Shine and Darkness

A lua iluminou seu coração

-Estava me esperando? - Uma voz soou no telhado do hotel. - Eu irei ficar mais um mês aqui. - Thorn falou enquanto se aproximava da grade que cercava a laje do hotel.

-Eu sei. - Macha falou sem sequer olhar em seus olhos, ela estava deslumbrante, uma camiseta longa chegava até a metade de suas pernas que estavam descobertas e o vento grudava a camiseta em seu corpo. - Eu tenho estado lhe observado Thorn. - Macha se virou em direção a Thorn enquanto o vento levava seu cabelo para longe.

-Eu sempre soube. - Thorn a olhou, não continha malicia em seu olhar, somente uma pequena tristeza e reflexão. - Você sempre esteve observando minhas ações e por assim dizer as vezes facilitando meu caminho. - Thorn olhou para o horizonte e as luzes da cidade piscavam enquanto a lua clareava parcialmente a cidade e muitas estrelas apareciam no céu.

-Você tem um ponto. - Ela sorriu e ajeitava o cabelo atrás da orelha, suas mãos compridas e delgadas eram charmosas ainda mais com uma pintura nas unhas de cor azul vibrante. - Mas eu não sou a única que esteve facilitando as coisas para você.

-O que você quer dizer? - Thorn já estava debruçado sobre a cerca.

-Que a outros que simpatizam com a sua causa. - Macha não deu muitos detalhes sobre isso e mudou de assunto. - Eu vim para te dar um recado hoje. Os deuses estão chegando em um acordo sobre a sua situação e eles querem vê-lo em no máximo dois dias.

-Já imaginava isso... - Thorn apertou os punhos contendo sua raiva. - Você não aparece a não ser que queira algo.

-Não diga isso. - Macha colocou a mão sobre o braço de Thorn. - Eu não posso te ver toda hora. - Ela apertou o braço dele e um pequeno soluço foi segurado em sua garganta antes de ela continuar. - Eu acabaria sendo castigada também.

-Claro, você tem medo de perder seus poderes. - Ele disse rispidamente para ela, seus dentes rangiam em desconforto.

-Não é isso Thorn. - Lágrimas escorreram dos olhos dela e foi impossível segurar o soluço. - Eu penso em você, sempre... - Seu coração parecia que ia saltar da boca. - Aquela vez no deserto, se lembra? - Macha falou enquanto passava a mão em seu nariz. - Quando o calor escaldante se tornou tão forte que você achou que iria morrer, mas você sobreviveu, pois, o calor diminui devido a uma chuva repentina?

-Como eu iria esquecer isso? - Thorn já havia virado seu rosto para o lado oposto do de Macha, ele não suportava olhar para o rosto dela agora. - Eu não tinha o que comer, o que beber e fui abandonado pela caravana pois não tinha forças sequer para caminhar. - Sangue começou a escorrer da mão de Thorn.

-Fui eu que trouxe a chuva. - Macha falou com seus olhos vermelhos do choro. - Eu sempre estive do seu lado, voce mesmo disse que sabia. - Com as mangas do casaco que ela usava ela limpou as lágrimas. - Não diga que você realmente acha que eu não me importo com você.

Thorn ficou quieto por alguns segundos enquanto contemplava a noite e o sangue escorria por entre seus dedos cerrados em seu punho. A mão de Macha apertava seu braço com tal intensidade que era impossível ele dizer que ela não estava sendo totalmente sincera com ele. Mas ele foi traído e abandonado, naquela época ele era incapaz de se opor a um rato do deserto, quem dirá aguentar a dor agoniante de sentir a garganta seca e a barriga vazia. Ele havia emagrecido muitos quilos quando saiu do deserto e foi em direção a ásia. Ele só estava descontando sua raiva em Macha, como ele estava sendo tolo, magoando uma mulher que daria sua vida por ele. Ele sentia um gosto amargo em sua boca, aquilo era gosto de arrependimento.

Ele levou sua mão até a mão que apertava o seu braço e a repousou em cima, a mão se tornou menos apertada devido a ação repentina dele. Quando ele sentiu o aperto diminuir ele enfiou a mão por baixo da dela e a pegou assim cruzando suas mãos de uma forma única. O calor que transmitia da mão dele para a de Macha, a deixava feliz, era uma sensação gostosa e prazerosa e Thorn se sentia feliz por a ter do seu lado. Sem soltar a mão dela, ele se virou e a encarou.