Capítulo 7

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-Não! Já disse que não posso!-digo a Megan enquanto treino meu chute em um saco de areia

-O comandante disse que quer te ver

-E eu disse que não quero vê-lo. Eu hein, não é tão complexo de se entender

-HAYLOCK, vai logo!-esbraveja e eu seguro o riso com sua feição irritada

-MEGAN, não!-brigo de volta

-Vou ter que trazê-lo aqui?

Eu a olho incrédula e a mesma dá de ombros.
Se você não vai até os costas-musculosas, costas-musculosas vem até você? Eu tenho certeza que o ditado não era bem assim...
Reviro os olhos e caminho de mal humor até a sala do comandante

Dou uma pequena batidinha. E com pequena, quero dizer que quase arrombo a porta.
Não posso ser julgada, estava irritada durante o dia todo e ainda estou! Ele interrompeu meu treino, minha hora sagrada, quando eu tenho que lidar com o rebaixamento do maldito cargo de major e aqueles otários me olhando torto. Mas que inferno! Aí tá vendo? Meu destino aparece de novo

-Do que precisa Hendeston?-indago adentrando sua sala e o vejo sentado em sua cadeira atrás da mesa lendo alguns papéis

-Quero promovê-la-diz sem tirar os olhos de seus documentos

-Estou indo embora -falo me virando para ir, mas Megan me joga na sala e fecha a porta- ou não -digo me virando de volta e me jogando em uma cadeira qualquer- você quer fazer isso porque está se sentindo culpado

-Não -dá de ombros enquanto pega mais papéis para analisar

-Então porque está arrependido. Não quero nada vindo de você assim, comandante-digo sarcástica

E eu não queria. Estava farta de ganhar coisas por pena. Eu conquistaria meus cargos ao invés de ganhá-los

Eu não sei muito bem o que houve, mas eu pisquei, e do nada o comandante estava com as mãos apoiadas no braço de minha cadeira, com um semblante sério e o rosto próximo ao meu

-Escute aqui, Haylock: se eu digo que te promovo, eu te promovo! Sou seu comandante e o que eu quero, eu faço. Está me ouvindo? Não faria nada se você não merecesse. Não estou colocando minha vida pessoal no meu julgamento, então ponha-se no seu lugar- esbraveja com olhos pesados e sérios e expressão mais fria do que o usual

-Sim senhor-respondo e o vejo recuar com um suspiro

É... ele estava irritado com algo e a julgar pelos documentos e pela cara de cansaço estava com problemas na estratégia de uma batalha...

-Só posso aumentar uma patente sua. Por isso agora você é cabo e não mais soldado.

-Aprecio sua promoção, comandante

-Pode ir agora-responde se sentando em sua cadeira novamente

-Como cabo eu não posso fazer nada pelo senhor. Mas... receio que hipoteticamente falando, estejamos com um problema de estratégia...-começo e o vejo me olhar sério e com tom repreendedor -eu disse hipoteticamente

-Hipoteticamente somos uma torre em um jogo de xadrez, e estamos na quina do tabuleiro. A nossa direita há uma dama e em nossa frente uma outra torre. Não há o que fazer

-Nesse caso, pode ser ousado, mas a torre captura a dama, já que a nossa torre não pode andar na diagonal e escapar-respondo e vejo-o me encarar curioso- há momentos que as jogadas arriscadas podem ser feitas, comandante. E há momentos que quando não pudermos fugir, e tivermos chance de cair, temos de levar o imigo junto

Guerreira escarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora