Fim

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dias de chuva. em muitas narrativas esses dias são vistos como dias chatos e ruins. aqui não. olhar para fora e ver o céu se fechando deixou de ser uma vista ruim. os dias de chuva são os dias da cor mais bonita, o cinza que preenche o céu e preenche seus olhos, cada pingo de chuva que cai com pressa te molha, escorrega e te deixa mais perto de se sentir bem. admirar a chuva e a trazer pro papel com carvão. dias chuvosos e cinzas me mostram o quanto é necessário e bonito poder sentir, me fazem sentir igual você.

alguns fins são bem fáceis, são leves e necessários. acontecem às vezes até sem a gente ver, uma hora você percebe que algo foi passageiro, que acabou e isso não é necessariamente ruim, a prova disso é o final desse livro aqui (que eu nem sei se considero livro). na verdade, essa foi uma história de começo e fim fácil.

eu continuarei observando G enquanto ele permitir, porque tenho certeza que o final dele está bem longe de acontecer (apesar de ter tomado alguns sustos algumas vezes). G vai crescer e talvez se torne título de outra história minha. meus olhos continuarão o fitando mesmo que os dele não consigam se quer focar em minhas pupilas por alguns segundos. ele não perderá os poderes com o passar do tempo, sei que ele os esconde, mas faz parte do ser incrível que ele é (ok, leitor, tenho a ciencia que já disse isso várias vezes aqui, perdoe-me).

G continuará dançando, ouvindo Sia, chorando sozinho, fumando, mexendo no cabelo e passando as mãos nas paredes.

tudo isso aqui foi um jeito de permanecer perto de quem ele é, foi um jeito de não deixar passar nenhum detalhezinho, foi um jeito de dizer a ele que está tudo bem, que pra mim e pra A ele é admiração, é obra, é linhas e mais linhas de características inconfundíveis, é dia de chuva com trovões que iluminam e rasgam o céu.

escrever aqui, além de fazer eu pensar em G, também fez eu pensar muito em I. então agradeço-a por ter cuidado tão bem do nosso personagem enquanto pôde, você foi uma mulher marcante, até pra mim que não a vi. continue o trabalho I.

no começo dessa bagunça toda que chamo de escrita, no começo mesmo, quando o primeiro capítulo estava escrito em uma folha sulfite partida em dois, com uma capa mal feita e um desenho de elefante no final, eu disse para G que continuasse pra sempre sendo G, mesmo com muitas coisas desse primeiro rascunho que não trouxe pra cá, eu quero que isso permaneça, por isso há no prólogo e eu repito isso agora aqui no último capítulo.

apesar das poças que insistem em molhar e sujar meus pés em dias chuvosos, preciso que G saiba que se em cada uma delas que eu encontrar pelo caminho houver um pouco dele, já terá valido a pena sair de casa sem guarda-chuva.

G, seja pra sempre G.





G, pela visão de um outro.Onde histórias criam vida. Descubra agora