar decente, e mecanicamente levantou-se.

Miranda chegou à porta aberta da suíte com cuidado, e a visão que a cumprimentou, infelizmente, foi a imaginada.

Andrea estava sentada no chão diante do vaso sanitário, vomitando terrivelmente.

Era a terceira vez, naquela semana.

Miranda suspirou novamente.

Foi até o armário do banheiro, pegou uma toalha de rosto e molhou-a no lavatório. Em seguida, agachou-se, suavemente afastou os cabelos de Andrea, e colocou a toalha em sua nuca.

— Isso vai ajudar, querida — a voz de Miranda saiu baixa, afetuosa. Com a outra mão, afastava os cabelos molhados para longe da testa de sua parceira. O suor de Andrea estava frio.

— Isso é horrível, Miranda... — Andy confessou em um tom sofrido e ofegante, após a ânsia de vômito diminuir um pouco. Daquela vez, os sintomas foram mais intensos.

Miranda levantou-se rapidamente e deu a descarga. Depois, voltou para sua posição ao lado da mulher mais jovem. Sua mão esquerda segurava novamente a toalha na nuca de Andrea, enquanto a outra acariciava ternamente seus cabelos castanhos.

Miranda conhecia muito bem tal situação. Esperava que Andrea não sofresse de náuseas e vômitos severos diariamente, como ela teve na gravidez das gêmeas. Foram meses de tortura, sozinha. Jeremy realmente nunca esteve presente.

— Você acha que consegue voltar para a cama, meu anjo? — investigou suavemente, vendo que o rosto de Andrea estava menos pálido e sua respiração normalizada.

— Hu-hum... Acho que sim. Por favor, só me dê o antisséptico bucal antes — Andy pediu em voz fraca.

Mesmo sem ver seu rosto, Miranda sabia que Andrea fez uma careta de desgosto, devido à sua condição. Sorriu em simpatia.

— Claro, querida. Segure a toalha.

Miranda foi até o armário pela segunda vez. Pegou o frasco do antisséptico bucal de Andrea—sem álcool e sem sabor, plenamente seguro para o período de gravidez—e adquiriu a porção necessária. Em seguida, Miranda voltou até Andrea, e deu-lhe a tampinha com o líquido.

Depois de bochechar e gargarejar por um tempo, Andy cuspiu o antisséptico no vaso sanitário, e Miranda o esvaziou novamente.

— Venha, vou ajudá-la — a mulher mais velha ofereceu-lhe a mão, com um sorriso tranquilizador.

Miranda levantou e guiou uma Andrea instável de volta para o quarto. Antes de delicadamente colocá-la na cama, olhou para o despertador sobre o criado-mudo, e viu que ainda era bem cedo, como nos demais dias. Andrea provavelmente teria sua indisposição matinal quase no mesmo horário. Permitiria Miranda ficar com ela em tais situações, sem ter que mudar ainda mais sua agenda. Era um alívio.

— Fique quietinha. Vou trazer algo para ajudar com sua náusea — assegurou carinhosamente, depois de inclinar Andrea confortavelmente contra a cabeceira da cama, com dois travesseiros apoiando suas costas.

— Chá e bolachas? — Andy usou uma voz dengosa. Adorava ser mimada por ela.

Miranda deu um pequeno bufo.

Pedido InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora