" - O que é amor verdadeiro, mãe?
- E quando, mesmo enxergando a verdade e os defeitos de alguém, você não os repele, mas os aceita".
Estava quase amanhecendo, e o mais impiedoso dos Monteir sequer havia pregado os olhos. Diante da realidade de sua filha, única herdeira de todas as suas posses, estar "morta", sua cabeça estava um caos, oscilando entre a esperança e o que via.
- Não, Tales, mesmo que tivesse escapado, não seria mais digna do meu nome. É melhor que esteja morta.
Com esse pensamento de puro desprezo, Tales ignorou a possibilidade de a filha estar viva e o que dizia seu poder de vidência por uns bons anos.
O sobrenome Monteir entrou em declínio, Agnetha não saía mais de casa, e Tales se tornou cada vez mais fechado, amando mais o próprio escuro. Mesmo quando saía de carruagem, as cortinas sempre estavam fechadas para a luz e qualquer traço do mundo lá fora, o que o impossibilitou de ver muita coisa, até mesmo Klaus, por um longo tempo.
De volta à casa de Geremia Saint, o belo Storm levantou-se bem quando o médico se dirigia para ver Klaus.
- Bom dia, senhor - disse Geremia.
- Bom dia - Pietro o acompanhou e ficou ao lado de Klaus durante o exame.
- Parece que ele vai ficar bem, o coração se estabilizou, não há mais traços do feitiço - ele pegou uma poção âmbar e colocou uma gota sobre o coração.
- E agora? - Ele perguntou, curioso. O homem sorriu.
- Assim que ele acordar, posso continuar.
- Agradecido, doutor.
- Pode descansar agora, senhor Storm, senão logo é o senhor que estará aqui - Pietro sorriu seco.
- É claro.
Mas Pietro não descansou, continuou sua busca por Laura.
" Onde você está?"
Mas agora não a encontraria.
" Será que a alcateia mudou?".
Mais tarde, ao voltar para ver Klaus, algo nos olhos de Pietro mudou ao presenciar a cena.
Ao lado do garoto desacordado, várias poções estavam, e Geremia as misturava.
- Uau, ele falou sem pensar.
- Muito legal - Ele parou o que estava fazendo - estou preparando uma poção para ajudar a magia dele a se mover melhor, não é certeza, mas acho que pode ajudar.
- Parece um pouco complicado.
- Nem tanto, meu caro, é apenas uma questão de prática; você mesmo poderia aprender.
- Acho que não.
- Como não? Você não sabe como é boa a sensação de salvar vidas.
- Mas é que eu estou saindo da cidade - falou, lembrando-se do único lugar para onde podia ir no momento, onde não tinha pais nem o sobrenome Storm o impedindo de ser quem era - estou indo para Era dos Presságios.
Geremia sorriu.
- Isso é outro problema que podemos resolver. Também estou indo para lá - Pietro arregalou os olhos - minha família está passando uma temporada por lá. Mas é claro, se você quiser, pode ir também.
- Isso seria maravilhoso - falou o belo Storm. Seria ótimo começar algo que não tivesse nada a ver com os pais".
Sem contar que estava realmente amando a parte de fazer mais pelos outros do que por si.
Tudo estava excepcionalmente quieto na mansão Storm; Felipe estava mais trancafiado em seu próprio mundo, depois de ouvir a discussão do pai e do irmão, mas ainda mais pelo péssimo humor do pai e a falta de Pietro.
Era noite, e nenhuma única palavra havia sido dita desde a fatídica hora que envolvesse tal assunto.
Ainda não havia terminado de servir o jantar, e Magnus se trancou no quarto, esmurrando e jogando tudo que via no chão, em uma raiva que não podia mais ser contida.
- Droga, você me prometeu riquezas, seu espectro idiota, e agora tudo que tenho é um filho traidor e despesas além da conta - ele se sentou na cama, desolado - o que eu faço?
Nesse exato momento, um plano se passou pela mente de Magnus Storm.
- Claro! Felipe, é hora de você pagar por todos esses anos que eu cuidei de você.
Nos anos seguintes, Magnus dedicou todo seu tempo a ensinar magia a Felipe e a despejar sua ira sobre Pietro, de um modo que um garotinho inocente jamais seria o mesmo.
Mas a vida era assim: enquanto alguns descobrem o fundo do poço, outros já enxergam a luz.
- Acho que o espectro pode, sim, ter razão sobre nós - Ravena falou tímida logo após o beijo.
- O compreendo também, nunca gostei tanto de um beijo, me faz querer outro, e mais outro - Altair parou - mas antes.
- O quê? - Ravena perguntou, sem entender o que ele faria.
- Acho que chega de espectros pelo resto das nossas vidas - Altair pegou a pequena pedra negra e foi até a porta, onde a jogou o mais longe que conseguiu - eles definitivamente são muito irritantes.
- Concordo.
O tempo passou, e o casal ficou cada vez mais unido, vivendo da terra, com uns poucos suprimentos de um celeiro encantado, e o melhor de tudo, sem ninguém para perturbar.
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🖤 Joia Negra 🖤
FantasyPor anos Dorion Dark foi temido, senhor da guerra que durou dois séculos, e com ele o caos reinava solto. Mas no momento, sua fama passou a ser história de terror para criancinhas. Uri não acredita que ele existiu, embora sempre tenha estado lá, com...
