Pequenas gotas da poção de traição

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Thorn caminhava por uma rua estreita e deserta e uma pequena garota seguia com ele. A rua mal iluminada deixava os dois com um ar sombrio os cobrindo, Prim usava um blusão canguru cinza, ela estava com capuz e seu cabelo castanho claro caia para fora dele, seus olhos esverdeados brilhavam quando as luzes dos postes pegavam sobre eles, era igual o brilho de uma joia, sem emoção alguma, ela sequer tinha uma estatura média, era magra então seu blusão quase chegava a seus joelhos e usava um corsário preto, era uma visão interessante ver os dois caminhando por aquelas ruas.

-Ei, qual é seu nome? – Prim perguntou, ela não sabia como se referir a ele.

-Pode me chamar do que você quiser. – Thorn era indiferente a como ela pretendia chama-lo. – Meu nome não pode ser dito a qualquer pessoa. – A expressão de Thorn era de solidão. – Coisas ruins acontecem quando eu conto o meu verdadeiro nome. – Thorn não queria tocar nesse assunto.

-Eu preciso de um nome para você. – Prim estava pensativa. – Não posso ficar me referindo a você como um objeto. – Ela se sentia um pouco confusa, ela nunca tinha encontrado alguém tão misterioso.

-Já falei eu não me importo de como você me chame. – Thorn falou em um tom frio, mas era como se Prim tivesse sentido que ele tinha um grande ressentimento por não ter um nome ou por não poderem pronunciar seu verdadeiro nome.

-Vou te chamar então de Breast! – Prim abriu um sorriso enorme quando decidiu o nome de Thorn. – Breast de Breastplate! – Ela pulava ao arredor de Thorn.

Thorn olhou para ela com uma expressão de descontentamento com tal nome, ele podia não querer dar um nome a ela, mas o nome que ela escolheu parecia o nome que você escolhe para um cachorro da raça São Bernardo, ele simplesmente bufou e continuou em frente.

-Não gostou do nome? – Prim estava um pouco triste com a reação de Thorn. – Eu achei que super combina.

-Claro, eu sou um pedaço de armadura. – Thorn estava realmente irritado com o nome.

-Sim! – Prim exclamou toda contente. – O peitoral da armadura protege os principais órgãos, principalmente o coração. – Seu rosto carregava um ar de superioridade enquanto explicava. – Além de tudo você é frio e distante, mas essa é sua armadura que evita que você sofra. – Prim estava com um sorriso de orelha a orelha. – Viu como combina esse nome? – Ela terminou a frase e caminhou saltitante na frente de Thorn.

Thorn balançou a cabeça, ele não queria ficar discutindo sobre isso. Prim seria dispensável após ele encontrar com o cara que comandava Prim. Após isso ele iria sumir como sempre. O nome que Prim não agradava pelo fato de parecer que era o nome de um animalzinho, mas Thorn estava se preocupando demais com algo que não iria fazer diferença, no fundo do seu ser ele sabia que ele não queria ficar sozinho.

-Ei, Breast, não vá tão rápido, me espere. – Prim havia ficado para trás enquanto Thorn caminhava com sua cabeça que parecia um turbilhão.

Prim teve que correr para alcançar Thorn que já estava bem a frente e sequer se deu o trabalho de parar para esperá-la. Prim reclamava do jeito frio de Thorn e ele fingia não ouvir o que ela dizia. Depois de um tempo as residências começaram a diminuir e foram substituídas por pavilhões e armazéns que começaram a preencher o lugar.

-Quanto mais nós vamos ter que caminhar? – Thorn já estava ficando sem paciência.

-Estamos quase chegando. – Prim estava nervosa. – É distante pois as atividades ilegais que lá são realizadas chamariam a atenção, então ele escolheu um lugar bastante sigiloso, quase ninguém vai até lá. – Prim engoliu a seco e pequenas gotas de suor escorriam por sua testa.

Shine and DarknessOnde histórias criam vida. Descubra agora