5 dias depois...
— O que está fazendo aqui?! — a senhora Johnson pergunta furiosamente ao abrir a porta de sua casa.
É mesmo. O que eu vim fazer aqui?
— Eu... — como previsto, ela não vai deixar eu falar nada.
— Como ainda ousa vir em nossa casa depois do que fez com a minha menina?
— Mas eu não...
— Sinceramente senhor Piece, eu acreditei em você. — fala decepcionada. — O que você falou naquele dia, foi maravilhoso! Mas infelizmente, era tudo mentira!
— Não senhora. Não era men...
— Emillia só come a tarde quando não estamos em casa, nem almoça, tampouco janta, e está lá no quarto dizendo que só vai sair quando Jesus voltar! — eu não imaginei que isso tudo tinha afetado tanto a Emillia. Pensei que ela quis fazer isso, porque não me amava mais e queria se livrar de mim. Eu queria dizer a ela que eu estava mudando, de verdade. Que eu não queria ser mais aquela pessoa implicante e explosiva como eu era.
Nesses cincos dias, eu acreditava que havia mudado. Um pouco, mas havia.
— Senhora...
— Você está vendo o que fez com ela? Minha princesa devia estar super feliz agora, com a notícia de ir para o Canadá e sobre o casamento, mas você acabou com qualquer alegria que ela podia sentir! — de repente eu sinto culpa. Pelo jeito que a senhora Johnson fala, eu me sinto culpado. É claro que tenho uma boa parcela nessa história, sim. Mas não é toda.
— Senhora, deixe-me explicar agora! — falo rápido para não ter que ser interrompido.
— Você não tem mais o direito de falar aqui nesta casa! — exclama assustadoramente.
— O que está acontecendo aqui? — o senhor Johnson aparece na porta.
— Esse garoto ainda tem a ousadia de pisar na calçada da nossa casa, depois do fez com Emillia!
— A senhora não deixa eu comentar nada!
— Marilyn, por favor, deixe o rapaz falar.
Pelo menos um sensato na casa.
— Mas Elke! Ele não tem nada para comentar aqui!
— Emillia não quis dizer nada. Vamos saber por ele, então. — senhor Johnson estava tão calmo que assustava. A relutante senhora Johnson assente obedecendo o marido.
Os dois encaram-me e eu baixo o olhar, logo após fito-os. Pigarreio de leve e falo:
— Sim, eu tenho a maior culpa nisso tudo. Eu era impulsivo, arrogante, impaciente e orgulhoso. Emillia detestava isso, e quem não detesta? Eu odeio! Quis mudar isso faz muito tempo mas eu não conseguia. Eu sei que eu não estava fazendo por onde ser diferente, mas eu queria. Só que... Nunca havia passado pela minha cabeça dura que... Eu poderia perder a minha amada, meus amigos e principalmente, Deus. Agora eu sei, eu mudei, se vocês conseguem enxergar isso. Se eu fosse o mesmo Jordan de cinco dias atrás, quando viesse aqui e a senhora Johnson falasse com essa fúria para mim, com certeza eu tinha feito algo que eu não queria fazer... Mas eu mudei. Até meu semblante, na minha opinião, é outro. E minhas veias não fervem mais, quando eu estou em uma confusão mesmo que seja a mais tosca possível. Bom, e foi por esse motivo que Emillia cancelou nosso casamento... — baixo o olhar novamente e eles permanecem em silêncio.
— Mas mesmo assim, você mentiu! Disse que iria cuidar e fazer ela feliz! — senhora Johnson exclama irritada. — Você mentiu para todos nós!
— Sim. — sussurro ainda cabisbaixo afirmando pesadamente, e uma lágrima solitária rola pelo meu rosto.
— Você a ama, Jordan? — senhor Johnson pergunta.
— Sim! — afirmo rapidamente.
— Mas já que ela não quer mais nada com você, é melhor respeitar. Se a ama, respeite-a, não foi assim que você disse?
— Mas... Ela cancelou tudo por causa daquele defeito que eu tinha. Eu mudei. Eu juro!
— Se ela não quer, você tem que entender.
— Mas...
— Olha garoto, sai da minha casa! Eu já expliquei. Mesmo se ela ainda te amar, nós não iremos mais aceitar você. Não quero que ela seja enganada outra vez! — fecha a porta na minha cara.
Respiro fundo e vou direto para casa sem reclamar.
Sofrimento?
Confere.
Força de Caráter?
Confere.
Esperança?
Confere.
Faltam três agora. E 600 horas para mudar completamente.
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720 Horas Para Mudar
Short StorySempre lutei para estar em comunhão com Deus, mas eu falhava. Minha carne é fraca e só ajo por impulso, tenho o problema da síndrome-de-não-pensar-duas-vez-antes-de-decidir-algo. Para tudo existe um limite, mas parece que o meu não tem. Fico pensand...