V - Nós e eles

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Sophia acordou com seu primo e Roger cantando Holy Diver juntos. No Horizonte, o sol nascia, e o céu estava em seus mansos tons de laranja e roxo, e paz reinava.

Henry passou a noite acordado, olhando a paisagem e se lembrando do País de Gales, onde viveu metade de sua vida.

- Bom dia, Henry... - ela disse, tentando acordar totalmente.
- Bom dia. Dormiu bem?
- Melhor impossível. Agora de você, já não posso dizer o mesmo.
- Ah... Esses montes me trazem tantas memórias..
- Por quê não me acordou? Eu não me importaria em bater um papo.
- É que não quis te atrapalhar.

Fez-se silêncio. Ela começou á corar sem controle.

- Henry...
- Hm?
- Eu...Eu.. Olha...

Ele a fitou, os olhos cheios de curiosidade.

- Sei que faz pouco tempo que me conhece, mas já ouvir falar em... - ela fez uma pausa, tomou coragem e continuou. - A-amor à primeira vista?
- Por quê?
- É... É o que sinto por você agora... - ela sussurou.

Esperando óbvia rejeição, ela se encolheu, mas logo fora surpreendida quando fora envolvida pelos longos braços dele em um doce abraço. Incrédula, começou á chorar inconscientemente, lágrimas da mais pura alegria.

- O que foi? Falei algo de errado?
- Nada... Eu (hic) só estou feliz. Você (hic) me ama?
- Sabe por que não dormi? Fiquei te olhando. Você já é linda, e fica ainda mais sem os óculos.
- Você não respondeu minha pergunta.

Agora era ele quem estava corando.

- Sim...

Olhando um nos olhos do outro, eles foram chegando perto, e mais perto, e quando seus narizes se tocaram, Sophia recuou, e enterrou a cara nas mãos, envergonhada. Extremamente vermelha, ela achava que estava com o rosto em chamas, e não tirou o sorriso de orelha à orelha. Henry voltou à olhar a paisagem, lutando para ficar acordado.

Heitor flutuava perto de seu protegido, e assim como os portugueses se penduram nas varandas para fofocar, viu a cena.

- Richard?
- Oi? Não curtiu a música?
- Não é isso, oras! Acho que certa pessoa fora acertada por uma flecha do Cupido.
- Hã?
- Olhe para trás.

Rick virou-se. Nunca havia visto Sophia tão corada e ao mesmo tempo, feliz. Milhares de perguntas surgiram em sua oca mente como tsunami.

- Aí Roger.
- Quê?
- Quantos anos tem o Henry?
- Uns 20, 21.
- SÉRIO? Eu jurava de pé junto que ele tinha no mínimo uns 25.
- Tamanho e cara não são documentos, pão de queijo. - disse Roger, tirando uma onda.
- Espera a Bruna ficar sabendo...
- Não! Ainda é cedo, - interrompeu Heitor. - Deixe-a contar. Vocês não se atreveriam à estragar a tardia felicidade dela?

Ouvindo discretamente a conversa, Sophia sentiu-se horrível. Seria cedo demais? E se agora fosse a única chance? E se desistisse? Encontraria o amor novamente? Ela olhou para o lado, perdida.

- ....Henry...
- Eu ouvi. Não se culpe, só vai te machucar, e além do mais, são palavras de dois idiotas.
- Não sabia da sua idade.
- Não é a primeira à me dizer isso, sabia?
- Vem cá. - ela disse, e ele se deitou, usando o colo dela de travesseiro.

Sophia acariciou seus cabelos castanhos, e reparou que para ele seria BEM difícil dormir ali. Ele era alto, e mesmo encolhido, ainda estava extremamente desconfortável.

- Não lique para aqueles dois. Esses malucos não merecem ser ouvidos.
- Eu sei. Agora, tenta descansar um pouco, tá?

Ela deu um beijinho de boa-noite na testa dele. Pegou a mochila, e tirou o fone de ouvido e o celular.

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