CAPÍTULO 33

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Depois das palavras de Miranda, um silêncio significativo tomou a sala, todos, encarando a mulher mais velha, a maioria deles, com feições apreensivas. Já Andy, estava confusa, enquanto Lilly, parecia ter sido tomada pelo pânico.

— Eu... Não entendo... — Andy enfim balbuciou, em uma voz incerta.

Miranda virou-se para Andrea, pegou suas mãos e olhou em seus olhos. A sua face doce, raramente vista por outros, dirigida com atenção extrema à sua jovem parceira.

— Você sempre espera o melhor das pessoas. Apesar de algo perigoso, pois seu coração pode ser facilmente machucado por decepção, é uma das coisas que mais me fascinam em você: A sua capacidade de amar, independente de quantos defeitos os outros possam ter. Sorte a minha — Miranda entregou com um sorriso aficionado. — Contudo, por causa desta sua falta de malícia, às vezes você não percebe certas coisas. Neste caso: O medo de perder alguém que se ama.

— Mas, eu-

— Lilian pensa que perdeu sua chance uma vez, e está vendo isso acontecer de novo. Entretanto, agora seu medo é diferente. É intenso e opressivo — Miranda pausou e mirou a outra mulher ameaçadoramente. — Porque ela sabe que, desta vez, será em definitivo.

Lily fechou os olhos e respirou profundamente. Quando os reabriu, eles brilhavam com fúria.

— Sua... Você não tinha o direito! — gritou com voz engasgada por choro contido e desespero.

— Você tinha? Acha certo que por causa de sua covardia, possa continuar nesse seu joguinho? Você não se metia entre Andrea e Nathaniel, porque sabia que ele nunca a mereceu. Que uma hora, o relacionamento deles iria se desmantelar, e você estaria lá, com Andrea, pronta para ajudá-la a juntar os pedaços de seu coração. Talvez, assim, você finalmente tivesse a sua derradeira oportunidade. Mas, quem diria... O rompimento entre eles aconteceu, mas foi nos meus braços que ela achou conforto. Você sente. Conhece Andrea. Sabe que o que temos não é algo pequeno, frágil. É isto o que a apavora. Sabe que, diferente daquele menino bobo, farei de tudo para mantê-la ao meu lado. Que não cometerei os mesmos erros — Miranda pontuou em tom cortante, eficaz.

Pausou. Suspirou.

De repente, a mulher mais velha parecia cansada.

— Prometi à Andrea que seria amável com seus amigos. Mas nem todo meu esforço em seu benefício poderia me privar de defender a mulher que eu amo. Defender nossa família. Serei implacável com qualquer um que as ameace. Então, Lilian, como vocês dizem: Desencane. Depois de lamber suas feridas, e Andrea a perdoar, tente ser a amiga que ela tanto ama e precisa. Esta pessoa que conheci, definitivamente, não merece a amizade de Andrea, muito menos, chegar perto de nossas crianças — Miranda falou de uma vez, sem que sua voz se elevasse. — Isso é tudo — virou o rosto, não mais dando atenção à presença da jovem.

Lily estava lívida. Deu um suspiro sentido e deixou a cabeça pender, os olhos, fixos no chão. A falta de retruque, aquiescência da verdade nas palavras duras de Miranda Priestly.

Andy sentia-se perdida. Tantas coisas passando em sua mente ao mesmo tempo e sufocando seu coração. De repente, uma aversão desesperadora a envolveu. Não queria, não conseguiria ficar perto de Lily, até que pudesse pensar e absorver tudo.

Como que sentindo seu estado, as meninas, por fim, foram a seu encontro e abraçaram cada lado do corpo de Andy. Miranda soltou suas mãos, mas enlaçou-lhe os ombros, o contato, o vínculo amoroso, mantido.

— Vamos embora? — Andy pediu em voz pequena.

— Nã-não... Eu vou... — Lily soltou aos trancos, e sem esperar por uma resposta, pegou sua bolsa no sofá, e foi com pressa para a porta, ainda de cabeça baixa.

Pedido InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora