Shine and Darkness

Quem brinca com fogo...

O barulho que o navio fazia já era possível ouvir no porto, Thorn chegou cedo no porto e comprou a passagem de embarque, já que Macha havia lhe dito que em três dias ele tinha que ir até a cidade do continente, já que ele vivia numa grande ilha no oceano Atlântico, ela é afastada do mundo, mas não significa que ela é uma cidade rural. A ilha Saint Tristan é composta por uma cidade só, mas seu território é extremamente longo é muito bem desenvolvida tecnologicamente e economicamente.

-O senhor vai viajar? - Um senhor de meia idade questiona Thorn.

-Sim, preciso me deslocar para o continente. - Thorn se sentiu incomodado, então respondeu de forma seca e rápida.

-Vejo, vejo! - O senhor exclamou com um sorriso no rosto - Mas não era mais rápido ir de avião? De barco você levará dias.

-Eu não gosto dessas geringonças que voam e eu tenho tempo, dez dias de viagem não serão problema. - Se acham que eu vou fazer como eles querem, estão muito enganados, querem que eu chegue no destino em três dias, eu irei levar treze, pensou ele.

-Que pena, a sua viagem será cancelada. - Um brilho relampejou pelos olhos do velho.

-O que? - Thorn deu um salto para trás, mas isso não impediu que o velho continuasse.

-Thorn, não temos tempo para suas birras, estou te transportando para o continente, encontre a Macha o quanto antes. - A voz do velho tinha um pequeno tom de gentileza e ao mesmo tempo era extremamente autoritária.

Uma forte luz fez com que Thorn cobrisse seus olhos e se encolhesse, o velho que estava ali brilhava fortemente parecia como se o sol tivesse descido à terra. Com o balançar de uma mão ele rasgou o espaço e uma fenda apareceu. Thorn foi segurado pelo colarinho e jogado dentro da fenda.

-Faça uma boa viagem. - A voz do velho se tornou potente ao ponto que fez o corpo de Thorn estremecer.

-Vá para o inferno. - Thorn retrucou de volta enquanto atravessava o espaço dimensional da fenda a uma velocidade inimaginável.

Alguns segundos já haviam passado desde que Thorn entrou nessa fenda, ele estava lutando para não perder o controle de sua mente, mas a pressão era tão forte que mesmo com toda a sua força de vontade ele não conseguiu permanecer consciente, sua mente escureceu e ele apagou.

Ainda no porto o velho estava parado olhando para o mar, seu rosto estava coberto de rugas, seus olhos tinham uma cor dourada, mas um ar melancólico podia ser visto no fundo deles.

-Desculpa lhe sacrificar velho amigo, mas precisamos que alguém a salve, e talvez isso te ajude a recuperar sua antiga glória. - O velho desapareceu como pó, sequer um fio de cabelo foi deixado ali.

Thorn ficou nadando na fenda dimensional por um tempo até ela se abrir novamente e o ejetar para fora, ele caiu de cara na frente de uma fonte da água, todas as pessoas que passavam pararam para olhar o que estava acontecendo, mas era somente alguém que havia caído na frente da fonte, ninguém iria prestar muita atenção, é comum que artistas que cultivam o caminho do Dao marcial, possuam artefatos que possibilitem o salto espacial ou como nas lendas os seres que se aproximaram dos deuses eram capazes de abrir fendas e viajar através do mundo em piscar de olhos.

-Ai, ai, ai. - Thorn resmungou enquanto esfregava a mão em seu nariz que estava vermelho devido ao impacto. - Era só o que me faltava mesmo, ser jogado em uma fenda dimensional e vir parar direto no continente.

As pessoas pararam de prestar atenção nele, já que não era nada de mais, eles continuaram seguindo suas vidas, como se nada mudasse, como formigas que trabalham o verão inteiro para se proteger no inverno, ignoram o restante do mundo e só enxergam um pequeno objetivo. Em um banco no fundo dessa praça tinha uma pequena garota, na flor da idade, algo próximo de quinze a dezoito anos, seus olhos estavam fixos em Thorn. Seu sorvete de casquinha estava derretendo e escorrendo pela pequena mão límpida dela, era de uma brancura inimaginável, seus olhos esverdeados davam a sensação de imponência. Ela estava estupefata, nunca tinha visto alguém aparecer do nada, era como se o homem fosse invisível e resolvesse se mostrar para o mundo do nada.