G, pela visão de um outro.

Tempo

tem época que o tempo demora pra passar. às vezes passam meses e parece que não se passou nem sequer uma semana, porque tudo permanece igual, quietinho, com mudanças mínimas claro, mas que não podem ser vistas a olho nu.
mas tem outras vezes que se passa uma semana e parece que passaram meses. tudo está modificado, fora do lugar e já não faz mais sentindo pensar no que era antes.
ultimamente tem sido assim com G. os dois extremos do tempo.
para A, o tempo fica variando entre esses dois espaços. às vezes quando eles se encontram, A vê de cara que ali em sua frente está G, o de sempre. com um pouco de medo de ser quem é, com os olhos perdidos e boca retraída, até com um ar infantil, eu diria. mas tem outras vezes que parece que ele perdeu parte de si nesse misterioso caminho temporal e está maior, com os olhos decididos e boca firme, como se tivesse tomado alguma decisão importante e tivesse que amadurecer "rapidamente", sim, entre aspas. A gosta de suas duas versões. gosta de quando recebe um carinho ansioso da versão meio juvenil e gosta de quando recebe olhares sem explicação da versão imponente. às vezes é bom transitar.
para I, o tempo pode passar rápido ou devagar, pode correr ou se rastejar que ela irá sempre ter nele a imagem do garotinho pequeno, que fazia receitas e gritava às vezes. do garotinho pequeno que pintava um coração com todas as cores possíveis de lápis de cor e que não compreendia como a chuva fazia para começar e porque ía embora tão rápido. sim, I sabe muito bem lidar com a idade atual de G, mas isso não importa agora, estamos falando de essência aqui. às vezes é bom permanecer.
para Sereia, o tempo está sempre à frente do que gostaria. tudo passando muito rápido. cada vez que o vê parece que nasceu algum detalhe novo que ela não notara da última vez. parece que sua voz engrossou mais um pouco e que os cabelos estão se alinhando rapidamente. parece que os nós dos dedos estão deixando de ser macios e ficando mais ásperos e ossudos. às vezes é bom deixar crescer.
cada um com sua forma de o enxergar, cada um num espaço do relógio.
e todas essas versões e tempos não mudam nada. o relógio não existe, na verdade. G continua e continuará sendo o mesmo, não importa como o veja.
G será G. na sua forma, e não na nossa.
por toda vida.
G, gosto de como o seu tic tac soa do seu modo, com os ponteiros sem pressa.
(se estiver lendo, me diga aqui, ser do jeito que é, independente de versões, aversões, modos, tempo e opiniões, está sendo ruim pra você?)

aguardo ansiosamente um "não".