I

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Falei sobre ela no prólogo.
I era uma bruxa já velha (não imagine uma bruxa do mal), que morreu há alguns anos quando G era do tamanho das minhas pernas esticadas.
Nas horas vagas os dois se divertiam juntos fazendo feitiços, como por exemplo, fazer as borboletas ficarem 3 vezes mais coloridas ou cozinhavam os biscoitos em formato de animais com chocolate mágico. Era a parte preferida do dia. I entendia os poderes de G e G entendia os poderes de I.
Num dia comum, quando G foi o último a saber que I nunca mais iria enche-lo de imaginação e doces, G se desfez por dentro, chorou tempestades e derramou vermelho pelo chão. Foi a noite mais triste de seus dias.
Mas como I era bruxa, ela tinha o poder de reaparecer para as pessoas que ela mais amava, geralmente vinha a noite, em forma de um lindo sonho que logo pela manhã acabava virando lembrança rasa. Mas depois de um tempo começou a surgir quando G ainda estava com os olhos abertos e eles conversavam por um longo tempo. I só apareceu para G. Durante meses ou até anos, foi G que ela decidiu acompanhar, presenciou as mudanças, os acertos, os erros e as dores.
Depois de um tempo, ela sumiu. Como de costume, G ficou acordado a esperando e nada; durante dias, nada. Desde então ele não dorme a noite, não sei se espera ela aparecer ou se o costume permaneceu, mas somente quando na janela começa a surgir os primeiros raios de sol é que ele põe a cabeça no travesseiro e adormece, às vezes pedindo aos céus que I apareça no sonho.
não aparece.

G, pela visão de um outro.Onde histórias criam vida. Descubra agora