CAPÍTULO 7

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Roy não deveria ter ficado tão espantado. Afinal, nos últimos meses, Andy havia criando um vínculo com as gêmeas e as visitava, ou saia com elas frequentemente. Além disto, há alguns dias, Miranda fez uma inusitada visita à sua ex-assistente em seu apartamento. Na noite passada, Andy até mesmo dormiu na mansão!

Sim, Roy não deveria ter ficado tão pasmo, ao ver Andrea Sachs deixar o edifício da Elias-Clark com Miranda Priestly...

A não ser, vê-las de braços dados, conversando e sorrindo uma para a outra.

Um: Os reais sorrisos de Miranda Priestly eram raros e exclusivos. Diferente de para com suas filhas, o homem nunca viu tal afeição genuína direcionada à outra pessoa. E o que ela estava dando a Andy... Sim, AQUILO ERA UM SORRISO!

Dois: Ninguém, ninguém tocava Miranda Priestly, muito menos em público, sem ela instigar o contato. Pelo amor de Deus, a mulher não gostava nem de dividir elevadores!

Em suma, teria sido Miranda que levou o braço de Andy, a qual tinha um sorriso jocoso e olhar cativado, enquanto conversava com a mulher mais velha, cuja atenção também era totalmente da jovem mulher. As duas estavam amando cada minuto daquilo!

Que raios estavam acontecendo?

Roy teve uma enorme dificuldade em manter seu rosto em branco quando elas chegaram ao Mercedes. Cumprimentou-as de forma polidamente profissional, sem olhá-las diretamente. O motorista sentia-se inibido pela súbita amostra de intimidade.

Santo Deus, ele nem fazia ideia de que eram íntimas!

Roy abriu a porta traseira do carro para que entrassem. Sustentar sua máscara plácida foi ainda mais difícil, já que elas sentaram-se estranhamente próximas...

Ele fechou a porta e respirou profundamente, tentando acalmar-se.

O homem sentou-se ao volante e, lamentavelmente, teve que limpar a garganta, duas vezes, até conseguir perguntar para onde iriam.

Virando-se para ele, a face de Miranda assumiu o seu habitual ar de desdém impaciente. Rapidamente deu o endereço a Roy e disse-lhe para levantar o divisor de ambientes do carro, porque queriam privacidade.

— Você viu a cara dele? — Andy perguntou através de sua mão, enquanto tentava conter a risada. — Pobre Roy!

Miranda revirou os olhos.

— As mudanças começam em casa, Andrea — analisou com uma voz entediada. — Fora que, sei que a cena irá se somar à fofoca de Emily, e a história começará a ganhar corpo — Miranda entregou em tom orgulhoso, visivelmente satisfeita com o seu estratagema.

Andy apertou os lábios.

— Quando Roy perceber para onde estamos indo, aí sim, ele terá mais material...

No elevador, elas decidiram irem direto para a clínica, pois demoraram demais em Runway. Em seguida, almoçariam, e, depois disso, Andy iria para casa. Ela precisava se reorganizar. Como já haviam esquematizado tudo, Andy tinha a intenção de voltar ao trabalho, no dia seguinte.

Mesmo que viajassem em silêncio, permaneceram em uma atmosfera amigável, e mais significativamente, Miranda ainda estava muito perto de Andy. Os seus braços tocando-se várias vezes devido ao movimento do veículo.

Ao longo do caminho, a ansiedade para o que ela estava prestes a fazer na clínica, e a reação de seu corpo aos contatos inocentes de Miranda, estavam deixando a jovem repórter louca.

Desde que elas começaram com o aspecto físico da encenação, Andy policiava-se para agir conforme o esperado. Para não deixar transparecer o quanto realmente a afetava.

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