9 - Caitriona

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_Eu pensei que ia ter que dormir em algum papelão, hoje. _ ri e Sam
tirou a jaqueta.
Eu também deixei o casaco molhado na área de serviço, próximo à máquina de lavar roupa. Descalcei o sapato de bico fino.
_Meus pés estão destruídos. - fiz uma careta de dor e depois senti
uma sensação de alívio ao tocar o chão frio com toda a sola do pé, sem a inclinação do salto.
_Vou pegar uma roupa seca para você. Tem uma coisa que aposto
que vai gostar.
_O quê?- segui-o.
Fomos até seu quarto e ele abriu o guarda-roupa.
_Pode escolher uma camisa e um short. _ disse-me e entrou no
banheiro da suíte.
Eu fiquei parada, sem saber o que fazer. Aquilo não era real! Por
que o destino me trazia tantas vezes a ele? Mal se passara algumas horas e eu estava de volta à sua casa.
_Eu sei que não faz o seu tipo, mas também não é tão difícil assim. -
Sam riu e se inclinou para pegar uma camiseta branca e um short verde,
desses de jogador de futebol. Estava sem camisa e pude ver suas costas nuas.
_ Ou prefere uma calça? Tem essa aqui, é mais quente. _ trocou pelo short na minha mão e me ofereceu.
_ Obrigada. _ aceitei e ele ficou me olhando.
_Ah! O que eu queria te mostrar. _ Sam chamou-me até o banheiro.
_ Tenho certeza que dessa água você não vai querer fugir. _ mostrou a banheira cheia.

Eu fiquei séria. Olhei para a água da superfície e pude imaginar a
profundidade. Meu coração disparou e eu senti as lembranças horríveis começarem a vir à tona.
_Está bem quente... _ ele passou os dedos no espelho d'água e
sorriu para mim.
O vento bateu a porta do banheiro, assustando-me.

Senti como se minha cabeça estivesse sendo enfiada na banheira até o fundo outra vez. A mão estrangulando o meu pescoço e empurrando meu rosto para baixo. O ar faltando nos pulmões e as bolhas saindo pelo meu
nariz no fundo da banheira.
Deixei as roupas caírem das minhas mãos, eu precisava respirar.
Abri a porta do banheiro com as mãos trêmulas, corri pelo corredor, desci a escada com o coração acelerado, atravessei a sala às pressas. Puxei a porta da varanda para o lado e, finalmente, consegui inspirar o ar gelado e úmido.

Levei as duas mãos ao rosto e afastei meu cabelo para trás.
Encostei-me à parede e senti que não ia agüentar. Meu queixo começou a tremer como a terra estremece anunciando o terremoto. Limpei as primeiras lágrimas ao ouvir a voz de Sam, chamando meu nome.
_Cait? O Que houve? - perguntou e eu me afastei para o lado,
escorregando na parede.
_Nada... - fiquei de costas e caminhei mais adiante. Cruzei os braços.
_Hei. - senti sua mão no meu braço e ele me virou para si, fazendo-me dar dois passos à frente.
Mordi os lábios e fiquei com os olhos cravados no chão.
_Alguma chance de você esquecer o que viu? _ usei a sua mesma
frase de hoje de manhã.
_Como quiser... _ ele me fez descruzar os braços e me puxou.
Abracei-o e encostei meu rosto no seu ombro.
_ ...Não quer me contar o que houve?
_Eu tenho hidrofobia. Uma pessoa tentou me afogar uma vez...
_Quem?

Eu não falava disso Ah muito tempo, ninguém sabia disso, na época não tive coragem de denúncia o ocorrido. Fiquei em silêncio por alguns minutos e senti-o me abraçar mais forte.

_Se não quiser me contar....

_Foi mei ex. _Saiu. _Parece que estou sentindo minha cabeça
enfiada à força na água e não consigo respirar, é tão horrível.
_Não acredito... _ ele balançou a cabeça para os lados horrorizado.
Respirei fundo. Fazia tempo que eu tentava lidar com aquilo.
_É... mas passou. _ disse-lhe, não queria estragar a noite com as
lembranças.
_Claro. _ engoliu em seco. _ Olha, pode tomar banho, então, no
banheiro do corredor.
_Obrigada. _ agradeci, envergonhada.
Enquanto a água caía pelo meu corpo, repassei mentalmente tudo o que tinha acontecido naquela tarde, depois de sair da casa de Sam. Como eu estava no meio do engarrafamento, pude fazer a cobertura exclusiva da inundação no túnel. Consegui passar
todos os dados para a redação e salvar o meu dia. Estava realizada, só faltava uma maneira de voltar para casa como aquelas pessoas. Agora eu tinha o mesmo problema que elas. Até que o telefone tocou e eu atendi, olhando para o caos à minha volta. Era Sam.
Agora estava ali, vestida com a roupa dele. Caminhei pelo corredor e o encontrei olhando a chuva, encostado na porta da varanda. Estava com um fino casaco de mangas compridas cinza e uma calça jeans. Ele sentiu minha presença e virou-se.
_Com fome? - perguntou.
_Muita. - sorri.

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Nota : Então meninas, Sorry pela demora da atualização, meu tempo tá corrido, então, oficialmente só terá atualização aos fins de semana, amanhã estarei postando mais 2 Capítulos, espero que gostem 😘❤

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