CAPÍTULO 20

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"Aquela idiota tinha que adoecer justo hoje? Era para eu já estar a caminho de casa, mas NÃO! Estou fazendo o trabalho de uma incompetente sem qualquer noção de tempo! Como se eu já não ralasse bastante, inferno!" — Emily Charlton rezingou mentalmente, enquanto entrava sorrateiramente na mansão de Miranda Priestly, munida de O Livro e cabides com roupas.

"Ah, Tara, vou fazer sua caveira, se prepara..." — jurou. "A merda é que, quando você for demitida, vou ter que urrar pra encontrar uma nova você... E isso sempre é uma cruzada estressante...". — Que merda isso, viu... — Emily resmungou baixinho com uma careta, depois de deixar O Livro sobre a mesinha, perto das escadas, e abrir o armário de casacos, para pendurar as roupas de Miranda.

— Falando sozinha, Em? — indagou uma voz divertida, atrás dela.

Emily saltou em susto, batendo a cabeça no batente baixo da porta do armário, e jogou as roupas, que voaram e se esparramaram pelo chão.

— Puta merda, Andrea! Você está querendo me matar? — a ruiva reclamou irritada, esfregando o topo da cabeça.

— Ai, Em, sinto muito! — Andy estava realmente arrependida. — Deixa ver se machucou — pediu preocupada, abaixando a cabeça de Emily, para que pudesse dar uma olhada.

— Tá, tá... Estou bem! — outra foi firme, afastando suas mãos. — Deixa arrumar isso. Se Miranda vir, estou frita! Claro que ela não vai querer saber de quem é a culpa, não é mesmo? — foi mordaz.

Andy torceu os lábios.

— Sinto muito — repetiu-se. — Mas não se preocupe. Miranda ainda não chegou da festa, e não deve estar em casa por mais uma hora.

— Hum... Menos mal, então — foi o comentário emburrado.

Em uma das poucas ocasiões que Emily não teve que acompanhar Miranda a uma festa, em vez de aproveitar o momento de liberdade, tinha que fazer o trabalho daquela vaca irresponsável da Tara!

— Deixa ajudar você — Andy ofereceu, e logo as roupas estavam no devido lugar.

— O que você faz aqui embaixo, uma hora dessas? Não era para estar dormindo ou de pernas para cima se empanturrando de chocolate, enquanto "gente como eu", ainda se mata de trabalhar? — Emily usou seu habitual tom rancoroso.

Andy deu de ombros.

— Estou sem sono. Estava assistindo um filme, só que fiquei com sede, e vim beber água. Então ouvi sua voz e resolvi dar um alô. Por falar nisso, por que você veio? Isso agora não é tarefa da Tara? Quer dizer, ela ainda está lá, não está? Ou já foi demitida?

— Para o meu pesar, Tara ainda está lá — a voz de Emily soou realmente dolorosa. — Mas por muito pouco tempo, tenho certeza. Nunca vi tanta incompetência em uma só pessoa! Além disso, a sem noção teve a audácia de ficar doente hoje.

Andy riu da resposta de Emily, tremendo a cabeça negativamente ante seu ar maldoso. Vendo-a esfregar a cabeça onde havia batido no armário, ofereceu:

— Em, vou pegar uma bolsa de gelo para você colocar aí. Vai ajudar a evitar um possível inchaço e deve diminuir a dor.

Emily revirou os olhos.

— Não sai daí, já volto! — Andy a impediu de protestar, e foi rapidamente para a cozinha.

— Sempre a gentil... — Emily bufou, mas então ficou pensativa.

A capacidade de Andrea de ser verdadeiramente preocupada com as pessoas, até mesmo com meras estranhas, sempre desestabilizou Emily. Enquanto trabalhavam juntas, poucas foram as ocasiões em que a viu perder a pose com alguém, mesmo quando esse alguém fez muito por merecer, incluindo ela mesma. E nem assim Andrea foi dura demais, apenas expressava seu ponto de vista, sem ofender ou machucar deliberadamente ninguém.

Pedido InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora