Capítulo 23

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Os dados no computador mostravam o quanto os alunos da ômega haviam evoluido no ultimo mês. Não um, nem dois, mas todos. O primeiro lugar era muito disputado e todo dia tinha um nome diferente, depois que Delence Holland desapareceu completamente da face da Terra. Na verdade eles ainda podiam vê-la se esgueirando pelos corredores como uma nerd solitária e medrosa todos os dias. Ela não falava com ninguém, não fazia questão de se intrometer nas aulas, não era um perigo para ninguém. Na verdade, ela passou a não existir.

Mia Trainor estava, de novo, invadindo o sistema privado da ômega pelo seu computador na recepção da sala de Leon. Claro que ela queria ser mais que uma recepcionista idiota e imprestável, mas um pequeno erro em uma das provas finais a uns três anos atrás, quando ela era da ômega, a fez ser desclassificada e trabalhar, não como a atiradora que ela era, mas como a recepcionista... Que tedio.

Ela fechou a pagina correndo quando ouviu um barulho no elevador, e a porta se abriu.

- Mia – Daniel a cumprimentou antes de entrar na sala do pai sem permissão.

Mia sempre foi caída por Daniel. Desde os seus 15 anos de idade, ela sonhava com o dia em que eles namorariam e seriam felizes para sempre. Ela quase conseguiu, uma vez, mas então foi expulsa para os bastidores da ação. Ela não podia voltar para a casa por que sabia de mais sobre a ômega e tudo mais, e os apagadores de memoria só funcionavam com memorias de curto prazo. Ou matam você, ou você vai para os bastidores.

Olá emprego de recepcionista e um quarto pequeno no decimo segundo andar junto com os velhos e oprimidos programadores!

Mia não gostava da Tal Delence Holland. Por muitos motivos, alguns deles bem mesquinhos e egoístas e alguns iguais aos de todas as outras pessoas da ômega.

Ela era boa em tudo, bonita, tinha um corpo perfeito, cabelo perfeito... Meu Deus do céu, aquela menina era perfeita. Para variar, ainda chamou a atenção de Daniel. Menininha intrometida.

- Mia? – Dan estava debruçado sobre o balcão com o cabelo bagunçado da forma rebelde que ele deixava desde antes de se rebelar. Os olhos verdes meio dourados encarando Mia com uma ternura que talvez só existisse na cabeça dela.

- Oi – Ela sacudiu a cabeça para se livrar dos pensamentos felizes e falsos com Daniel.

- Está viajando ai ne? – Ele riu.

- Desculpa, é que a ação aqui me faz perder o juizo... – Mia riu da própria piada e Dan fechou a cara. Ela sentiu o rosto queimar.

- Mas, Mia, alguma noticia sobre o caso Holland? – Dan parecia preocupado – Meu pai não quis abrir o jogo para mim.

Mais uma vez aquele nome estava na boca de todo mundo. Ainda não tinham descoberto quem tinha atirado uma flecha – e infelizmente errado – em Delence Holland, esse fato parecia ter sido esquecido pelos alunos, mas o pessoal dos bastidores não conseguia esquecer. Alguem tinha burlado o sistema das câmeras de segurança em um pequeno pique de energia e o atirador entrou, atirou e saiu sem NINGUÉM ver. Era de se esperar que a menina sofresse algumas tentativas de eliminação, mas eles teriam que monitorar os ataques. Se alguém conseguiu entrar e sair sem ninguém ver, todo mundo ali poderia estar em perigo.

- Não – Mia suspirou – Só que a Ômega não tem ponto cego e o que aconteceu de verdade foi que houve um pico de energia e por isso não pegamos o arqueiro.

- Mas como assim um pico de energia? – Dan parecia transtornado – Quem estava vigiando a câmera que deu o pico?

- Essa é a questão – Mia sussurrou – Ninguém vigiava aquela sala na noite do crime. Não seria vigiada. Toda noite algumas câmeras de segurança ficam sem vigia, não temos tanta gente assim...

- Por isso meu pai pegou os alunos perdedores... – Ele olhou para a porta de ferro da sala aonde o pai ficava – Preciso ir agora. Obrigada Mia, você é de mais!

Dan piscou para ela e desapareceu no elevador. Ela adorava conversar com Josias, porque sabia que era a voz dele. E ela amava a voz dele...

Mia pegou a caneca branca cheia de café e deu um gole bem grande, precisava de todo aquele café para terminar o trabalho.

*

- Não meninas – Delence segurou o braço de Bella, enquanto Amália se levantava do chão com destreza – Josh, da pra você fazer alguma coisa?

- Eu não vou sair com vocês – Ele disse – Vocês duas são doidas, é serio.

- Me solta – Gritou Bella, puxando o braço com força e fazendo a mão de Delence escorregar – Quando você estava se impondo brigando com a Esteffy, ninguém interrompeu.

- É, mas eu tinha um motivo – Delence revirou os olhos, se pondo entre as duas meninas irritadas – E não era um garoto.

- Será mesmo? – Amália cruzou os braços. A plateia aumentava a cada instante, os garotos curiosos loucos para ver as meninas rasgando as roupas umas das outras cercavam o grupo infeliz – Pois eu acho que vocês brigaram por um garoto.

- Não foi – Delence olhou feio para a ruiva – Me poupe Amália, se acha tão maravilhosa e está saindo no tapa por um garoto.. – Delence se virou para Bella – E você Bella? Qual é a sua afinal? A burrinha que ficou inteligente do nada e agora isso? Voltou a ser a burrinha ou o que?

- Não me chama de Burrinha, Delence – Bella estreitou os olhos – Eu apenas não fazia ideia do quão legal era saber das coisas.

- Aham – Delence assentiu, debochando – E agora você está aqui.

- Tem razão – Bella disse – Sinto muito, Josh.

A loirinha ultrapassou os garotos, que agora reclamavam insatisfeitos e sumiu na multidão. Enquanto Amália encarava Delence de braços cruzados, sem a menor cara de quem estava arrependida.

- O que você está esperando? – Delence perguntou.

- Você se desculpar.

- Meninas – Josh chamou a atenção das duas e olhando em volta, encarando a plateia – Lá dentro.

Josh abriu a porta e as duas entraram.

Seria uma conversa e tanto.

Danny estava de cara fechada para Delence. De novo.

ÔMEGA | Contos Do Apocalipse - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora