Capítulo 4 - Toda a beleza é magia

122 12 0
                                    

   

     Na noite do primeiro Baile das Noivas do príncipe, as nuvens cinza pesadas que cobriram o reino por todo o inverno se abriram, e o céu curioso olhou para baixo a fim de ver os eventos mágicos que ocupavam a cidade tão distante

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

     Na noite do primeiro Baile das Noivas do príncipe, as nuvens cinza pesadas que cobriram o reino por todo o inverno se abriram, e o céu curioso olhou para baixo a fim de ver os eventos mágicos que ocupavam a cidade tão distante. As estrelas cintilavam como diamantes em um vestido azul meia-noite, e o vento cortante diminuiu, como se a própria natureza não quisesse estragar os penteados feitos com cuidado depois de horas de preparação.
     A atmosfera frenética que havia tomado a cidade nas duas semanas anteriores finalmente tinha relaxado e se transformado em excitação e alegria. Todas as provas de vestido estavam terminadas; todas as carruagens, reservadas. O momento pelo qual todas as mulheres daquelas terras esperavam tinha finalmente chegado. Naquela noite, elas iam dançar com o príncipe, e, ao final do baile seguinte, uma felizarda voltaria para casa noiva. Apesar de todas as meninas dizerem em alto e bom som que era óbvio que ele não as escolheria, no fundo do coração de todas elas havia muita esperança de serem a eleita.
     Toda a fome que passou funcionou, e o vestido carmesim vestiu perfeitamente em Rose. A Rosa Vermelha, foi como a madrasta a chamara, com um sorriso orgulhoso pelo resultado de todo o seu trabalho duro. Cinderela não disse nada, mas tinha de admitir que Rose estava bem bonita. Se não bela, pelo menos intrigante e elegante. A madrasta usava um vestido de acompanhante marrom como era o costume, mas era do mais fino tafetá e de um tom que
combinava com ela. Cinderela as observava da entrada da sala de estar enquanto as duas aguardavam na porta da frente para sair, e ela nunca antes tinha se sentido tanto como a
filha de um guarda-livros pobre.
     O pai, parado no alto das escadas, percebeu seu olhar e sorriu para ela, que o ignorou, e passou por todos eles de cabeça baixa e desceu direto para a cozinha. O pai iria dizer que ela estava de mau humor, e ela estava mesmo, mas ele nunca ia entender. Como poderia? Desde que tinham fechado o jornal, suas ambições se limitavam a escrever seu romance idiota ou histórias ou o que quer que ele fizesse o dia todo trancado no escritório no sótão. Como ele conseguiria entender a injustiça do que ela sentia? Enfim, o que ela esperava? Ele já disse que teria deixado a pobre da mãe dela de qualquer jeito por aquela madrasta do mal e idiota se ela não tivesse morrido. Ele era tão horrível e egoísta quanto todo o resto. Ele devia ter ficado contra, como ela, e desaprovado aquela gastança só para que Rose fosse a um baile que não ia dar em nada e ainda deixaria todos endividados.
     Ela abriu a porta dos fundos e saiu pelos degraus que levavam do porão até o nível da calçada. O ar estava de um frio cortante, mas, sem o vento forte, a noite estava comparativamente suave. Sentou-se nas pedras frias e úmidas e ficou olhando enquanto a bela carruagem de Ivy chegava para buscar Rose e a madrasta. Elas saíram rindo, com as
mãos aquecidas em estolas de pele que combinavam com as mantas elegantes sobre os ombros, e entraram a bordo.
     Cinderela ficou ali nos degraus um bom tempo depois que a carruagem já as havia levado para o castelo, com o olhar fixo no céu noturno e segurando as lágrimas. Sua vida ia ser tão ruim assim para sempre? Só trabalho, só ficar na sombra de Rose e de Ivy? A irmã de criação pobre? A plebeia? Talvez fosse como tinha de ser, mas ela só queria uma noite. Uma noite apenas em que se sentisse especial. Lá no alto, uma estrela cadente cruzou o céu escuro. Ela fechou os olhos bem apertados. Só um baile, desejou ela. Ela queria poder ir ao castelo pelo menos uma vez.

FEITIÇO - Toda beleza é magia | Saga Encantadas - Livro 2 | Sarah Pinborough |Onde histórias criam vida. Descubra agora