Delence estava em um lugar grande, sentada em uma cadeira prata e branca de um estofado chique. A recepcionista estava enrolando a uns 45 minutos e a mãe estava impaciente ao lado, enquanto mexia no celular desesperadamente.
- Odeio pessoas sem compromisso – Repetiu ela novamente. Os cabelos pretos pintados caíram sobre o ombro dela. A mãe era jovem e bonita. O pai não era tão diferente, ele era bem bonito também. Delence não sabia exatamente o que deu errado na relação deles, mas com certeza devia ser culpa da mãe e da falta de paciência dela. Delence tinha medo de ficar assim.
- Delence Holland – Chamou a recepcionista de coque e terninho atrás do balcão.
Delence se levantou seguida da mãe, que murmurava impaciente, matando a menina de vergonha.
- Me acompanhe – Ela disse, andando para dentro do lugar, com seus sapatos de saltinho batendo no piso, alertando a todos que ela estava ali. Antes de adentrar naquele lugar prateado e preto, Delence deu uma ultima olhada para trás, a tempo de ver Josh entrar junto com um homem mais velho. Os olhares se cruzaram e a mãe chamou a atenção de Delence de dentro do elevador.
Josh não tinha a tratado muito bem da ultima vez que se viram. A chamou de louca e de outras coisas que ela não gostou, mas ainda sim ela gostava dele. Não eram amigos, mas ele era o que ela tinha mais próximo disso.
- Delence? – Chamou a mãe, e Delence percebeu que apenas ela estava no elevador – Onde está com a cabeça, menina?
- Desculpem. – Ela sacudiu a cabeça e saiu do elevador.
Seguiram a recepcionista pelo 6 andar até uma sala branca onde tinha uma enfermeira. Delence e a mãe entraram na sala e ficaram a sós com a enfermeira.
- Sente-se aqui – Ela disse para Delence, apontando para uma cadeira branca ao lado de uma mesinha cheia de frascos e agulhas.
- O que vai fazer? – Delence observou ela pegar uma agulha e pegar o liquido de um dos frascos.
- Você veio fazer alguns testes para o projeto Ômega. Eu sou quem vai fazer os testes. Meu nome é Marina – Ela pegou um algodão embainhado de álcool e passou no braço da menina em uma velocidade estonteante, na verdade ela nem chegou a ver. Apenas sentiu o ar gelado onde ela deveria ter passado o algodão. Estranho.
- Espere ai, o que é isso que você está injetando na minha filha? – Delence conseguiu ouvir a mãe dizer, antes de sentir uma picada e apagar.
Foi como se ela tivesse piscado. Mas a enfermeira já tinha trocado de lugar com a mãe que a olhava frenética de um jeito preocupado.
- Já acabou? – perguntou, reparando que todos os frascos estavam vazios em cima da mesinha.
- A senhora me acompanha? – Chamou a enfermeira, e a mãe foi atrás dela, saindo da sala.
Um homem de terno entrou assustando Delence.
- Delence Holland? – Perguntou ele, analisando o papel em sua mão.
- Sim – Ela respondeu tão baixo que pensou que ele não tivesse escutado nada.
- Aqui está o resultado dos seus exames – Ele entregou o papel – Seja bem vinda a Ômega.
O homem sorriu de um jeito estranho.
- Seu ano letivo começará na segunda feira, mas você tem que ir para a preparação no fim de semana.
- Eu sou uma das pessoas que seguiram a evolução? – Delence tentou ler o resultado do exame. Tinham muitas palavras que ela desconhecia. Se sentiu um pouco burra, até. Mas conseguiu ler uma palavra que existia no vocabulário dela: POSITIVO.
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ÔMEGA | Contos Do Apocalipse - Livro 1
Science FictionDelence, uma adolescente com confiança exagerada e uma vida controlada, não por ela, tem que se moldar a sua nova realidade, a fim de sobreviver em um colégio moderno, secreto e fatal.