Capítulo 4

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Gabriel Duarte

Eu soube que algo estava errado comigo, quando a música começou a tocar, os olhares de todos estavam pregados em minha mãe, meus olhos não conseguiam olhar para qualquer outra pessoa que não Rosa. Vi minha mãe rapidamente, ela estava linda como sempre, usando um vestido branco pérola discreto e elegante.

Meu olhar voltou-se para Rosa, com seus cabelos cor de fogo e suas sardas pelo rosto, seu sorriso triste e seus olhos sombrios. A música tocando para a entrada de minha mãe não poderia combinar mais com a história de meus pais.

Eu sei que vou te amar;

por toda a minha vida eu vou te amar.

Em cada despedida eu vou te amar, desesperadamente.

Eu sei que vou te amar e cada verso meu será,

pra te dizer, que eu sei que vou te amar por toda a minha vida.

Eu sei que vou chorar, a cada ausência tua eu vou chorar, mas cada volta tua á de apagar,

o que essa ausência tua me causou.

Uma lágrima solitária escapou do olho esquerdo de Rosa, ela percorreu seu rosto, lentamente, pesada, e então caiu sobre a toalha branca da mesa, deixando ali sua marca. Por instinto segurei em sua mão, ela se assustou e me encarou surpresa.

— Você está bem? — Perguntei, recebendo um sorriso como resposta e mais uma lágrima escorreu, desta vez pelo lado direito.

— Só estou emocionada, eles parecem se amar tanto. — Ela apontou para os meus pais que trocavam votos, meu pai segurava as mãos da minha mãe e havia aquela adoração no olhar, aquela gratidão e o mais sublime amor.

— Eles são a prova viva de que almas gêmeas existem. — Falei. — E que às vezes segundas chances valem a pena.

— Sim. — Rosa fungou. — Você deve me achar uma boba não é mesmo? Mas não é sempre que vejo uma cena tão bonita diante de mim.

— Não acho que você seja boba, você é sensível, se comove com coisas belas.

— Obrigada Gabriel.

— Só estou sendo honesto. — Dei de ombros, tentando tirar a profundidade daquele momento.

— Não estou agradecendo por seu comentário, mas sim por ter me escolhido, por me permitir presenciar tudo isso, é algo que guardarei para sempre. — Engoli em seco e desviei meu olhar do dela, vi que minha avó estava me observando, ela sorriu e fez sinal positivo, em seu olhar estava um brilho que eu não via a muito tempo e me senti mal por isso.


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Após a cerimônia todos se reuniram em volta da mesa para comer os mais deliciosos petiscos do interior, eu me separei de Rosa por alguns minutos quando ela foi chamada por minha mãe para lhe ajudar a trocar de roupas, me perguntei que tipo de conversa elas estariam tendo.

— Ei, ninguém irá rouba-la de você. — Gustavo meu irmão me cutucou.

— O quê? — O encarei sem entender.

— Ora, desde que ela entrou dentro de casa com a mamãe, você fica olhando naquela direção, está tão apaixonado assim por ela?

— Só estou preocupado, com o que elas podem estar conversando. — Dei de ombros.

Cicatrizes do passado - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora