Capítulo 4

402 34 12
                                    

Delence estava em um lugar grande, sentada em uma cadeira prata e branca de um estofado chique. A recepcionista estava enrolando a uns 45 minutos e a mãe estava impaciente ao lado, enquanto mexia no celular desesperadamente.

- Odeio pessoas sem compromisso – Repetiu ela novamente. Os cabelos pretos pintados caíram sobre o ombro dela. A mãe era jovem e bonita. O pai não era tão diferente, ele era bem bonito também. Delence não sabia exatamente o que deu errado na relação deles, mas com certeza devia ser culpa da mãe e da falta de paciência dela. Delence tinha medo de ficar assim.

- Delence Holland – Chamou a recepcionista de coque e terninho atrás do balcão.

Delence se levantou seguida da mãe, que murmurava impaciente, matando a menina de vergonha.

- Me acompanhe – Ela disse, andando para dentro do lugar, com seus sapatos de saltinho batendo no piso, alertando a todos que ela estava ali. Antes de adentrar naquele lugar prateado e preto, Delence deu uma ultima olhada para trás, a tempo de ver Josh entrar junto com um homem mais velho. Os olhares se cruzaram e a mãe chamou a atenção de Delence de dentro do elevador. 

Josh não tinha a tratado muito bem da ultima vez que se viram. A chamou de louca e de outras coisas que ela não gostou, mas ainda sim ela gostava dele. Não eram amigos, mas ele era o que ela tinha mais próximo disso.

- Delence? – Chamou a mãe, e Delence percebeu que apenas ela estava no elevador – Onde está com a cabeça, menina?

- Desculpem. – Ela sacudiu a cabeça e saiu do elevador.

Seguiram a recepcionista pelo 6 andar até uma sala branca onde tinha uma enfermeira. Delence e a mãe entraram na sala e ficaram a sós com a enfermeira.

- Sente-se aqui – Ela disse para Delence, apontando para uma cadeira branca ao lado de uma mesinha cheia de frascos e agulhas.

- O que vai fazer? – Delence observou ela pegar uma agulha e pegar o liquido de um dos frascos.

- Você veio fazer alguns testes para o projeto Ômega. Eu sou quem vai fazer os testes. Meu nome é Marina – Ela pegou um algodão embainhado de álcool e passou no braço da menina em uma velocidade estonteante, na verdade ela nem chegou a ver. Apenas sentiu o ar gelado onde ela deveria ter passado o algodão. Estranho.

- Espere ai, o que é isso que você está injetando na minha filha? – Delence conseguiu ouvir a mãe dizer, antes de sentir uma picada e apagar.

Foi como se ela tivesse piscado. Mas a enfermeira já tinha trocado de lugar com a mãe que a olhava frenética de um jeito preocupado.

- Já acabou? – perguntou, reparando que todos os frascos estavam vazios em cima da mesinha.

- A senhora me acompanha? – Chamou a enfermeira, e a mãe foi atrás dela, saindo da sala.

Um homem de terno entrou assustando Delence.

- Delence Holland? – Perguntou ele, analisando o papel em sua mão.

- Sim – Ela respondeu tão baixo que pensou que ele não tivesse escutado nada.

- Aqui está o resultado dos seus exames – Ele entregou o papel – Seja bem vinda a Ômega.

O homem sorriu de um jeito estranho.

- Seu ano letivo começará na segunda feira, mas você tem que ir para a preparação no fim de semana.

- Eu sou uma das pessoas que seguiram a evolução? – Delence tentou ler o resultado do exame. Tinham muitas palavras que ela desconhecia. Se sentiu um pouco burra, até. Mas conseguiu ler uma palavra que existia no vocabulário dela: POSITIVO.

ÔMEGA | Contos Do Apocalipse - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora