PRÓXIMO LIVRO

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Delence estava deitada olhando para o teto mais uma vez. Ela encarou o cubículo que chamavam de Quarto Provisório onde só cabia uma cama e a janelinha e suspirou. Ela estava usando o vestido branco reto de exame.

- É a sua vez – Disse Josias, a voz metálica assustou a menina – Dirija-se ao andar 14.

A porta se abriu e Delence saiu. Ela estava sem a pulseira, então não podia ir em lugar nenhum, a não ser que seja mandada. Delence entrou no elevador, já que a porta estava aberta. Ali, naquele lugar menor que o Quarto Provisório, Delence se lembrou da guerra. A guerra que começou e terminou em menos de um dia, graças a Ômega. Mas que deixou muitos mortos e feridos, crianças órfãs e pessoas desaparecidas.

- O que vai acontecer agora? – Delence perguntou para Ashton, na O-nave, encarando as crianças chorosas e assustadas.

- Eu não sei – Ashton puxou Delence para o seu peito e ela se encolheu, permitindo que o garoto a abraçasse – Mas prometo que vai ficar tudo bem.

A porta do elevador se abriu tirando Delence do devaneio e de repente veio uma vontade de ver Ashton, de saber aonde ele estava e se estava bem.

Uma luz holográfica vermelha pairava no ar indicando o caminho e Delence a seguiu até uma sala.

- Seja bem vinda Delence Holland – Disse a enfermeira, ela estava de mascara, mas Delence podia jurar que ela sorria – Hoje você vai fazer um procedimento de risco médio, dormirá aqui para termos certeza de que está tudo bem e amanhã mesmo já volta para o seu quarto provisório, para se preparar para a formatura.

- O que vão fazer comigo, exatamente? – Delence perguntou assim que se deitou na cama a mando da enfermeira.

- Uma espécie de vacina – Respondeu ela, prendendo os braços e pernas de Delence nas amarras da cama – Já sabemos que você tem um DNA evoluído, e durante um ano testamos você para saber se suportaria uma dose da Viribus, uma vacina feita de um material confidencial, para aumentar força, sensibilidade, velocidade e outras coisas que ainda não temos certeza.

- Eu tenho escolha? – Delence perguntou, mesmo sabendo a resposta.

- Não.

O procedimento começou. A enfermeira enfiou a agulha no braço da Guerreira e como se fosse ácido, o liquido foi queimando o corpo da menina.

Delence sentia o corpo inteiro pegar fogo, era como se realmente tivesse em chamas. Os músculos se contraiam sozinhos, Delence se sentia revirar. Ela gritava de dor e fechava os olhos, lágrimas brotavam de seus olhos e Delence não conseguia conter a vontade de chorar. Ela torcia para que aquilo não durasse muito. A guerreira gritou e se contorceu até desmaiar.

Delence desceu da O-nave juntamente com os meninos e ela viu Abel correndo em sua direção.

- Delence – Abel abraçou a guerreira forte – Graças a Deus você está bem.

- Não chora, Abel – Delence disse, se esforçando para sorrir – Está tudo bem.

Abel olhou para Ashton com o rosto vermelho e agradeceu a ele por ter salvo Delence, o garoto assentiu sorrindo e piscou para a Guerreira antes de se retirar e deixar as amigas a sós.

- Jena não voltou – Disse Abel, séria – Não conseguimos encontrar ela, a nave voltou com o piloto automático antes de ela conseguir retornar.

Delence abriu os olhos, reparando onde estava. Ainda na sala branca, mas estava sozinha. Ela moveu a cabeça com dificuldade, olhando para o braço ainda preso, parecia maior, as veias latejavam e estavam enormes. Ela já não tinha pintas, ou as marcas de infância, nem pelos. Nada. Estava branca e lisa. Delence sentia dor em todo o corpo, então preferiu apenas tentar dormir de novo.

ÔMEGA | Contos Do Apocalipse - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora