Capítulo 5 - Ajude-me...

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     Durante os dois dias depois do último Baile da Noiva Real, uma tempestade de nuvens negras desabou sobre a cidade

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     Durante os dois dias depois do último Baile da Noiva Real, uma tempestade de nuvens negras desabou sobre a cidade. Um vento forte soprava do alto das montanhas com
tanta força que diziam ser o fogo fantasmagórico do hálito dos dragões mortos, há tanto tempo gelados em seus túmulos. Ele soprava a neve que cobria as árvores da floresta sobre as ruas da cidade. Raios e trovões disputavam uma guerra nas nuvens, tão baixos que os corajosos o bastante para se arriscar a sair diziam que se esticassem um braço para cima podiam tocá-los. O céu era um mar revolto, e tudo o que as pessoas podiam fazer era se encolher em torno do fogo fraco de suas casas e esperar que aquilo passasse.
     A fúria da tempestade lá fora, porém, em nada se comparava à atmosfera sombria que tomou conta da casa de Cinderela. Ivy, que como todas as outras pessoas na cidade soubera da estranha mudança no rumo dos acontecimentos no segundo baile, enfrentou o clima para visitar a irmã e a mãe. Ela não ficou muito tempo. Cinderela se escondeu enquanto a madrasta brigava com Ivy por não tê-las ajudado mais, e depois começou uma agressão amarga contra o físico patético de seu marido nobre. Ivy lhe deu um tapa e foi embora. A
casa caiu em silêncio por um bom tempo depois disso. As garotas ficaram nos quartos para evitar algum golpe perdido da língua ferina de Esme.
     O pior sobrou para Rose. O tempo todo, sua pele pálida estava inchada de chorar e, em toda refeição, Cinderela e o pai ouviam as reclamações e acusações e compartilhavam com ela a dor que causavam. Esme também estava bebendo. Era como se algo nela tivesse se rompido. Por fim, depois de mais uma descompostura em Rose por ser uma inútil e destruir todos os sonhos de sua mãe de voltar à vida que chegara tão perto de reconquistar, o pai de Cinderela deu um tapa forte na mesa e se levantou.

     — Se esta vida é tão ruim assim, Esme, por que você a escolheu? Na época não era o amor que importava? Você não me ama agora?
  
     Cinderela e Rose se encolheram na cadeira. Seus pais não discutiam. Eles não pareciam ter muito em comum, mas nunca brigavam.

     — Não seja tão ridículo. — Esme derramou um pouco de vinho do copo ao olhar para cima. — Isso não tem nada a ver com amor. Isso tem a ver com vida! Desde que Ivy se casou com aquele visconde idiota...

     — Ele não é um idiota. Se você parasse para conversar com ele...

     — Ele é um idiota. Ele nem vai à corte. Quando voltei ao castelo e me lembrei de como era minha vida...

     — Você odiava! Dizia que era vazia. Você fugiu dela, Esme, não lembra? Você se casou com um homem que odiava por causa daquela vida? Você dormiu com aquele velho safado por cinco longos anos, e odiou cada uma daquelas noites. Foi isso o que aquela vida deu a você!

     As duas jovens foram esquecidas em meio ao calor da discussão, mas Cinderela desejou poder deslizar para o chão e sair rastejando dali. Ainda pior era a ideia de que aquilo tudo
era culpa dela. Cinderela ainda se aferrava à alegria que sentira no castelo, mas esteve tão concentrada em conseguir o que desejava que não pensou no que podia provocar.

FEITIÇO - Toda beleza é magia | Saga Encantadas - Livro 2 | Sarah Pinborough |Onde histórias criam vida. Descubra agora