CAPÍTULO 10

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— Andrea — Miranda chamou baixinho, tocando delicadamente as mãos da jovem, que descansavam no seu colo.

Andy mexeu-se, resmungou, mas ainda assim, não acordou.

Haviam ficado presos em um pequeno engarrafamento pelo caminho, e Andy, depois de ter entrado em um silêncio introspectivo, cochilou.

Miranda sorriu. Aproximou a boca do ouvido da jovem, soprou seu hálito quente sobre ele, e disse:

— Andrea — de forma sedutora e com seu sotaque francês irresistível.

Andy acordou num susto, e deu de cara com um maravilhoso par de olhos azul-esverdeados.

O sorriso presumido de Miranda desapareceu. A mulher mais velha tinha um ar perdido. Andy viu-se paralisada pela proximidade perigosamente surpreendente.

A tensão entre as duas era intensa.

— Nós... — Miranda começou, mas parou para limpar a garganta subitamente seca. — Nós chegamos... — conseguiu dizer em um tom baixo e rouco, que estremeceu o corpo de Andy, coloriu seu rosto de vermelho e enviou ondas de desejo por entre suas pernas.

A jovem engoliu em seco e instintivamente umedeceu os lábios com a ponta da língua. Miranda seguiu o gesto com olhos atentos, e a pressão arterial de Andy ficou ainda mais elevada. Ela apenas assentiu languidamente com a cabeça, não confiando em sua voz. Na verdade, no momento, Andy não confiava em nada que viesse de seu corpo traiçoeiro. Tudo o que poderia imaginar era empurrar Miranda Priestly deitada no banco de couro do carro, e ter seu sonhado momento libidinoso com ela.

Em um acordo tácito, as duas respiraram profundamente, endireitaram os ombros e prepararam-se para sair do carro. Miranda executou seu papel perfeitamente, e fora o tremor que ambas sentiram quando ela ajudou Andrea a deixar o veículo, tudo parecia normal.

Que jogo era aquele?

Andy estava confusa, preocupada. E não importava o quão louco seria admitir, sentia-se muitíssimo excitada.

Entraram de mãos dadas na clínica, chamando a atenção com seus portes elegantes, roupas de grife e beleza singular. Na recepção, depois de Andy comunicar o motivo da visita, a atendente sorridente e prestativa as encaminhou para a sala com o banco de dados dos doadores.

— Senhora Priestly, Sachs, sou Anne Hampton, especialista do banco de dados. Por favor, sentem-se.

Após o aperto de mão tradicional entre a funcionária e Andy, as recém-chegadas fizeram como pedido.

— A busca no banco de dados pode ser feita diretamente por vocês. Mas aqui gostamos de ajudar a primeira tentativa. Isso faz com que as pesquisas subsequentes se tornem mais fáceis e precisas — Hampton explicou.

— Isso é ótimo! — Andy ficou realmente aliviada.

Miranda apenas levantou ligeiramente a sobrancelha esquerda e deu um aceno positivo, quase imperceptível.

A funcionária tinha um sorriso encorajador.

— Vamos fazer isso, juntas. Vocês irão me passar os dados e vou digitá-los nos campos. Tudo será mostrado na tela, em frente a vocês — demonstrou a utilidade dos dois monitores.

— Certo — Andy estava ansiosa.

Miranda, mais uma vez, apenas concordou com a cabeça.

— Bom, em primeiro lugar, como deveria ser a aparência do candidato? — a funcionária questionou, olhando-as de maneira expectante.

Pedido InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora